“É a nossa primeira vez na América do Sul, a nossa primeira vez no Brasil. Nós estamos muito felizes“, disse Pete Townshend visivelmente empolgado no show que o The Who fez nesta quinta, 21, na primeira noite do São Paulo Trip, no Allianz Parque. Se a satisfação por tocar em nosso país após 50 anos de carreira emocionou o guitarrista lendário, imagine para os fãs que precisaram esperar todo esse tempo para vê-los de pertinho. Lágrimas escorreram.
Eram famílias no público – e provavelmente a faixa etária mais alta dos quatro dias do São Paulo Trip. Pais e filhos curtindo juntinhos aqueles hits que com certeza marcaram a vida deles em algum ponto da vida. As pessoas dançavam, as pessoas choravam. Quando o acorde de I Can’t Explain, a primeira música do show, começou, muitos ali não sabiam explicar a emoção sentida.
A apresentação do começo ao fim foi como se estivéssemos ouvindo um CD de Best Of do Who, e mesmo assim várias músicas ficaram de fora. Afinal, foram décadas esperando pelo show e o público queria ouvir tudo o que sempre sonhou. The Kids Are Alright, I Can See For Miles, My Generation, Behind Blue Eyes, You Better You Bet, Pinball Wizard e Baba O’Riley foram apenas algumas do setlist que também teve espaço para canções do álbum Quadrophenia. Entendeu a emoção? Ainda finalizaram com Substitute.
Óbvio que nem tudo foi perfeito. O estádio estava longe de estar lotado e a arquibancada ao fundo se via vazia. No palco, ao decorrer do show foi perceptível que o vocalista Roger Daltrey, aos 73 anos, não possui mais aquele gogó que aguenta um concerto de duas horas de duração e precisa das vozes de apoio dos músicos. Porém, quem estava ligando para isso? Finalmente o cantor estava ali na frente de todos, girando seu microfone como sempre fez e acompanhado por Townshend e seus braços giratórios ao tocar guitarra. Lendas do rock fazendo um show de rock, orgânico e humano, como tem que ser – ou como é esperado pelos fãs.
O The Who ainda toca no Rock in Rio neste sábado, 23, mas se a banda voltará ao Brasil um dia é uma incógnita. O importante é que tanto nós, os fãs, quanto a banda já podemos ticar em nossa lista de shows – e plateia – a ser vistos(as). Vivemos para vê-los ao vivo, e eles para nos verem. Missão cumprida de ambas as partes.
São Paulo Trip: The Who, The Cult e Alter Bridge
Créditos: Marta Ayora