Educador, Filipe Edmo lança “Uma Canção para Derrubar Presidente”

A arte nunca calou, e graças a ela nossa história vem sendo contada para jamais ser esquecida. O mundo passou por revoluções, guerras, ditaduras, e embora as tentativas tenham sido inúmeras, embora muitos artistas tenham sido calados, o fato é que a arte sempre foi um instrumento de protesto, resistência cultural e política.

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E foi exatamente desse pensamento que nasceu o primeiro single de EDMO – trabalho solo do artista, pesquisador e educador Filipe Edmo, conhecido por ser fundador da Trupe Trupé e mais recentemente do projeto Siricutico, ao lado de Paulo Tatit da Palavra Cantada.

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O desabafo – em forma de um frevo pesado, com alma de rock – veio de uma conversa informal em uma roda de amigos, “Eu fiquei pensando no grande hino de Geraldo Vandré (Pra não dizer que não falei das flores), e senti a necessidade de escrever algo a respeito, porque ainda não consigo entender como o Brasil foi parar nesse lugar que está hoje”, explica Edmo.

Raízes politizadas 

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Eu vim de uma família muito politizada. Meu avô era analfabeto quando chegou em São Paulo, vindo de Minas Gerais. Cansado de ser explorado nas empresas em que trabalhava, passou a participar de reuniões de um novo partido político que falava muito sobre os direitos dos trabalhadores. Com isso, ele sentiu a necessidade de aprender a ler e escrever. Meu avô era Antônio Mariano, ele nunca foi político, mas sempre foi politizado. Meus tios foram perseguidos durante a ditadura, então, essa inquietude sempre fez parte da minha formação” conta o artista, que aos 14 anos já era presidente do grêmio estudantil.

Chegou um momento em que era preciso fazer escolhas, e a arte falou mais alto. Edmo se afastou da política como carreira, mas a ideologia sempre esteve presente em sua arte, e agora, nesse momento do Brasil, o compositor – que já teve canções gravadas por Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Filipe Catto, Tião Carvalho, entre outros grandes nomes da música – decidiu enveredar por uma carreira solo voltada para público mais adulto. Para o artista, Uma canção pra derrubar presidente, é uma homenagem às avessas, chega com dois pés na porta de um 7 de setembro, quem em 2022 vem sendo usado como palanque político e que traz um falso nacionalismo, que está longe de demonstrar o amor pela nação, mas que dissemina a violência, o preconceito e a intolerância.

Uma canção pra derrubar presidente é só o início de um projeto que promete uma trilogia de EPs. “A arte e a música sempre atuaram como forma de resistência. Não só existe há muitos anos como também é vasta, e eu fui colecionando uma tristeza e uma revolta a cada notícia desse atual governo, que já não conseguia mais represar”, acrescenta Edmo que garante que todo o seu trabalho virá carregado dessa força e inquietude.

Sobre Filipe Edmo: 

Diretor, ator, músico, compositor e pesquisador da cultura brasileira. Cursou Teatro –Licenciatura, na Faculdade Mozarteum e o curso de Extensão Universitária “Corporeidades Brasileiras e o trabalho do Ator/Bailarino” no Instituto de Artes da UNESP e integrou o grupo de estudos da mesma instituição que, posteriormente, resultou no grupo Azougue – Laboratório de Experimentação Cênica, (2013 – 2018) dirigido por Alício Amaral e Juliana Pardo (Cia Mundu Rodá).  Em 2010 integrou a equipe do Instituto Brincante como produtor. Em 2012 estreou como diretor e dançarino no espetáculo “Dias de Lua – Luiz Gonzaga e as Danças Brasileiras”, contemplado com o Prêmio FUNARTE Luiz Gonzaga 2012. Ainda em 2012 fundou a Trupe Trupé, grupo de artistas, educadores e pesquisadores que faz espetáculos para crianças.  Em 2021 criou, junto a Paulo Tatit, o projeto Siricutico – Corpo e Brincadeira.


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Educador, Filipe Edmo lança "Uma Canção para Derrubar Presidente"