Morrissey
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O excêntrico cantor Morrissey, ex-líder do The Smiths, sente “falta de interesse” pelas mulheres e não tinha vivido uma “relação séria” até chegar aos 30 anos de idade, segundo afirma o astro em sua autobiografia lançada nesta quinta-feira (17), a qual dividiu os críticos e gerou muita repercussão no Reino Unido.
Publicada pela reverenciada coleção de clássicos da editora britânica Penguin, que divulga trabalhos de consagrados autores como Jorge Luis Borges, Oscar Wilde e Henry James, o livro da vida de Morrissey, intitulado Autobiography, conta com mais de 800 páginas, mas, segundo alguns críticos, carece de alguns importantes capítulos.
A publicação, comentada avidamente hoje por emissoras e sites especializados, dedica várias páginas à sua vida amorosa e não demorou muito para gerar sensações díspares, que oscilam entre a surpresa, a desconfiança e, inclusive, a admiração pela prosa irônica do músico.
Morrissey, de 54 anos, relata com detalhes episódios de sua adolescência e de sua época como líder do grupo The Smiths, mas deixa no ar as dúvidas que permeiam sua ambígua sexualidade, embora tenha confessado sua falta de interesse em direção às mulheres.
Vegetariano desde os 11 anos, inimigo declarado da monarquia britânica, arredio, provocador, introvertido e “raro” – segundo sua própria confissão -, Morrissey esteve no foco da mídia durante décadas e, o melhor, sem perder o lado complexo de sua personalidade.
O jornal The Guardian relatou hoje que o volumoso livro “está cheio de surpresas”, como sua breve participação em uma telenovela britânica quando ainda era criança e sua convicção de que teria sido vítima de uma “tentativa de sequestro” em 2007 no México, da qual foi salvou por sua equipe de seguranças.
Steven Patrick Morrissey – seu nome verdadeiro – também confessou não ter vivido uma “relação séria” até os anos 90, quando tinha 30 anos estava na trintena, mas não soluciona o “mistério” criado em torno de suas preferências sexuais.
Segundo o ex-líder do The Smiths, ele só viveu uma grande história amorosa ao conhecer o fotógrafo Jake Owen Walters, quando “pela primeira vez” em sua vida “o eterno ‘eu’ – escreve – se transformou em ‘nós’, já que estava finalmente “conectado com alguém”.
Sobre essa relação, que se estendeu por dois anos, o músico fala de maneira aberta e comovente, mas sem especificar se ambos, que chegavam a compartilhar suítes de hotéis, eram amantes de fato.
Neste aspecto, Morrissey também admite sua “falta de interesse” pelas mulheres durante a adolescência: “As meninas continuavam se sentindo misteriosamente atraídas por mim e eu não tinha nem ideia por que”, afirmou Morrissey, que achava “muito mais emocionante” as bicicletas de corrida que seu pai tinha em casa.
O jornal irlandês The Irish Times apresentou críticas positivas ao falar da autobiografia de Morrissey, que opina que o livro “está bem escrito e reflete o ácido sentido do humor” que caracteriza o astro, embora tenha destacado que ainda existam “muitos acertos de contas” em sua história.
Nos últimos anos, Morrissey preocupou seus fãs com alguns problemas de saúde e também se envolveu em várias polêmicas, como quando qualificou os chineses de “subespécies” por sua repulsa aos maus-tratos dos animais e comparou o massacre de baleias na Noruega com “o que se passa no McDonald’s”, o que lhe rendeu acusações de radical e racista.
Apesar da autobiografia em questão não ter entrado em detalhes sobre essa questão, os fãs de cantor britânico não deixam de sonhar com uma hipotética volta do The Smiths, o quarteto de Manchester fundado por Morrissey e Johnny Marr em 1982.