Camilla Loreta/Divulgação Dj Tudo e sua gente de todo lugar por

No primeiro trabalho com execução e arranjos da sua banda Gente de Todo Lugar, o DJ Tudo está lançando um compacto com duas músicas. Nele, o baixista, produtor e pesquisador optou por um caminho diferente, com uma solução quase doméstica, já que em seus cinco trabalhos anteriores reuniu músicos e sessões de gravações em diversos países.

“A linguagem sonora é uma significativa soma de toda a sofisticação desenvolvida pelo músico como agente catalisador, em suas diversas correntes de pesquisa rítmica e de riqueza cultural, desde o sertão brasileiro até recantos menos frequentados do planeta”, afirma o jornalista e crítico Lauro Lisboa Garcia, em texto sobre o lançamento.

O lado A, Pra Iemanjá é um jazz afro-brasileiro de DJ Tudo gravado ao vivo com ele ao baixo e Gustavo Souza (bateria e sampler), Monica Santos e Rafa Ella Nepomuceno (percussões), Rafael Martinez (guitarra), Marcelo Monteiro (flauta), Amilcar Rodrigues (trompete) e Filipe Nader (sax barítono).

O arranjo do tema de percussão é de uma antiga e expressiva parceira do produtor, Simone Sou, brasileira radicada hoje na Holanda. No dançante lado B, Moda do Racismo – Sinhá Sereia há uma fusão de duas modas compostas e cantadas por Dona Anecide Toledo. Os instrumentistas citados acima, juntaram-se Cesinha e Kelli Garcia (no coro e na percussão).

Natural da cidade de Capivari, Dona Anecide, de 82 anos, é a mais importante compositora e intérprete do batuque paulista e é um símbolo de resistência dessa cultura na região. Bello a conheceu em 2000 na festa de São Benedito de Tietê-SP, e a partir nutriu respeito e admiração por ela.

O mundo musical de Alfredo Bello, hoje mais conhecido como DJ Tudo, baixista, produtor e pesquisador, virou há quase 30 anos de carreira, desde que largou emprego de office boy e comprou o primeiro instrumento.

É bacharel em contrabaixo acústico pela Universidade de Brasília. Com trabalho de pesquisa e parceria com sua gente de todo lugar, acaba de ser contemplado pelo 26º Prêmio da Música Brasileira por Gaia Música Vol.1, como melhor álbum eletrônico. Como pesquisador e criador do selo Mundo Melhor, criado há 12 anos, mergulhou fundo na cultura brasileira gravando congados, maracatus, carimbós, afoxés, banda de pife, baianá, folias de santos, entre muitas outras tradições e lançou mais de 30 títulos.

Com um acervo de mais de duas mil horas de gravações, o DJ Tudo tem um trabalho único de aprofundamento no Brasil contemporâneo, de extrema importância para preservação da cultura brasileira.

Ele é mais ou menos o que Mário de Andrade (1893-1945) seria se vivesse hoje. Com certeza, ele usaria seu smartphone para gravar cultura popular, criaria memes macunaímicos e talvez estivesse curtindo os aspectos mais vanguardistas da cultura eletrônica.


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DJ Tudo olha para o próprio quintal e destaca sua Gente de Todo Lugar

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