“Somos imortais apenas por um tempo limitado”, diz o trio canadense Rush em “Dreamline”. Para muitos dos 60 mil fãs que esperaram três décadas para ver Geddy Lee, Neil Peart e Alex Lifeson ao vivo no Brasil, as 3h10 históricas do trio no estádio do Morumbi em São Paulo na sexta-feira compensaram a longa ausência.
Entre às 21h50 de sexta-feira e à 1h de sábado, o que mais se viu entre o público foram manifestações de uma felicidade aguardada há muito tempo.
A cada hit, abraços e pulos aconteciam como se o time de futebol do coração tivesse marcado o golaço da vitória. Tinha-se a impressão de que nada, absolutamente nada, estragaria a chuvosa noite dos paulistanos.
Incluindo “Dreamline”, o Rush fez questão de revisitar clássicos de cada uma das décadas de sua carreira nesta turnê, que carrega o nome de seu mais novo álbum, “Vapor Trails”. Só faltaram os “mullets” nos cabelos para completar o clima retrô de duas décadas atrás.
Logo de início o coro ecoou no Morumbi, quando o baixo de Lee, a bateria de Peart e a guitarra de Lifeson anunciaram que “Tom Sawyer”, um dos maiores sucessos da banda e trilha sonora do extinto seriado “Profissão Perigo”, da década de 80, abriria o show.
Dali em diante, “YYZ”, “The Pass”, “Big Money” e “New World Man” levantaram o público na primeira parte da apresentação, que teve ainda “Closer to the Heart”, música que o trio incluiu nesta turnê especialmente para os brasileiros.
No palco, um megatelão digital mesclava imagens psicodélicas, cenas de filmes e animações que quase sempre remetiam às letras das canções. Como em “Roll the Bones” (algo como ‘mexa os ossos’, em que uma caveira dançava enquanto se ouviam as batidas funkeadas da música.
Depois de 20 minutos de intervalo, chamas explodiram no palco e o trio voltou para “One Little Victory”, do disco “Vapor Trails”.
“Driven”, “Limelight”, “Spirit of Radio” e uma versão acústica de “Resist” preencheram a lista de hits da segunda parte da apresentação.
Quem já estava impressionado com os dedilhados de Lee e Lifeson teve uma surpresa adicional quando Peart ficou sozinho no palco com sua bateria giratória para o solo de mais de 10 minutos chamado “The Rhythm Method”, que ganhou ritmos latinos, numa espécie de homenagem ao Brasil.
No bis, a última música do show, “Working Man”, conseguiu fazer a platéia pular e cantar mais uma vez, levantando ainda mais o clima de apoteose que acompanhou a apresentação.
Após vários “muito obrigado”, Lee saiu de cena dizendo: “Fomos idiotas de demorar tanto tempo para vir aqui (…) Adoramos vocês e esperamos vê-los novamente em breve.”