Ele é um dos nomes mais quentes da nova música brasileira. Se talvez o grande público não saiba quem é Letieres Leite, com certeza já ouviu seus sopros e arranjos. Entre 1998 a 2010, o multi-instrumentista e maestro esquentou e coloriu a música da rainha do axé Ivete Sangalo com toda a elegância de quem aprendeu tudo e mais um pouco no Franz Schubert Konservatariun, em Viena. Sem falar da régua e do compasso que a Bahia já havia lhe dado.
Hoje, ele se dedica, entre outros projetos como seu quinteto fantástico, à big band Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, com quem faz uma série de três concertos em homenagem ao buda nagô Dorival Caymmi no Sesc Belenzinho, entre esta sexta (19) e domingo.
Letieres falou com a gente sobre Dorival, Ivete, música de rua da Bahia e como é ser uma revelação aos 55 anos.
Em que aspectos a obra de Caymmi é mais revolucionária, na sua opinião?
Letietes – No resumo estético bem acabado para violão e canto de uma música fortemente baseada nas tradições afro brasileiras. O violão de Caymmi é muito elaborado.
Com que idade você está? Quais são as vantagens e desvantagens de ser apontado como uma “revelação” após ter passado dos 50 anos?
Tenho 55 anos e no momento só vejo vantagens (risos). A experiência é bastante determinante em tudo que envolve a profissão de músico, não só nas questões musicais, mas nas áreas de negócios e relacionamentos profissionais entre outros.
De que maneira ter acompanhado Ivete Sangalo em shows e ter feito os arranjos de sopros para muitas de suas músicas te ajudaram a fazer seu próprio trabalho?
A experiência com Ivete foi engrandecedora e importantíssima para meu crescimento em questões de construção de um espetáculo e na oportunidade de experimentar algumas possibilidades musicais relacionadas a música de rua da Bahia. Foram anos de muita troca e crescimento.
Qual foi a importância da sua experiência em Viena?
Em Viena tive o meu primeiro contato efetivo com uma academia de música ( Franz Schubert Konservatariun) e a possibilidade de conhecer e trocar experiências com músicos de todo mundo além de ter feito as primeiras experiências de composição baseadas nas matrizes africanas (de 1984 a 1989). Antes disso, tinha contato autodidata, minha formação era apenas em artes plásticas.
Quem são seus heróis musicais no momento?
São muitos, mas preciso destacar o Hermeto, Gil, Moacir Santos, Coltrane, pela essencialidade de suas obras em minha vida.
Se tivesse que definir, qual considera ser sua missão musical?
Sem dúvida, a vinculada à educação, transmissão. Estamos com o projeto Rumpilezzinho amplificando isso, e com boas previsões de futuro.
SERVIÇO
Rumpilezz Visita Caymmi
Dias 19, 20 e 21 de dezembro. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.
Teatro: (392 lugares – acesso para pessoas com deficiência).
Duração: 1h30. Não recomendado para menores de 12 anos.
Ingressos à venda pelo Portal Sesc SP (www.sescsp.org.br).
R$ 40 (inteira); R$ 20 (+60 anos, estudantes e professor da rede pública). R$ 12,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
www.sescsp.org.br/belenzinho