Boiler Room Brazil X Skol Beats: com Mau Mau, Magal, Dudu Marote, Paula Chalup e Agoria
Créditos: Albano Mendes
O VCO Rox, projeto de música eletrônica de Dudu Marote aka Prztz e Paula Chalup, de São Paulo, leva seu live ao BOILER ROOM BRAZIL x SKOL BEATS. O site www.skolbeats.com.br transmite ao vivo nesta segunda (16), das 21h às 24h.
Ouça VCO Rox
Produtor de pesos pesados da música nacional, como o Skank, Dudu Marote, é também um respeitado nome da música eletrônica. Como parte do coletivo Jamanta Crew, fez turnês na Europa e Estados Unidos, teve faixas lançadas pelo essencial selo Classic, de Londres e Chicago, que reverberaram nas pistas dos maestros Derrick Carter e Mark Farina. Já sua parceira no crime, Paula Chalup, se notabilizou pelas mixagens precisas e pela elegância de seus sets, desde sua primeira residência no Hell’s Club, quando era conhecida apenas como DJ Paula e desde 97 como produtora.
Iniciado em 2010, o diálogo musical entre Dudu, ninja dos estúdios, dos sintetizadores e do Ableton Live e Paula, peça fundamental para estabelecimento do gênero eletrônico na metrópole, mostrou uma química perfeita na busca da grande música eletrônica, capaz de fazer a alma e a mente dançarem.
Leia, abaixo, o bate-papo que Dudu Marote levou com Claudia Assef sobre Boiler Room, produção de música no Brasil e ídolos das pistas.
Virgula – Vocês preparam o que vão tocar ou é tudo feito na hora?
Dudu Marote – É 80% feito na hora. Normalmente a gente prepara os primeiros 5 a 10 minutos.
Virgula – Mas tem o momento de tocar as músicas de vocês e tal…
Dudu Marote – Nunca sabemos qual é esse momento. Tanto que às vezes a gente até esquece de tocar nossas músicas.
Virgula – Hahahah, sério?
Dudu Marote – Já aconteceu muitas vezes, porque vai com o andar na parada.
E às vezes a gente pega um caminho que nem cabem nossas músicas. Por isso que a gente sempre prefere tocar mais tarde e em afters.
Virgula – É tipo free jazz então?
Dudu Marote – Total free jazz.
Virgula – Como é o setup do VCO Rox?
Dudu Marote – Hoje (no Boiler Room) a gente estreia um novo setup que faz a gente ter que improvisar mais ainda.
Virgula – Uia. E o que tem nele?
Dudu Marote – Paula agora vem com Live + Push, e eu com Push + Live + sintetizadores. A Push é uma mistura dos melhores pontos da MPC com uma doidera que se chamava Monome.
Virgula – E com isso vocês ficam com tudo à mão pra fazer o som que quiserem?
Dudu Marote – Isso. Porque a Paula agora tem muito mais pedaços de clipes, que são todos manipuláveis pela Push. O que faço tem muito a ver com a técnica de repeat da MPC que o Sany Pitbull sempre usou, que é um jeito de usar arpeggiator aplicando os grooves da MPC. Além de tocar notas normais também.
Virgula – Então você toca as paradas pré-gravadas como se fossem acordes?
Dudu Marote – Não. Toco nota por nota. Vou inventando na hora. O que rola é que crio vários instrumentos antes e tenho vários sintetizadores. Eu invento o que vou tocar de acordo com o que sinto na hora em resposta ao que a Paula toca.
Virgula – Entendi. E como é a conversa entre vocês na hora? Ou é só na olhada e já vai?
Dudu Marote – Só na olhada. Saco o tom e vai que vai. Agora já tenho uma manha de muitos anos pra não tocar demais pra não atrapalhar o groove.
Virgula – Tipo saxofonista chato que sola demais, né!
Dudu Marote – Nada pior que saxofonista chato que toca demais ainda mais com DJ!
Virgula – O VCO Rox já tem quantos anos de estrada?
Dudu Marote – O VCO Rox começou em 2010 da vontade que Paula e eu tivemos de inventar algo pra gente se divertir, mas ao mesmo tempo fosse desafiador e nos fizesse ter que evoluir. Quando começamos, centrávamos as coisas num sintetizador modular. Mas agora a gente se libertou disso e leva o equipamento que der vontade na hora.
Virgula – Então cada apresentação pode ser bem diferente da outra?
Dudu Marote – Com certeza, é totalmente diferente uma da outra. Se você olhar os vídeos do La Cocina (sério de vídeos inspirados no Boiler Room) vai sacar isso.
Virgula – E conta um pouco da expectativa de tocar no Boiler Room?
Dudu Marote – Sensacional. A gente começou a festa La Cocina há mais ou menos um ano, que brincava com essa estória de Boiler Room.
Quando eles chamaram a gente encaramos como um desafio maior ainda e nos preparamos muito. Mudamos o setup pra ser mais difícil ainda. Vamos estrear música nova, além de ser uma honra imensa tocar com o Magal, era frequentador da pista dele nos anos 80 no Madame Satã, e com o Mau Mau, que também tem um projeto com a Paula, o 2Attack.
Digo com orgulho que eu que lancei o álbum do Mau Mau, Music Is My Life, no selo Segundo Mundo, há uns dez anos. Conheci Mau Mau quando ele era dançarino do Edu K num show no Columbia no inicio dos 90, muito antes do Hell’s Club. E mais importante ainda, quando semanalmente eu ia ao clube Malícia, nos Jardins, pra delirar com o ainda DJ Maurício tocando em quatro toca-discos com um dos meus maiores ídolos ever e professor da música eletrônica, DJ Markinhos MS. Esta noite pra mim é meio qUE um fechamento de ciclo. Feliz.
Virgula – E o que mais vem por aí, do VCO Rox?
Dudu Marote – Eu tô muito entusiasmado com a ideia de fomentar uma produção de música eletrônica voltada pros próprios brasileiros. Sem se preocupar com lá fora. Fazer música que fale com a gente mesmo. E nessas tô organizando parcerias com gente que acho foda. Meio que organizando a casa com o objetivo de termos uma cena bem melhor. Hoje estreamos uma faixa VCO Rox x Anhanguera featuring Xis. E já temos pronta uma faixa VCO Rox com o Funky Fat featuring BNegão.
E a gente quer fazer muitas outras trazendo o input de rappers, cantores e diferentes produtores da música eletrônica do Brasil, sempre num esquema de jam session entre todos. Pra ser imprevisível mesmo.