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(Foto: divulgação) Charly Coombes

O sangue é americano, a naturalização e influências são inglesas e a moradia é brasileira; essas são as essências de Charly Coombes, músico que está lançando Run, seu terceiro álbum solo, nesta sexta, 24. Para quem se familiariza com o nome, mas não lembra de onde, explicamos: ele é irmão de Gaz Coombes, vocalista da icônica banda Supergrass, e tocou nela por um tempo antes de residir em São Paulo, cidade que o inspirou a compor o novo trabalho.

Enquanto  meu segundo álbum, ‘Black Moon’, era sobre viagens ao desconhecido, refletindo minha própria viagem da Inglaterra ao Brasil, ‘Run’ reflete minhas experiências aqui em São Paulo nos últimos anos”, conta Coombes ao Vírgula sobre o trabalho e o primeiro single, SPX, que homenageia a capital paulista.”Viver em São Paulo pode ser uma experiência bastante intensa às vezes. Especialmente depois de crescer em uma pequena vila tranquila no meio da Inglaterra”, diz ele, e complementa: “A canção não é apenas sobre a beleza e as complexidades da cidade, mas também sobre a minha experiência em se adaptar e abraçar uma mudança tão grande no estilo de vida”. 

Para escrever Run, além das inspirações paulistanas, o músico foi buscar referências na sonoridade dos anos oitenta, que abusava de sintetizadores criando um clima atmosférico minimalista e pop. “Eu queria algo que soasse novo e moderno, mas também algo que me levasse de volta a um lugar seguro. Na década de oitenta eu costumava assistir a uma grande quantidade de música pop questionável em programas como Top of The Pops – bandas como The Cars, Chicago e Ultravox – e ao longo dos anos esses sons foram de prazeres culposos a doces lembranças da minha infância. ‘Run’ é sobre encontrar esse equilíbrio entre a doçura e a feiura em conceitos e sons“.

Embora Run seja todo cantado em inglês e tenha sonoridade ‘gringa’, as músicas têm um tempero brasileiro, já que Coombes teve uma ajudinha de músicos daqui na gravação. “É incrível o quanto há de talento no Brasil, músicos incríveis e bandas. Tenho muita sorte por ter tocado com alguns grandes caras em shows ao vivo e também no novo álbum“, diz sobre o tecladista Pedro Pelotas, o baixista Rodrigo Deltoro e baterista Raphael Miranda, que integram a banda de Coombes. “Tem sido muito fácil fazer grandes amigos, mas acho que é ainda melhor quando são grandes músicos”.

Há três anos no Brasil, Coombes ainda não se sente confortável para escrever uma canção inteira em português, mas vontade é o que não falta. Sempre que dá, insere a nossa língua materna em suas canções. “Meu primeiro álbum ‘No Shelter’ tem uma faixa chamada ‘Raio de Sol’ e há também uma faixa em ‘Run’ com algumas linhas em português. Mas, não importa o quanto meu português melhore, é realmente difícil sem ter um conhecimento extenso da cultura e da música brasileira nos últimos 50 anos. É impossível saber se estou escrevendo um clichê, repetindo letras famosas ou apenas escrevendo algo que não funcione. Talvez um dia eu possa explorar mais isso. Eu só preciso de um pouco mais de tempo“, diz.

Para finalizar o papo, Coombes compara sutilmente sua experiência no Brasil com a de David Bowie, que, fascinado pela Alemanha, se mudou para Berlim em 1976: “Eu sempre fui fascinado com a mudança de Bowie para Berlim, que ele confessou ter alimentado o seu lado criativo desafiando a sua percepção de vida. Eu queria me mudar para São Paulo por muitos anos, e sabia que uma mudança tão dramática poderia ter o mesmo efeito“. E teve!

Ouça Run no Spotify.

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(Foto: divulgação)


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Em novo álbum, Charly Coombes retrata vivência em São Paulo: 'Uma experiência intensa'