Backstreet Boys em SP
Ao chegar ao show dos Backstreet Boys a primeira coisa que chama a atenção é o público. O que se tem em mente ao pensar em um show de uma boy band americana, que já fez tanto sucesso, são milhares de adolescentes berrando enlouquecidas por seus ídolos. Ok. Toda essa parte dos gritos e desespero estava condizendo com a realidade, mas ao invés de adolescentes, o público, em sua maioria, era formado por mulheres na faixa de seus 25 anos. Aquelas jovens que, há 12 anos, cantavam Backstreet Boys com as amigas na escola e aprendiam as coreografias. Logo, chega-se a conclusão de que este é um show de caráter nostálgico.
Apesar de a banda existir há mais de 17 anos, seu auge foi ali no início dos anos 2000, e mesmo que tenham continuado com a carreira, o sucesso não foi mais o mesmo. E hoje os Backstreet Boys parecem aceitar bem essa ideia. O show neste sábado (26), no Credicard Hall, em São Paulo, foi perfeito quando consideramos sua proposta de “show nostálgico” para as fãs antigas que mantêm aquele amor platônico por Nick, Brian, AJ e Howie D. Nada de mega produção ou efeitos especiais. O show foi simples. Um telão, uma banda básica, sem nenhum cenário ou figurino rebuscado. O nível de simplicidade era tanto que podia ser facilmente comparável a uma leve decadência.
Mas quando é para falar de música, os rapazes mostram que estão com tudo. Em plena forma. Eles soltaram suas vozes, afinadíssimos, cantaram muito bem. AJ tem uma voz incrível que segura um show inteiro. Brian é de uma simpatia que dá vontade de guardá-lo dentro de um potinho e levá-lo para casa. Nick parece um eterno adolescente e foi de longe o que arrancou os maiores suspiros das meninas na plateia. Howie manda muito bem nos falsetes e o sangue latino fez com que a química com o público brasileiro ficasse evidente.
A produção do show pecou em alguns detalhes, como as imagens do telão, que mais pareciam aquelas cenas toscas de aparelhos de Karaokê, o que tornou aquela coisa boy band com dancinha ensaiada muito mais brega do que seria naturalmente. Mas por outro lado, soube-se aproveitar essa vibe “décadence avec élégance” (ou sem elegância alguma) e fazer uma das coisas mais engraçadas e divertidas que os fãs presenciaram no show, que foram montagens dos integrantes em filmes. Howie D contracenou em Velozes e Furiosos, enquanto Nick foi o protagonista de Matrix. Brian estava hilário no papel do príncipe de Encantada e AJ todo malandro no Clube da Luta.
Mas o que interessa mesmo é o set list. A escolha das músicas não poderia ter sido melhor. O show começou pegando fogo com Everybody. Logo em seguida, veio uma sequência de músicas mais antigas como Quit Playing Games With My Heart e We’ve Gotta Going On. As canções mais antigas foram bem distribuídas entre os grandes hits, o que manteve a animação do público durante o show inteiro.
Já a animação da banda foi incrível. Mesmo com alguns anos a mais, quilos a mais, cabelos a menos, eles não perderam a energia e juntos, entre passos de dança e hits de sucesso, mostraram uma cumplicidade e uma amizade de irmãos que envolveram todas as fãs. Brian, Nick, AJ e Howie D provaram que tiveram seus anos de reinado e que por mais que hoje o sucesso não seja mais o mesmo, podem passar 10, 20, 30 anos, que eles continuarão sendo os reis de uma geração. A minha geração.