A compositora, cantora e baixista Malli está lançando seu primeiro álbum homônimo. Ela mostra suas composições em searas musicais que antes nunca havia estado.
Malli topou o desafio de seu produtor musical Rafael Castro de fazer as canções mais “pop radiofônicas” que pudesse, sem deixar de lado toda a sua classe.
No disco, ela e Rafael Castro se revezaram em todos os instrumentos – Natan Oliveira (trompete) e Charles Tixier ( bateria eletrônica) tocam em três faixas.
Luisa Maita, Marcela Bellas e Danislau do Porcas Borboletas cantam em algumas faixas. Em 2014, Malli gravou um EP, intitulado de Blosson, quando ela ainda assinava Mali Sampaio e morava em Nova York, foi lançado em um pendrive card em 2014, masterizado pelo norte-americano Victor Rice e foi feito em parceria dela com artistas de vários países.
Com Blossom, a artista circulou bastante pelas casas de shows de São Paulo. E a fez tornar-se uma baixista conhecida na cena da música independente – foi integrante da banda das cantoras Bárbara Eugênia, Xênia França, Manallu, Nathalia Ferro, Marcela Bellas, integrou a banda do Teatro Oficina e o bloco de Carnaval Pagu, entre outras. Já em Nova York, foi baixista de Butch Morris, Kenny Wollesen, Ilhan Ersahin, McLin Ladell e Takuya Nakamura.
O que te motiva a fazer uma música nova?
Malli – Minha vida é uma correria danada, tem minha carreira, minha filha, as aulas de música que dou, projetos paralelos em que toco baixo, acaba que o prato cheio pra eu compor acontece quando encontro silêncio, tempo e tranquilidade pra dar aquele mergulho interno e pescar uma melodia, uma letra ou cadência e ficar lapidando com todo aquele carinho e esmero que uma nova canção precisa.
Se eu tivesse tempo, eu poderia compor toda hora, minhas inspirações para compor são desde as minhas alegrias e tristezas, uma pessoa que eu vi na rua, uma coisa que achei engraçada, alguma coisa que queira falar para a sociedade.
O que tá rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Malli – Sempre ouço alguns álbuns novos, gosto de certos timbres, da estética, me emociono com a forma que o artista abordou um tema e tals. Também tem essa coisa de playlist, single, a gente acaba tendo um acesso muito fragmentado da obra do artista, aí fica uma compreensão mais superficial… vai ver foi isso que me fez fazer o full álbum com os videozinhos, tipo um convite para pessoa dar um mergulho do começo ao fim no meu trabalho.
Que características crê que sejam mais marcantes da sua geração?
Malli – Claramente é uma geração que se liberta do gênero, que é feminista, e isso me dá um orgulho demais de fazer parte disso! É também uma geração sem preconceito de misturar timbres e gêneros.
As minas estão com tudo, onde falta avançar agora?
Malli – As minas sempre estiveram com tudo, Rosetta Tharpem, Mary Lou Williams, Nina Simone, Helena Meirelles já estavam por aí empoderadas e jogando duro há mil anos, é que agora a mídia está dando enfoque nisso, aliás já não era sem tempo, né? Então agora é aproveitar o flow, e seguir avante com força total!
Você veio do jazz e migrou para o pop, acha que isso ilustra bem o atual momento da música?
Malli – Eu não vim exatamente do jazz, mas eu bebi muito lá, gosto muito, me emociono, sou extremamente tocada por, mas ainda não verticalizei nisso, mas um dia chego lá…será? O tempo dirá (risos).