Nascida em 23 de junho de 1937, em Moça Bonita, hoje Vila Vintém, no Rio de Janeiro, Elza da Conceição Soares é filha de um operário e de uma lavadeira. Sua vida foi marcada por fatos dramáticos. Aos 12 anos, o pai a obrigou a casar, no ano seguinte teve o primeiro filho e, aos 15 anos, viu falecer o segundo filho. Ao todo, teve nove filhos. Cinco faleceram, sendo três de fome.
Aos 20 anos, era mãe de cinco, quatro meninos e uma menina. Conciliava a vida de cantora com profissões como encaixotadora e conferente. Aos 21, ficou viúva. Antes de se estabelecer como cantora solo, trabalhou com nomes como Ary Barroso, Moreira da Silva. Em 1962, conheceu Garrincha (1933 -1983), a quem deu muito apoio contra o alcoolismo e com quem teve um filho.
“Uma das figuras mais extravagantes, talentosas e de estilo ímpar da MPB chama-se Elza Soares. Surgida em 1959, recriando o samba ‘Se Acaso Você Chegasse’, do repertório de Cyro Monteiro, ela chegou e arrasou”, afirma o Dicionário Cravo Albim da Música Brasileira. “Além da plástica corporal sempre enxuta, sua voz rouca e rítmica – única – parece mais um instrumento de percussão quando canta samba. Tudo isso, aliado aos seus “scats”, deu uma forma inteiramente nova aos dois estilos de samba que se conhecia quando ela surgiu, o samba de raiz e a bossa nova, criando um estilo novo que chegou mesmo a ser chamado de ‘bossa negra’ para implicar com a bossa ‘branca’ feita pelos riquinhos da zona sul do Rio”, completa.
De acordo com a biografia Cantando Para Não Enlouquecer (Planeta), de José Louzeiro, publicada em 1997, Elza teve pelo menos seis altos e baixos em sua vida e carreira.
A diva, no entanto, acabou consagrada. No ano 2000, em Londres, a BBC lhe concedeu o título de “A Melhor Cantora do Universo”. Não é à toa que seu disco mais recente, de 2015, se chama Mulher do Fim do Mundo. No disco, aclamado internacionalmente, atualmente ela faz uma turnê mundial que chega a Nova York em agosto, Elza se debruça sobre temas como negritude e feminismo.