Faith No More

(Foto: divulgação) Faith No More em 1985

Pois é, o tempo não passa, ele voa! Parece que foi outro dia que o Faith No More passou pelo Rock In Rio de 1991 para sair consagrado a uma das maiores novidades da música. Pulando para o presente e já consolidados como um dos grandes nomes do rock mundial, o momento do grupo californiano é de pura celebração, pois estão preparando o relançamento do primeiro álbum da carreira, We Care A Lot, de 1985, com várias bônus tracks, que chegará ao mercado brasileiro em 19 de julho pela PIAS/Voice Music.

Para constar, We Care A Lot ainda não contava com o cantor multi-vozes e mil-caretas Mike Patton na formação. Quem ocupava o microfone na época era Chuck Mosley, que ficou até o disco seguinte, Introduce Yourself, de 1987. Por telefone, Mike Bordin, baterista da banda, trocou uma ideia com o Virgula e relembrou esse tempo bom que não volta mais. Em tom bastante empolgado e humorado o músico também mandou avisar que Patton passa bem após o incidente do último Rock In Rio (saiba mais abaixo) e até foi pego de surpresa com uma das perguntas. Vê aí:

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Virgula: Trinta anos de We Care A Lot. O que lhe passa pela cabeça? 

Mike Bordin: Oh, é como olhar uma foto de família antiga e pensar ‘nossa, como eu era esquisito. Olhe como era meu cabelo e dos meus amigos (muitos risos)’. É estranho e ao mesmo tempo dá uma sensação de orgulho. Para o relançamento nós reouvimos todas as faixas detalhadamente e para a nossa surpresa soaram muito boas. Realmente boas, acredite! Canções como The JungleAs The Worm Turns e We Care A Lot são incríveis. Estou muito feliz que chegamos aos 30 anos dele.

E você mudaria algo na gravação?

Oh, não! Não mudaríamos absolutamente nada. Se você colocar uma arma na minha cabeça e disser ‘mude algo na gravação ou atiro’, eu digo ‘atire'(risos). O álbum é um registro de uma época, tipo uma obra de arte que não pode ser mudada. O que eu gostaria é de ter tido mais tempo nas gravações, pois fizemos tudo muito rápido. Na época todos nós tínhamos pouco dinheiro, trabalhávamos duro em nossos empregos para poder pagar as horas de estúdio e foi o que conseguimos. Talvez com mais dinheiro e tempo o trabalho saísse mais elaborado. Mas sei não, por outro lado ele perderia a urgência e espontaneidade em que trabalhamos. Acho que isso deu poder e ajudou o a torná-lo impactante. Ouvindo hoje ele soa realmente grande e pesado.

Vocês ainda mantém contato com Chuck Mosley? 

Nós nunca perdemos o total contato com ele. Ainda se falamos. Acho que ele deve estar morando na América do Sul, talvez no Chile, se não me engano. Em um dos nossos shows da última turnê, em São Francisco, ele se juntou a nós no backstage e tivemos um bom momento juntos, relembramos os velhos tempos e os desentendimentos ficaram no passado. Somos amigos hoje. Musicalmente ele não tem mais interesse no Faith No More, pois Mike Patton é o nosso cara. Mas Chuck é uma peça importantíssima na nossa história. Posso falar que sem ele provavelmente não teríamos ido adiante. O pontapé inicial foi dado com ele.

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(Foto: reprodução/Facebook) Chuck Mosley e Mike Bordin atualmente

Uma ideia louca: nunca pensaram em convidar Chuck Mosley para uma participação especial em alguma música nova? Talvez dividindo vocal com Patton. Acho que os fãs poderiam gostar. 

Hum, questão interessante essa. Nós nunca pensamos nisso na verdade….Sabe, Patton faz tantas vozes diferentes em uma mesma música que não sentimos a necessidade de outras, mas vou levar essa questão aos outros integrantes. Hoje somos outras pessoas e pensamos diferentes, mais maduros, sabe? Então, tudo fica mais fácil. Ficamos 11 anos separados e ninguém imaginava que poderíamos voltar um dia, então tudo pode acontecer. Não dá para saber o que o futuro nos aguarda. Acredito que tudo é possível. Mas gostei da ideia (risos).

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(Foto: reprodução) Faith No More no estúdio

Você acha que We Care A Lot moldou a geração de bandas que surgiu depois de vocês. Você se sente responsável por elas? 

Não sei se exatamente o We Care A Lot influenciou outras gerações de bandas, mas as pessoas costumam dizer que o FNM em geral é o grande responsável do new metal, de grupos como Korn, Limp Bizkit, Deftones e Incubus. Eu realmente não ligo e não paro para pensar nisso, pois do momento em que a gente lança uma música ela não é mais nossa, ela é sua. Claro que ela vai inspirar pessoas de alguma forma, assim como fomos inspirados por outras bandas anteriores a nós, como Killing Joke, Run D.M.C., Black Flag, Bad Brains, Metallica, etc. Eu acho grandioso quando pessoas me falam que a música que ajudei a construir serve de inspiração. Acho que o próprio FNM me inspirou (risos).

Preciso lhe fazer uma pergunta: no Rock in Rio de 2015, Mike Patton deu um stage dive errado, caiu em cima da grade e se machucou. Ele está bem?

Oh, man! Que susto foi aquele? Quando eu soube que ia falar com alguém do Brasil hoje eu já pensei imediatamente nesse episódio. Cara, foi na segunda música do show e ele realmente se machucou feio! Acho que ele teve muita sorte pois poderia ter sido bem pior. Isso afetou a todos nós no palco e o show não foi dos melhores. É difícil tocar e se concentrar quando você está preocupado com um amigo que está machucado, sabe? Não gosto nem de lembrar. Mas mesmo assim o show teve um gosto especial para nós pois era 30 anos de Rock In Rio e o FNM é eternamente grato ao festival, pois foi nele, em 1991, que nos sentimos grandes pela primeira vez. Avise aos fãs brasileiros que Patton já está passando bem e pronto para voltar ao Brasil.

Grande notícia, Mike! Nós estamos esperando.

Faith no More


Créditos: Divulgação

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