Com shows internacionais de craques como Kamasi Washington, Cymande e The Cookers, o Nublu Jazz Festival chegou à sétima edição com apresentações no Sesc Pompeia e São José dos Campos. Como já é tradição, um público jovem e bastante interessado compareceu em peso ao festival que misturou clássicos do jazz com o que há de mais novo.
O Nublu, como outras iniciativas, têm mostrado que o jazz continua sendo um gênero revolucionário, graças ao seu aspecto agregador, capaz de estabelecer pontes entre gêneros.
A atração mais esperada por todos era o saxofonista Kamasi Washington, que lançou em 2015 o incrível disco Epic, pelo aclamado selo Brainfeeder, do Flying Lotus. Um álbum de jazz feito por um cara criado na cena de hip hop.
Os shows dele, o último no domingo (9) não podiam ser diferentes: com uma banda de peso, que inclui dois bateristas e um DJ, Kamasi evita chamar a luz pra si, abrindo para vários solos de todos os músicos. Quem roubou a cena mesmo foi a vocalista Patrice Quinn. Com uma forte influência de soul ela deixou todo mundo extasiado. Kamasi ao vivo atualiza todas as definições do show de jazz perfeito.
O saxofonista de Los Angeles, de 36 anos, é um dos pilares de um movimento que fez o jazz voltar a ser c0ol, onde estão o já citado Flying Lotus e ainda Thundercat, Glasslamp Killer, Yussef Kamaal. Kamasi é uma entidade capaz de provocar idolatria de qualquer fã de música. Não à toa, suas composições abordam temáticas espirituais e políticas. No palco, sua banda transborda pulsação e feeling. Envolvendo a todos como um círculo de alto astral aproximando-se de uma experiência religiosa pagã.
Antes, na quinta, o Cymande despejou seus hits de funk afro-caribenho, feitos nos anos 70, mas que ficaram mundialmente conhecidos sendo sampleados pela galera do hip hop e da eletrônica nos anos 2000. The Cookers trouxeram seu repertório clássico, aquele jazz de charuto, tocado por músicos que tocam desde os anos 60. Seguem voando baixo e causando inveja nos estagnados tiozões do rock.
Prova de que o Brasil também não fica atrás quando se fala em vanguarda, foi emocionante ver a estreia do projeto Sambas do Absurdo, de Juçara Marçal, Rodrigo Campos e Gui Amabis.