Pitty e banda

A gente já adorava e achava a Pitty foda por ela ser o maior nome do rock nacional, pela atitude, pelas letras, pela música. Mas depois que ela começou a levar o feminismo para as massas, como no episódio em que mostrou que Anitta estava reproduzindo um discurso machista na TV Globo, e passou a mostrar seu lado “riot grrrl” no Twitter, ela foi alçada ao posto de Patty Smith brasileira.

Com essa moral, a roqueira baiana chega ao Lollapalooza para se apresentar domingo (29) no Palco Axe, às 17h30. Veja a ideia que nós trocamos com ela em que ela falou sobre o festival, feminismo e os artistas que inspiram sua carreira.

Tem algum outro show do Lollapalooza que pretende ver?

Pitty – Vários. Jack White, Pharrell, Robert Plant, Smashing Pumpkings, entre outros. Queria ver o Foster The People também, mas a gente vai tocar no mesmo horário.

Que ingredientes um bom show de festival precisa ter na sua opinião?

Estrutura no local, facilidade de transporte para chegar e sair, e bandas interessantes.

Você é um dos poucos nomes do rock brasileiro que se mantém há décadas no mainstream, atraindo público, influenciando fãs, vendendo discos, mesmo com a indústria fonográfica não sendo mais nem sombra do que foi no passado… A que atribui a crise do rock e o que fez para que ela não te alcançasse?

Acho que nunca me apeguei a regras nem demanda de mercado, sempre corri por fora e procurei fazer o meu. Então essas oscilações parecem não me atingir tanto, meu trabalho continua próspero porque a base que procurei é o diálogo com os fãs e o comprometimento com a arte, acima de qualquer coisa. Ou pelo menos eu gosto de pensar que é por isso (risos).

O Agridoce foi um respiro para sua carreira? Pensa em voltar a montar projetos mais intimistas/experimentais?

Foi uma escola maravilhosa, um desafio e uma descoberta. Me sinto mais rica como artista depois dessa experiência. Não tenho nenhum plano pragmático em relação a outros projetos, mas estou aberta à intuição e as oportunidades.

Na sua opinião, quais são os traços do feminismo mais marcantes na sua música e de que maneira te traz satisfação poder influenciar e conscientizar as meninas e mulheres sobre o assunto?

Sempre esteve presente, nas minhas letras e na forma de agir, a não-submissão e a libertação feminina. Isso foi ficando mais claro com o passar do tempo, até que um dia descobri que tudo aquilo que sentia, pensava e agia tinha um nome: feminismo. É natural, é a luta por igualdade; e da mesma forma que sinto isso em relação a nós mulheres, assim também o é com outros grupos que também são discriminados ou oprimidos.

No episódio em que você e Anitta divergiram no Altas Horas, sentiu que parte da mídia tentou criar uma disputa entre as duas? Que riscos a luta pela igualdade de gênero corre com essas divisões entre as mulheres?

Essa é uma questão cultural e antiga, de criar rivalidade entre as mulheres e na minha opinião isso só nos enfraquece porque ao invés de estarmos correndo atrás do que realmente interessa ficamos perdendo tempo e energia umas com as outras. Não é bom para nenhuma, por mais diferentes que sejamos.

 Que artistas considera modelo, inspiração para sua carreira?

Muitos e em diferentes áreas; vai de Mike Patton a PJ Harvey, passando por Elis Regina, Cartola, Chimamanda (Ngozi Adichie, escritora nigeriana), Robert Mapplethorpe (fotógrafo norte-americano que morreu aos 42 anos em 1989)


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"Feminismo é natural, é luta por igualdade", diz Pitty, maior atração nacional do Lolla

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