Parece que foi ontem. Era maio de 1981 quando Zélia Duncan subiu ao palco pela primeira vez como cantora profissional, na Sala Funarte em Niterói. Se ela estava nervosa? “Claro, imagina! Boca seca, o coração batendo alto. Eu quase podia ouvir! Medo e euforia, tudo misturado”, disse a cantora em entrevista por email ao Virgula-Música.

Hoje, 25 anos depois, Zélia vai comemorar como gosta sua estrada na música: no palco. No próximo final de semana, entre os dias 17 e 19, ela grava o DVD ao vivo do seu mais recente disco, Pré-pos-tudo-bossa band, em São Paulo. O CD, nas palavras da própria, tem sido seu filho mais mimado. “Acho que consegui imprimir nele tudo que andei fazendo nos últimos tempos, por isso ele tem muitas caras e todas elas são a minha tradução, fora outras que espero que ainda apareçam pra mim”, comenta.

No disco, lançado em 2005, Zélia divide as composições com um time de feras como Lenine, Mart’nália, Pedro Luís, Moska, entre outros, e que nem por isso, deixam de cair como luva em sua voz. “Quando você escolhe uma música pra cantar, vira parceiro delas. Pensa, por exemplo, em Elis ou Cássia Eller, quem vai dizer que aquelas canções não são delas?”.

Fã confessa da obra de Itamar Assunção, (ela dá uma breve explicação do porquê: “Consistência, autenticidade, inteligência, ritmo, humor, amor pela música”) de quem já regravou várias canções, Zélia promete uma versão especial para o show da música Próxima Encarnação, além de uma música inédita, não revelada por ela.

Antigos e novos hits estarão no repertório

O repertório do DVD será baseado neste último trabalho, mas antigos sucessos – ou parte deles afinal, são tantos – devem aparecer. Com uma carreira estável e bem sucedida, cantar apenas e sempre os sucessos não é do feitio de Zélia. “As fases da gente mudam e não há quem agüente um artista que está sempre dizendo as mesmas coisas do mesmo modo! Eu preciso me estimular pra subir no palco!”, diz Zélia.

Catedral, música que a lançou para o grande público não deve faltar. Zélia conta que essa canção está na lista das que já a fizeram chorar no palco. “Foi quando cantei no Ibirapuera e ouvi a multidão me acompanhando, mas foi discreto. Depois quando Cássia foi embora, pois eu tive que cantar no dia seguinte. Mas desabei mesmo quando fui homenageá-la cantando Por Enquanto”, relembra ela.

Em duas décadas de carreira Zélia gravou oito discos, lançou dois DVDs, criou o selo Duncan Discos, que lança muita gente boa da MPB (ela dá a dica de Música em Mim, de Lucina) e ainda assumiu os vocais dos Mutantes na turnê do grupo pela Europa. Podemos esperar um CD inédito do grupo? “Pode ser, vamos ver”, despista ela.

Quanto ao seu próximo disco de inéditas, Zélia adiante que só em 2008. ”Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band está muito vivo pra mim, não quero ainda pensar em outro novo, que só deve vir em 2008. Eu sou a contramão num mundo fast-food. Eu acredito no tempo para absorver o trabalho e se renovar para o próximo”.

Serviço
Gravação do DVD ao vivo Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band
Local: Auditório Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Portão 2
Dia: 17, 18 e 19 de novembro
Horário: 20h30
Preço: R$15 e R$30


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Exclusivo: 'Sou a contramão num mundo fast-food', diz Zélia Duncan