Da enxurrada de novas cantoras que surgem a todo momento,
poucas trafegam pela alta cultura e o popular como Ana Carolina. A maioria
canta bem, tem bom gosto, mas nunca irá agradar a gregos e baianos, vender milhões e ter milhões de seguidores no Facebook. 

Em seu novo álbum #AC, que chega às lojas na segunda
quinzena de junho e já pode ser ouvido no iTunes (aqui), a cantora e compositora abriu
mão da bateria e a trocou pelas programações eletrônicas e percussão.

Produzido por Alê Siqueira, o sexto álbum de inéditas dela tem canções pop perfeitas, como Combustível e Luz Acesa, já nas trilhas das novelas da Globo Amor à Vida e Flor do Caribe. Mas há ainda uma participação de Chico Buarque em Resposta da Rita, uma “continuação” do clássico dos anos 60, o incrível Guinga, em Leveza
de Valsa e instrumentistas como Marcos Suzano e Carlos Malta.

Leia trechos da entrevista concedida ao Virgula Música, por telefone, na quarta-feira (29), em que ela recusou a ideia de que o pop norte-americano e inglês estejam à frente do brasileiro, falou sobre as escolhas musicais do disco, em que abriu mão da bateria, e a impossibilidade de uma “fórmula mágica” para ser popular, entre outros assuntos.   

Você está lançando o #AC, como que é para você, quando
termina um disco já começa a pensar em outro. É um processo que tem ligação com
o anterior ou você parte do zero?

Já me dá vontade de fazer outras músicas diferentes. Dá
vontade de compor, na verdade, quando termina um disco.

E como que você amarra as histórias, para dizer essa vai
entrar, essa não vai?

Ah, não tenho muito essa coisa. As músicas que ficam
melhor eu coloco no CD, as que não ficam tão boas… Eu fui sentindo que nesse
disco eu não queria botar muita balada, então fui eliminando todas as baladas e
deixando só as de groove. E aí tem duas baladas no final que é bônus track.

E você também a preocupação de fazer uma coisa que vai em
várias direções, tem hip hop, eletrônico, samba, você que acha que é natural ou
uma coisa pensando para atingir o maior número de pessoas?

Não, essa coisa pensada para atingir o maior número de
pessoas eu acho que não. A verdade é que eu tirei a bateria do disco junto com
o Alê Siqueira, produtor, que é um gênio.

Tirar a bateria do disco para mim foi importante, uma vez
que eu sempre fiz os trabalhos com bateria. Então, eu fiz programações,
percussões, o que deu uma unidade ao disco porque até os sambas são todos
feitos com programações e percussões. E fica tudo harmonioso neste sentido.

E aí rolou uma harmonia bastante por conta disso. O Edu
Krieger
foi meu parceiro mais constante neste disco, temos cinco músicas juntos. Tem uma música com
Guinga, que eu fiz há um bom tempo. A gente gravou, eu fiz um videoclipe, em
que dirigi e editei, o Leveza de Valsa. Tem Un Sueño Bajo el Agua.

O disco tem
referências contemporâneas, modernas, não só o iPhone, que é uma crônica desse
aparelhinho eletrônico que muita gente tem. Além da coisa do iPhone, em Un Sueño eu faço uma referência à coisa da
internet, “Apple, ego, Google”. Por isso tudo
#AC. É uma coisa de
quem está muito tempo conectado. E é um disco essencialmente pop. A ideia de
botar um hashtag é dizer que é um disco para todo mundo. 

O que uma música precisa para ser popular?

Não sei. Se eu tivesse uma fórmula patenteava, sabe? Mas não
tem, né?

Mas a música que você gosta e é popular?

Não sei, não sei por que uma música se torna popular. Não
existe uma fórmula.

O Chico Buarque
participou do seu disco. E é uma coisa muito difícil conseguir…

Ele é um cara difícil…

Como foi esse processo, como que você conseguiu convencê-lo?

Eu acho que ele gostou da ideia da Resposta da Rita, aí ele
aceitou participar.

Você está indo para os Estados Unidos fazer uma turnê.
Você já tem uma carreira internacional bem consolidada ou está crescendo?

Acho que normal, assim. Faço uns teatros lá, vou fazer dois
dias em Nova York. Fazer Los Angeles, São Francisco, Miami, Boston. Acho que é
uma coisa que você vai colocando uma pedrinha a cada dia e a cada dia aparece
um público maior. É um negócio bom de fazer.

E você acha que o nosso pop já está chegando próximo do
deles ou ainda está longe?

Por que que você acha que o nosso pop teria que chegar perto
do deles. E o que é deles?

Eu digo em vendagem, volume, fãs, grana, show business
mesmo. Você acha que não deve nada ao pop americano, inglês?

Não, acho que ninguém deve nada a ninguém não.

Ouça Ana Carolina em Combustível

Veja Ana Carolina em Leveza de Valsa, com Guinga

Ana Carolina, Un Sueño Bajo el Agua, com Chiara Civello


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'É um disco essencialmente pop', diz Ana Carolina sobre '#AC'

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