O produtor musical Dudu Marote estava ao lado dos garotos do Skank quando os álbuns Calango (1994) e Samba Poconé (1996) se tornaram discos de diamante e caíram definitivamente no gosto do público. Dudu foi produtor da banda de 94 a 98 e depois foi respirar novos ares.

Mergulhou profundamente na música eletrônica, criou o coletivo Jamanta Crew, projeto de house music, e se firmou na cena eletrônica como Prztz, que segundo ele, é um projeto bastante consolidado.

De volta ao universo pop, Dudu produziu o disco novo do Skank, Estandarte, e conversou com o Virgula sobre a retomada da parceria com a banda e a ação da passagem do tempo na carreira dos músicos:

Você foi o produtor dos dois discos de maior sucesso do Skank. O que achou de produzir o nono disco da banda?
Trabalhei com o Skank de 94 a 98. Faz dez anos que não trabalhávamos juntos. E isso foi ótimo. Só agora que o meu coletivo de house, o Jamanta Crew, e meu trabalho de produção como Prztz já está totalmente consolidado é que foi possível parar pra me dedicar a produzir um artista novamente, no caso o Skank. Não pretendo voltar a produzir regularmente, o trabalho com o Skank só foi possível porque eles entenderam a importância do Jamanta.

Está feliz em voltar a trabalhar com a banda?
Passaram-se dez anos desde que eu deixei de produzi-los e enquanto eu me enfurnava nas festas eletrônicas, o Skank viveu sua fase rock, curtindo os sons britânicos. Ao contrário de 94, quando todos éramos fãs do eletrônico dancehall jamaicano, agora no nosso reencontro nossos ouvidos não tinham
afinação nenhuma. Por outro lado, estamos todos (bem) mais velhos e muito felizes com os nossos trabalhos. Logo nas primeiras sessões transpareceu um reencontro de amigos que se gostavam muito.

Depois de encerrar a parceria com o Skank, você se envolveu em muitos projetos de música eletrônica. Você trouxe para o pop esse lado mais eletrônico?
Me joguei totalmente na produção de música eletrônica a partir de 1999. As principais lições que tive desse mundo foram:

1. A importância do groove, do ritmo – acho que consegui entender muito melhor as variações da poliritmia, principalmente no techno;
2. A importância da sensação que uma música pode provocar – na música
eletrônica isso é fundamental. Música que não provoca algum tipo de sensação não serve.
3. A importância de um set contar uma história, fazer a festa, fazer as
pessoas se divertirem, seja lá de qual maneira

A sua parceria com a banda trouxe de volta uma pegada mais pop ao Skank, como nos primeiros álbuns?
Seria muito simplista da minha parte querer impor ritmos e sons eletrônicos que faço e acompanho no trabalho do Skank. Achei muito mais importante trazer o gosto pelo groove, pelas sensações e pelo prazer de divertir. Penso que o Skank é uma banda pra cima, de bem com a vida, e isso precisa se refletir no som deles. O meu trabalho nesses oito meses que ficamos juntos foi buscar esses objetivos.

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Dudu Marote, produtor do Skank, fala sobre a retomada com a banda