Elvis In Concert
Créditos: gabriel quintão
Aos 42 anos, o norte-americano Joe Guercio era um respeitado produtor musical e maestro que fazia trabalhos para a Broadway, até que um encontro casual mudou o rumo de sua carreira. O ano era 1970, Guercio estava no camarim de seu amigo, Sammy Davis Jr., após um show. Enquanto conversavam, Elvis Presley bateu à porta: “Eu estava lá com o Sammy e ele [Elvis] foi visitá-lo. Todos nós saímos para jantar e foi assim que tudo aconteceu. Eu não era um grande fã dele”, relembra o músico em entrevista ao Virgula Música.
O encontro resultou em uma parceria: Guercio trabalhou durante sete anos ao lado do ‘rei do rock’ – que faleceu em 1977. Após 36 anos, o músico continua trabalhando com a obra que ajudou a difundir ao lado de Presley. Com o espetáculo Elvis in Concert, o norte-americano viaja o mundo ao lado do respeitado guitarrista James Burton e do baterista Glen Hardin, ambos sobreviventes da banda que acompanhava Elvis.
No espetáculo multimídia que conta com uma projeção em tamanho real do ‘rei do rock’, são executadas faixas da década de 70 por meio de um poderoso arsenal tecnológico. Enquanto a banda atua ao vivo, a voz do cantor (remasterizada) é reproduzida em cima da música. Essa é a segunda vez que o show passa pelo Brasil, encerrando a turnê com uma apresentação em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna, nesta quinta-feira (31).
Em entrevista ao Virgula Música, o maestro Joe Guercio falou sobre os anos em que conviveu com Elvis Presley e também sobre o espetáculo. Leia na íntegra abaixo:
Virgula Música: Como você conheceu o Elvis Presley?
Joe Guercio: Eu estava no camarim do Sammy Davis Jr. depois de um show. Então, o Elvis bateu à porta. Todos nós saímos para jantar e foi assim que tudo aconteceu. Eu não era um grande fã dele.
Virgula Música: Como foi o convite para trabalhar com ele?
Joe Guercio: Depois que eu o conheci, aconteceu uma reunião com o Coronel Parker (empresário de Elvis). Isso foi um pouco antes das gravações do show That’s the Way It e me convidaram para trabalhar nisso. Eu topei. No primeiro ensaio, ele chegou até mim e disse ‘olá maestro!’. Então, ele apertou a minha mão. Não consigo descrever o que senti, mas ela tinha uma energia, um tipo de carisma que nunca mais encontrei em ninguém.
Virgula Música: Como era Elvis no cotidiano? Era uma pessoa de difícil convivência?
Joe Guercio: De forma alguma. Ele era uma pessoa muito doce. O carisma que ele tinha era uma coisa magnífica, jamais encontrei isso em outro artista. Tenho certeza que nunca haverá ninguém igual. Ele não tinha nada de superstar. No começo, nem mesmo queria um camarim exclusivo. Ele gostava de estar no meio da bagunça. A verdade é que Elvis foi uma pessoa única, era o mesmo no palco e fora dele.
Virgula Música: Há alguma situação muito engraçada que você tenha passado ao lado dele?
Joe Guercio: Uma vez, durante um show em Maryland, ele estava cantando. No meio de uma música, Elvis disse que precisava ‘dar uma saidinha, mas que voltaria logo’. Então, ele saiu de cena e eu achei que tinha alguma coisa errada. Então, ele voltou e disse: ‘desculpem-me por isso, mas o rei precisou sentar-se no tono. Vamos continuar’. Ele era um cara muito engraçado.
Virgula Música: Como era o seu relacionamento profissional com ele?
Joe Guercio: Nós conversamos sobre tudo, da iluminação aos arranjos. Mas, na verdade, ele é que cuidava da maior parte dos arranjos. Elvis também cuidava da produção dos shows. Algumas pessoas podem pensar que não, mas ele era extremamente dedicado ao trabalho.
Virgula Música: Você tocou inúmeras vezes ao lado de Elvis. Há alguma apresentação que você se lembre com um carinho especial?
Joe Guercio: Sempre foi incrível e ainda é. Quando Elvis entrava em cena, as pessoas enlouqueciam. O show Aloha From Hawaii, em Georgia, foi incrível. Além dele, eu lembro muito bem do show em São Paulo. Essa foi a primeira vez que fizemos uma apresentação para um público que não falava a nossa língua. Todo mundo sabia as letras, foi inesquecível.
Virgula Música: Você se lembra do último show?
Joe Guercio: Sim, me lembro. Não acho que tenha sido uma apresentação ruim, mas algumas coisas já estavam diferentes naquela época. Elvis tinha uma estrela muito grande, então bastava estar no palco para tirar as pessoas do eixo. Isso é uma coisa muito difícil de ser feita, por isso ele foi único. Ele fez sua fama com os seus shows, antes disso não havia nada comparável.
Virgula Música: E quando recebeu a notícia sobre a morte de Elvis? Você esperava que algo assim pudesse acontecer?
Joe Guercio: Estava com toda a orquestra dentro do avião. Havíamos acabado de embarcar para o show que nunca aconteceu. Quando soube, parece que o mundo congelou. Eu fiquei em choque, não consegui falar nada. Eu não esperava nada daquilo. Na verdade, ninguém esperava. O mundo todo ficou chocado.
Virgula Música: Você acha que ele gosta do formato do Elvis in Concert?
Joe Guercio: Eu acredito que sim! Algumas coisas continuam iguais, acho que ele gostaria. Elvis amava grandes canções e adorava estar no palco.
Virgula Música: E para você? Qual é a sensação?
Joe Guercio: É muito bom voltar no tempo. Para mim é uma honra poder participar disso tudo.
SERVIÇO:
Local: Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
Data: 31 de outubro (quinta-feira)
Horário: 21h
Classificação etária: 12 anos.
Setores e preços dos ingressos:
Back Stage: R$ 1.250
Ouro Central: R$ 420
Ouro Lateral: R$ 380
Prata: R$ 320
Bronze: R$ 220
Cadeira Coberta A: R$ 300
Cadeira Coberta B: R$ 280
PNE Cadeirante/Acompanhante: R$ 220
Vendas online:
http://www.ingressorapido.com.br