Luiza Lian, cantora e compositora paulistana, é mais uma prova de que a música brasileira é uma máquina de produzir talentos em série. Aos 26 anos, ela surfa na unanimidade de crítica e púbico desde que lançou, em março, o arrebatador álbum visual Oyá Tempo.
Só neste sábado (12), no entanto, o trabalho ganha um lançamento ao vivo com a pompa merecida, com um espetáculo imersivo no Auditório Ibirapuera.
Captando os ventos globaism o visual vem ajudando Luiza. Assim ocorreu como O Terno, que alcançou o melhor momento na música brasileira em 2017 até aqui, segundo Pedro Antunes do Estadão, com o clipe de Não Espero Mais, Luiza reforça a importância que a imagem adquiriu na música, tempos em que a maior rádio do planeta é o YouTube.
Assim, no encontro das tradições ancestrais, camas de synths e imagens da natureza – o que pode ser mais universal e tecnológico? – Luiza vem se firmando como uma das grandes revelações de 2017 com um trabalho que une cinema e canção. “O processo se deu a partir da inspiração das pessoas envolvidas com o projeto, a poesia e a produção musical já tinha essa visualidade muito forte assim como um senso de continuidade, fez muito sentido fazer um filme de tudo, com outro ritmo e clima do que um vídeo clipe. Meu pensamento e minha poesia se dão muito de uma forma visual, mesmo fazendo músicas, às vezes penso mais em imagens do que em notas musicais”, afirma ao Virgula.
O ícone do futuro comenta também o show do MecaInhotim, de onde saiu consagrada, aumentando a força com que ela vem sendo impulsionada pelo Instagram dos hipsters. “Com certeza só a atmosfera do Meca já tinha um peso muito grande na visualidade apesar de não termos levado o show completo para lá. No meu próximo show, no auditório Ibirapuera, faremos provavelmente a maior instalação que esse trabalho verá. Nem sempre é possivel viajar com toda instalação, a força da visualidade já está nas letras e na performance de maneira geral, mas o trabalho ganha uma outra dimensão quando levamos a instalação completa”, promete.
Sob o “zeitgeist” feminista, Luiza comenta: “A gente vive um momento em que grande parte dos trabalhos mais interessantes da música são protagonizados por mulheres, por um lado um momento de grande abertura pra artistas ocuparem lugares distintos na músicas, lugares em que não eram bem-vindas. Que vão além do papel da diva, mulheres expressando sua visão de mundo, compositoras, instrumentistas, cantoras”, argumenta.
“Ainda é um meio predominantemente masculino e jornalistas musicais ainda demoram um tanto pra escutar o trabalho mulheres com seriedade, quando elas não encaixam no adjetivo de fofa, diva, enfim… Muitas vezes existe uma má vontade ou uma mentalidade assistencialista do jornalismo em relação ao trabalho de mulheres”, completa.
Para alegria de quem gosta e tristeza dos haters, sim, eles estão em todo lugar, ela não está sozinha. “Tem muita coisa acontecendo. Gosto muito da Ava Rocha, descobri recentemente a Dani Nega, Ventre, Baleia, o último disco do Aláfia é incrível, amo a Bruna Mendes e o Carne Doce. Tô esperando a Roberta Estrela D’alva lançar um disco por que desde que participei do slam blues penso nesse show. Acho o trabalho do Negro Leo muito forte e inovador, gosto de Música de Selvagem e Quartabê, da Liniker, já ouvi umas mil vezes o Melhor do que Parece e o Lá vem a Morte do Boogarins.”
A nave Oyá Tempo já decolou.
SERVIÇO
Luiza Lian, Oyá Tempo
Sábado, 12/8, às 21h. Ingressos: R$ 20.
Auditório Ibirapuera Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 do Parque do Ibirapuera
Luiza Lian estará acompanhada pelo produtor e músico Charles Tixier (MPC e teclados). A apresentação tem participações especiais da atriz e MC Roberta Estrela D’Alva e da cantora Nina Oliveira. A performance que engloba cenário, figurino e projeções foi concebida com as artistas visuais Sonia Costa e Bianca Turner.
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