A pluralidade musical foi a grande protagonista celebrada pelo Mimo, maior festival gratuito de música instrumental do Brasil que aconteceu em Paraty neste fim de semana. Em um clima intimista, o evento aproximou atrações nacionais e internacionais a um público variado, mas extremamente envolvido.
Visitantes brasileiros, nativos e gringos não se importaram com a chuva que cismou em cair na noite de sábado. Ao som da zabumba, pandeiro e de flautas tocados por Carlos Malta e Pife Muderno, todos transformaram a Praça da Matriz de Paraty em um grande arrasta pé com direito a roda de ciranda. O show teve ainda uma animada participação de Jacob Collier, menino prodígio de 21 anos que foi a principal atração do festival no dia anterior.
Já o esperado show de Salif Keita, conhecido como “a voz de ouro da África”, demorou a engrenar – ele e toda a sua banda começaram a apresentação sentados. Mas, logo que o lendário músico malinês se pôs em pé, o público entrou em um transe coletivo. A recepção foi tão calorosa que Keita chegou a arriscar alguns pulinhos, além de acompanhar suas backing vocals em alguns passinhos de dança.
Uma tenda montada em formato de concha ao lado da Praça da Matriz e que intrigou a todos que passavam por ela desde o início do festival finalmente teve o seu motivo revelado no domingo: o espaço foi construído especialmente para o show da Orquestra Sinfônica da Cesgranrio, que se apresentou pela primeira vez fora da cidade do Rio de Janeiro. Sob a regência de Eder Paolozzi, a orquestra lotou o espaço em pleno meio-dia chuvoso. Com uma abordagem bastante didática, Paolozzi deixou a música clássica atraente para todos, até para crianças.
Jazz, pop, música africana, nordestina e erudita: tudo teve o seu espaço no Mimo, que deixou Paraty com a ideia de que, independentemente do seu estilo, a música deve ser acessível para todos. O festival segue ainda para Tiradentes e Ouro Preto em outubro e para o Rio de Janeiro e Olinda em novembro.