Por Faabio Carbone
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Incrível, todas as pessoas que eu encontrava me davam conselhos de vó: você está bem agasalhado? Tá levando blusa?. E não à toa, pois o frio foi mesmo o principal assunto durante o almoço do sábado, segundo dia do festival indie que reuniu dois mil pares de tênis All Star na capital paranaense. Na primeira noite, Otto começou a levantar a galera gelada na maravilhosa Ópera de Arame, seguido pela bombástica e-music dos franceses do Rubin Steiner que nem mesmo a atração mais esperada que fecharia a noite, o duo franco-alemão do Stereototal com sua música alegre e instrumentos engraçados, conseguiu segurar, deixando metade do público ir descansar debaixo dos edredons dos hotéis lotados de paulistas e cariocas. Só para lembrar, durante a viagem eu já prometia beijar a Kim Deal líder do Breeders – e tirar uma foto cometendo esta escatologia.
O segundo dia da maratona indie começou de verdade com a segunda banda, os gaúchos da Bidê ou Balde, que com suas letras engraçadas, pop alegre e competente e suas lindas integrantes, balançou as estruturas de aço, mesmo com pouca gente ainda presente. Catalépticos foi a banda seguinte, pesadíssima, que assustou um pouco a galera, que timidamente batia a cabeça pra tentar entrar na festa psychoabilly. Detalhe para o contra-baixo acústico, em forma de caixão. Faichecleres, local de Curitiba, entra no palco com todos os integrantes de fralda. Influenciados pelo rock dos anos 50, mas com bastante peso, fizeram uma boa apresentação, mas a presepada show foi no backstage, quando o baterista Tuba arrancou a fraldona e deu entrevista para diversas emissoras nu, escondendo o p… Bem, estava parecendo mulher… E a galera presente gritava em coro, o nome do órgão sexual feminino, no diminutivo.
O peso continuou no festival, até a noite aparecer, fazendo entrar no palco os gaúchos do Cachorro Grande. Uma mistura de AC/DC e The Who e todas as bandas alucinadas dos anos 60, fizeram uma apresentação maravilhosa. Impossível de ficar parado, todos na platéia sorrindo com o som desses malucos que terminaram a apresentação com a famosa quebradeira de instrumentos. Como em um jogo de dardos, a guitarra tentava acertar o símbolo do festival, que ficava atrás do palco. A bateria começou a levar alguns chutes e algumas peças jogadas. Só que era emprestada. Assim começou a treta do festival: o dono da bateria tentou conter a maluquice e Lee Martinez (apelidado de Bruce Lee Martinez), entrou no palco distribuindo porradas em seguranças e quem aparecesse na frente. Já calmo, com latas de cervejas na mão, nem entrevistei o empresário ou a banda, apenas agradeci e sorria dizendo que aquilo era RocknRoll. A festa no backstage durou bastante, tanto que nem vi a Nação Zumbi entrar no palco (eles passaram ao meu lado). Agradecendo ao anjo Chico Science, explodiram a platéia com seus hits e músicas do álbum Rádio S.AM.B.A, numa mistura maravilhosa da percussão e bateria com o peso da guitarra mais potente do nordeste brasileiro.
E assim, Breeders. A ex-Pixies Kim Deal entra no palco com sua irmã e a nova trupe e fizeram o dobro do que eu esperava. Fumando muito e bem mais gordinha, as irmãs tocaram todos os hits dos anos 90 e algumas do álbum que celebra a volta da banda, “Title TK”. Rápidas, sem pretensão nenhuma, sem pose, pesadas e felizes, fizeram o show mais delicioso do ano. Contrariando o que havia dito nas entrevistas, tocaram “Gigantic”, dos Pixies, sua ex-banda. Pra lavar a alma. Não consegui o beijo na Kim Deal, mas abracei a Keley e não consegui dizer muita coisa além de um obrigado, eu te amei hoje à noite.
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E você, o que achou do Festival?
CURITIBA POP FESTIVAL
LOCAL: Ópera Arame – Curitiba
DIA: 02 e 03 de maio
BANDAS: The Breeders, Stereo Total, Rubin Steiner, Nação Zumbi, Otto, Cachorro Grande, Tara Code, E.S.S., Bidê ou Balde, MQN, Walverdes, Primal, Monokini, The Bad Folks, Suite # 5, Valv, Vurla, Faichecleres e Criaturas.