Gravações do Sambabook Zeca Pagodinho
Créditos: Divulgação/Sambabook
Depois de 30 anos de carreira, ainda falta algo para fazer, para gravar? “Sim, falta uma Brahma gelada!” A pérola, lógico, foi dita no meio da coletiva de imprensa por Zeca Pagodinho, que conversou nesta segunda-feira (28/04) com jornalistas sobre o lançamento do SambaBook, projeto da Musickeria.
O CD, DVD e blue-ray já estão nas lojas e a rádio web, portal e aplicativos para smartphones e tablets também já estão disponíveis. Só a discobiografia (de autoria de Jane Barboza e Leonardo Bruno) e o fichário serão comercializados a partir de 10 de maio, quando poderá ser adquiririda também uma caixa de luxo com todos os itens juntos. “Eu, por mim, compro só a caixa”, diz o cantor e compositor, empolgado com o trabalho.
Prestes a ser avô novamente – o neto Noah, de 4 anos, filho de Eliza, vai ganhar uma priminha em junho: Catarina, filha de Eduardo -, Zeca diz que, por conta do lançamento do projeto, teve que adiar o disco de carreira. “Vai ficar para o ano que vem”, conta, mas apressando-se para falar de uma composição que está no CD Festa Brasil, da Universal Music, com músicas temáticas para a Copa do Mundo. “É a única inédita, de Altay Veloso e Paulo Cesar Feital”, conta. E pede para colocarem no aparelho de som da sala para todos ouvirem Filhos de Vera Cruz, que tem forte mensagem educativa. Quando tocam os versos “‘Ó Pátria amada, cuida bem de seus guris”, Zeca pede para todos prestarem atenção.
Se mostra uma alegria enorme em relação à nova música, não tem a mesma empolgação quando o assunto e a Copa do Mundo. “Não acompanho futebol, mas vou enfeitar minha casa, Brasil é Brasil! Mas nosso país precisa ser campeão em muita coisa, não só no futebol..”. E, perguntado se é bom de bola, não conta vantagem: “Felipão me deu a camisa 6!… No campo nunca fiz um gol, mas na vida faço todos os dias!”
Gravação foi uma festa
A gravação do Sambabook Zeca Pagodinho aconteceu no final do ano passado. Foram quatro dias de encontros na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no Rio. “Já tivemos uma grande evolução desde nosso primeiro lançamento: o Sambabook do João Nogueira foi feito num estudio de áudio; o do Martinho da Vila, num com áudio e vídeo. Agora, na Cidade das Artes, num espaç próprio para receber grandes orquestras, pudemos aproveitar vários recursos, como o pé direito alto, usar gruas, fazer imagens detalhadas dos músicos para mostrar bem a execução das músicas e ser mais criativos na cenografia”, lembra Flavio Pinheiro, sócio da Musickeria.
“Eu pensava que uma coisa dessas era feita só quando o cara morria”, brinca Zeca em relação à homenagem, onde 24 artistas – a maioria amigos e parceiros nesses 30 anos de carreira – cantaram seu repertório. “Não opinei nada sobre os convidados nem repertório, mesmo porque quem esta de fora vê melhor essas coisas. Só fui para a festa…. Aliás, como toda gravação minha, sempre é uma festa! E, dessa forma, eu nem posso dizer quem foi melhor, quem desafinou. Se a música é boa e o amigo é bom, tá tudo certo”, diz.
Aliás, Zeca conta também que, no assunto regravação, diz que não se importa quando descobre que alguém gravou alguma música sua sem autorização legal. “Deixa pra lá”, dando a entender que não valeria a pena se aborrecer. “Quando vou à feira, em Xerém, o cara do CD pirata já vai se desculpando, ‘padrinho, aqui não vendo CD seu não’. Mas eu não sou polícia, deixa o cara!”, conta.
Gilberto Gil, Djavan, Frejat, Jorge Aragão e Almir Guineto são alguns dos participantes do projeto, que será lançado com show nesta quarta-feira na Fundição Progresso, na Lapa. Para a apresentação, já confirmaram presenca Nilze Carvalho, Hamilton de Holanda, Roberta Sá, Arlindo Cruz, Marcelo D2, Martinho da Vila, Sombrinha, Dudu Nobre, Diogo Nogueira e Emicida.”Não sei o que vou cantar, lá na hora eu descubro”, diz Zeca, que deve cantar de seis músicas a oito músicas, além de fazer alguns inevitáveis duetos.
Preocupação
Além de destacar a letra do novo samba, que reforça a importância da educação das crianças, Zeca se mostra muito apreensivo em relação à situação social do pais. Perguntado onde estaria faltando Deus (no DVD, ele diz em um dos depoimentos que vai “à missa, ao culto e ao terreiro, só não vai aonde Deus não está”), ele diz que está faltando Deus em muitos lugares. “Sou avô, tenho filhos – uma de 10 anos -, fico muito preocupado com essa coisa de pedofilia, por exemplo. Hoje em dia não se respeita mais ninguém, mata-se pessoas como se fossem baratas. Meu neto, por exemplo, é criado como eu: pé no chão, moleque brincando na rua… como avô e pai, faço tudo por ele. Só não admito falta de respeito”, diz, firme.
Sobre uma possivel volta a Xerém – Zeca mora na Barra há cerca de 10 anos – ele até descarta a mudanca, mas afirma que sua cabeca mora lá na cidade da Baixada. “Ligo toda hora pra saber como estão as pessoas, meu filho vai duas vezes por semana para ver como está a escola de música (ONG criada por Zeca) e, sempre que posso, vou também. E de vez em quando até trago um leitãozinho…”, comentando que deve ter nascido uns 20 filhotes de sua criação.