Nem um minuto de atraso, pelo contrário, meu relógio marcava 21h59 quando as luzes da Via Funchal se apagaram para dar início ao show do Bad Religion. A quinta-feira (13) chuvosa e pós feriado não espantou os ex (?) punks, pelo contrário, a casa estava lotada e mesmo com a fila de gente ainda entrando a apresentação dos californianos começou.
Sob iluminação vermelha, os primeiros acordes de Resist Stance, do último álbum da banda – The Dissent of Man, lançado em setembro de 2010 – ecoou pela casa. Na sequência veio Social Suicide, mas foi na terceira música que o público empolgou de vez: 21st Century (Digital Boy) colocou os trintões ali presentes para botar a roda de pogo para quebrar!
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“Tantos anos depois e aqui estamos, fazendo punk rock ao redor do mundo”, disse o vocalista Greg Graffin, com imenso sorriso no rosto. Sem muito bla bla bla, deu sequência ao show com Los Angeles is Burnin. Eis que nesse momento encontro com Alexandre Capilé, o vocalista da banda (meio curitibana, meio paulista) Sugar Kane, que estava com um sorriso de satisfação tão grande quanto o de seu ídolo ali no palco. Ele me conta que este é o 14º (!) show do Bad Religion que assiste!
“Já vi o Bad Religion 14 vezes, a primeira vez em Curitiba em 1996, no antigo Aeroanta. Toquei com eles, junto com o Sugar Kane, em três turnês aqui no Brasil, inclusive, na última terça-feira em Curitiba e assisti alguns shows nos Estados Unidos, na Warped Tour, House of Blues e outros”, contou empolgado, já indo procurar o resto da banda que estava espalhada pela casa.
Assim como Capilé, muitos outros roqueiros que resolveram montar suas bandas e tocar punk rock por causa do Bad Religion, também estavam lá. Este provavelmente deve ser o caso do rapaz que segurava uma camisa em que se podia ler: “Please, let me sing ‘Modern Man’”. Pedido feito, pedido atendido: Graffin puxou o cara para o palco, passou o microfone para ele, que pode cantar junto com Greg Hetson, Brian Baker (guitarras), Jay Bentley (baixo) e Brooks Wakerman (bateria). Ovacionado pela galera, William (o fã cantor), que demonstrou muita presença de palco, resolveu dar um mosh, resultado: foi ainda mais aplaudido.
Apesar da empolgação da galera mais próxima à grade (que pulou, cantou e fez rodas durante todo o show), no restante da casa o que mais se via eram pessoas apenas “contemplando” a apresentação – fato que já tem virado rotina nessa overdose de shows internacionais que o País teve nos últimos meses. O som abafado e embolado não ajudou muito para manter o público mais distante atento. Pouco se entendia das interações do vocalista com o público por conta das falhas no som, no entanto, era só uma das músicas da “velha guarda” começar, para se ver gente descer os degraus correndo para se infiltrar no meio da roda.
Exatamente 1h06 minutos após o inicio do show, a primeira parte da apresentação acabou ao som de Fuck Armageddon… This Is Hell, cantada aos berros pela plateia. Luzes apagadas no palco e cinco minutos depois Brooks volta num solo de bateria e emenda American Jesus para o bis. Na sequência ainda vieram Infected (mais aclamada que o principal hit que acabara de ser tocado) e Sorrow, encerrando a noite.
Às 23h25 a banda se despediu e, apesar de anunciar que a aposentadoria está cada vez mais perto, Graffin diz que pretende “voltar para mais” e agradece à cidade em português. Está é a sexta passagem do Bad Religion pelo Brasil (eles vieram para cá em 1996, 1999 duas vezes, 2001, 2004 e 2007). A turnê ainda passa pelo Rio de Janeiro neste sábado (15) e já passou por Peru, Chile e Argentina neste mês.
Veja o setlist:
1. Resist Stance
2. Social Suicide
3. 21st Century (Digital Boy)
4. Los Angeles Is Burning
5. Wrong Way Kids
6. Overture
7. Sinister Rouge
8. I Want To Conquer The World
9. Come Join Us
10. New Dark Ages
11. Atomic Garden
12. Before You Die
13. Recipe For Hate
14. Do What You Want
15. You
16. Modern Man
17. Generator
18. The Defense
19. Let Them Eat War
20. No Control
21. Anesthesia
22. Along the Way
23. Fuck Armageddon… This Is Hell
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24. American Jesus
25. Infected
26. Sorrow
