Impossível não se lembrar do clipe El President, da banda inglesa Drugstore, que apresentava versos cantados por Thom Yorke, do Radiohead, e vivia passando no Lado B, programa da antiga MTV. (Se você não conhece ainda, assista ao clipe mais abaixo). Podemos dizer que Isabel Monteiro, a vocalista e a cara da banda, viveu (e ainda vive) o sonho de fazer música sem precisar moldar o seu som de acordo com a indústria. Em 1993, a paulistana pegou as malas, se mandou para Londres, montou a banda e lançou cinco ótimos álbuns que chegaram a alcançar sucesso comercial na Europa e EUA. Por exemplo: na Bélgica, a música com Thom chegou ao número 1 das paradas e entrou no top 10 da Alemanha. Na Inglaterra, estiveram no top 20. Nada mal para uma brasileira cheia de sonhos, não?
Agora, Isabel, que não aguentava mais a saudade das nossas casquinhas de siri e de tomar caipirinha na praia, resolveu passar um tempo no Brasil e montar uma versão tupiniquim (e provisória ?) do Drugstore, com a ajuda de músicos locais. O show de estreia dessa nova etapa será dia 15 de agosto na Casa do Mancha, em São Paulo.
O Virgula Música foi trocar uma ideia com a cantora, que falou desse momento atual, relembrou como foi estar ao lado de Thom Yorke no estúdio e até falou de Wayne Coyne, do Flaming Lips e BFF da Miley Cyrus. Dá uma olhada:
Virgula Música: Isabel, onde você está morando atualmente?
Isabel Monteiro: o quartel general da Drugstore no momento é um apartamento modernista em São Paulo. Sei lá, depois de morar 20 anos em Londres, bateu a maior saudade do Brasil, deu vontade de rever as raízes, comer casquinha de siri e
tomar caipirinha na praia. Foram muitos invernos, mas o amor pelo Brasil nunca se apagou.
Mas você chegou a visitar o Brasil nesse tempo todo que morou fora?
Sim! Visitei o Brasil esporadicamente, visitas rápidas, tipo passar o Natal com família. Com a banda fizemos um show em São Paulo a convite do SESC, em 1998 , e a recepção foi muito legal. Eu não fazia ideia que a Drugstore era tão querida no Brasil. Esse ano foi a primeira vez que tive oportunidade de realmente visitar, viajar pelo litoral, me soltar na praia, que nem peixe de aquário voltando para o mar.
Inclusive, nesse show do SESC você cantou uma música do Raul Seixas. Para esse novo show, está preparando alguma surpresa desse tipo?
O show da Drugstore sempre tem surpresa. Eu dou uma planejada, mas sempre acaba rolando alguma coisa que não estava no papel. A gente entra no palco e todos os planos desabam, e o que era ‘o show’ no setlist, acaba virando um pedaço da nossa vida.
Para essa nova fase da Drugstore, você está recrutando músicos brasileiros, certo?
Quando decidi vir passar um tempo no Brasil, vi que seria uma boa oportunidade de colaborar com músicos daqui. Demorou menos de 5 minutos para encontrar muita gente boa. O núcleo da Drugstore ‘made in Brasil’ já está formado. Brasileiro tem essa característica muito especial: nasce com música no sangue, tá no nosso DNA.
E na Inglaterra, qual é a formação do Drugstore?
Há uns 5 anos atrás eu dei uma virada na formação original, mas mantive a parceria com o tecladista Peter Allison, grande amigo e principal cúmplice do crime musical.
Você conhece, ou tem contato, com as bandas indies atuais do Brasil?
Não conheço nada, tô mesmo super por fora, mas já saquei que tem uma cena musical bastante saudável. Me impressionou como o número de bares e clubs alternativos cresceram. Vinte anos atrás tinha muito pouco espaço, mas vejo que hoje a molecada da ‘indie scene‘ tem bastante opções.
Falando nisso, como você enxerga o mercado musical de hoje para a Drugstore? É mais fácil ou mais difícil do que antes?
Com sinceridade? Não tô nem aí para o mercado, não tô nem aí com a carreira. Com a Drugstore tive oportunidades de fazer tantas coisas incríveis, sem nunca ter tentado fazer nada, e é assim que continuo: fazendo música, traçando meu caminho sem nunca saber onde vai chegar.
Vocês gravaram a música El President, com Thom Yorke, do Radiohead. Como foi trabalhar com ele?
Lembro que toquei a demo do El President para os integrantes da banda, toda animada, mas eles rejeitaram, acharam que a canção era muito dramática, muito ‘latina’. Bom, aí quando tive a ideia de convidar o Thom pra fazer o dueto, a banda se animou! Quando Thom ouviu, ele disse: Essa é uma baita canção, vai ser uma honra gravarmos juntos” e apareceu no estúdio com uma garrafa de champagne na mão. A honra foi toda nossa.
Você já disse algumas vezes que gosta bastante de Flaming Lips. Hoje em dia, Wayne Coyne está bastante ligado à música pop, sempre ao lado de Miley Cyrus. O que você acha dessa ligação dele com esse mundo?
O Wayne é um ‘real character‘, um sujeito super interessante, inteligente e cheio de idéias. Deixa o cara fazer o que ele quer. O Twitter dele é ótimo: poucas palavras e transbordando de imagens geniais. Sou fã e tiete dele.
Para finalizarmos, quer enviar algum recado para os fãs brasileiros da Drugstore?
Que venham aos shows da Drugstore como eu: de coração aberto, com apetite pela vida e uma garrafa de vinho na mão!
SERVIÇO:
Show: Drugstore
Quando: 15 de agosto (sábado), 21h
Onde: Casa do Mancha – Rua Felipe de Alcoçova,s/n – Vila Madalena, São Paulo
Ingressos: R$30