O Festival Richard Wagner de Bayreuth foi aberto na quinta-feira (25) com o filme Holandês Voador em formato ampliado, em homenagem ao aniversário do bicentenário do compositor.

Com a direção de cena de Jan Philipp Gloger e a regência de Christian Thielemann, a récita de abertura será transmitida ao vivo em cinemas alemães pela primeira vez.

A cenografia de Jan Philipp Gloger é uma reposição melhorada da estreia em 2012, mas segue sem conseguir a intensidade devida em Bayreth. Solistas e coro compensaram a moderação cênica, enquanto Thielemann foi o herói da abertura.

O Holandês Voador é na realidade o preâmbulo do acontecimento da temporada: a estreia da atração principal, esperada com grande suspense, da tetralogia O Anel do Nibelungo.

A estreia em Bayreuth do Anel de Nibelungo é a mais esperada deste ano, em que se lembra o bicentenário do nascimento de Wagner em 22 de maio de 1813.

O festival bávaro é um “quem é quem” da classe política e da farândola alemã, misturadas com wagnerianos chegados de todo mundo na cidade onde o compositor levantou seu teatro em 1872 e onde é possível escutar somente suas óperas.

A chanceler Angela Merkel chegou a Bayreuth com um sorriso estampado não somente por seu fanatismo por Wagner, mas também porque na cidade começam tradicionalmente suas férias.

Ao lado da líder alemã estava praticamente todo o Governo, misturando a caravana de carros oficiais com uma grande quantidade de líderes e famosos locais, aristocratas e alguns outros indivíduos extravagantes da casa.

Merkel está entre os devotos de Wagner desde antes de ser chanceler e comparece todas as temporadas ao lado do marido Joachim Sauer, que no ano passado foi apelidado de o “Fantasma da Ópera”, porque praticamente só aparece em público quando vai ao festival em Bayreuth, embora agora seja quase tão midiático como sua mulher.

O casamento de Merkel e Sauer é tão famoso como o do ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, que vive ao lado de Michael Krunz, o homem de negócios com quem compartilha sua vida desde 2004.

Entre os neófitos estava o presidente do país, Joachim Gauck, pastor protestante crescido na Alemanha comunista, como Merkel, ao lado de Daniela Schard, sua companheira há uma década.

No final, o estreante Gauck estava tão feliz como a especialista Merkel, como se o presidente fosse entrar em férias também.

As centenas de moradores de Bayreuth sobem até as Colinas Verdes para acompanhar e tirar fotos das autoridades do país e gritar para Merkel, assim como para as outras autoridades bávaras.

Além disso, os moradores explicam aos visitantes quem é o enfeitado senhor que há anos acompanha a chanceler. “Seu marido, muito bonito”, diz Gundula Messe, de 73 anos, a um japonês que tenta falar algo em alemão.

“No ano passado, o Doutor Sauer veio com um de seus filhos”, segue a senhora em questão, que esclarece ao japonês que Merkel não possui o sobrenome do atual marido, mas do primeiro, e que não tem filhos próprios, mas por outro lado Sauer sim, “dois”, aponta com os dedos.

“O público de Bayreuth não é conservador”, defendeu hoje Katharina Wagner, bisneta do compositor e co-diretora, junto com a irmã Eva Wagner-Pasquier, do festival.

A descendente do compositor confia que os wagnerianos, rotulados como tradicionalistas, “entenderão” o Anel de Castorf.

A nova produção é dirigida por Kirill Petrenko e conta com projeto cênico de Aleksandar Denic.

Trata-se do Anel número 14 que estreia em Bayreuth, desde a primeira edição do festival, em 1876. O mais marcante deles foi o apresentado em 1976 com Patrice Chereau e Pierre Boulez, com uma tetralogia que começou com vaias e acabou sendo adorado em Bayreuth.

Nenhum de seus sucessores – Peter Hall, Harry Kupfer, Alfred Kirchner, Jürgen Flimm e Trankred Dorsts– repetiu o êxito que Castorf tenta alcançar.


int(1)

Festival de Bayreuth estreia e homenageia bicentenário de Richard Wagner

Sair da versão mobile