O DJ e produtor Andy Smith


Créditos: Divulgação

O DJ e produtor Andy Smith é um dos grandes destaques da cena soul na Inglaterra. Sua discotecagem traz para a pista uma mistura de hip hop, dub, ska e, claro, soul music, com viradas magistrais, que atraiu a atenção de Geoff Barrow, líder dos Portishead, e fez de Smith o DJ oficial da icônica banda de trip hop dos anos 90. Em sua primeira visita ao Brasil, o inglês se apresenta em duas conhecidas festas que rolam na capital paulista: Groovelicious, nesta quinta-feira (24), no Lions Nightclub, e Talco Bells, na sexta (25), no Cine Joia.

Responsável pelos beats dos primeiros álbuns dos Portishead, Dummy (1994) e Portishead (1997), Andy contribuiu com seu profundo conhecimento da black music para a criação da sonoridade tão reverenciada da banda britânica. “Conheci Geoff [Barrow] em uma festa no final da década de 80. Nós nos demos bem e conversamos muito sobre música. Depois disso ele me convidou para o projeto e foi incrível”, conta Andy Smith em entrevista exclusiva ao Virgula Música.

Sobre o desafio de criar beats para as músicas de Barrow, o produtor diz que tirou de letra: “estávamos muito envolvidos no trabalho e sempre conversávamos sobre tudo aquilo, então eu sabia exatamente o que ele queria. Foi uma parceria muito agradável e tenho grandes lembranças”. A parceria ultrapassou as paredes dos estúdios e acabou na estrada, quando Andy foi convidado para excursionar com os Portishead e ser o DJ responsável por abrir os shows do grupo.

“Parece fácil, mas ser DJ de warm up [esquenta] é uma tarefa bem difícil. Você precisa aquecer o público para a grande atração da noite, mas não pode tocar todos os grandes hits. É preciso saber dosar e chegar por caminhos alternativos”, explica. “Eu conheço um grande DJ do Reino Unido que foi convidado para abrir uma discotecagem para outro cara. Ele tocou todas as músicas que não poderia um pouco antes de terminar seu set e, quando foi sair da cabine, falou ‘se vira’. Mas eu não sou tão malvado assim”, brinca.

Na era dos ‘DJs pop’, que enlouquecem multidões batendo palmas e girando botões, Andy Smith é um ferrenho defensor da discotecagem com vinil: “Eu acho que a tecnologia trouxe grandes vantagens ao ofício de DJ, mas eu prefiro tocar na maneira antiga, gosto do vintage. A minha praia é ver rótulos e não linhas de textos. Eu uso o Serato, é claro, mas não faço disso minha única ferramenta. Onde está a habilidade quando o DJ usa programas para virar todas as faixas? Vou lutar pelo vinil até que essa batalha não seja mais possível”.

Dá o play para acompanhar a entrevista ao som do cara:

 

Leia abaixo a entrevista na íntegra:


Virgula Música: Você se lembra de como foi a primeira vez que viu um DJ tocando?

Andy Smith: Sim, isso é inesquecível. Acho que foi no finalzinho da década de 70, no auge da era disco. Mas, o que mais me marcou, foi a primeira fez que vi um cara fazendo scratch. Era o Davy DMX, em turnê com o rapper Kurtis Blow, durante um show em Bristol. Aquilo me deixou de boca aberta, era uma coisa completamente nova para mim.

Virgula Música: Muita coisa mudou de lá para cá na profissão de disc-Jóquei. Em sua opinião, como a tecnologia está afetando a discotecagem?

Andy Smith: A tecnologia atraiu muito a atenção das pessoas para o DJ, sobre isso não há duvidas. Hoje temos DJs que são como estrelas do rock e ganham milhões. Mas eu, pessoalmente, gosto de ouvir um pouco mais da faixa do que os 30 segundos que eles a deixam tocando. É bom que a tecnologia ajude os profissionais a criar mais, só que, no meu caso, eu prefiro o método ‘old school’.

Virgula Música: Muitos DJs que fazem scratches gostam da segurança que os sistemas digitais (como o Ie Tractor e o Serato) proporcionam. Você prefere o vinil ao digital?

Andy Smith: Eu usei o Serato algumas vezes durante as turnês internacionais que fiz com o Portishead, mas logo depois eu desisti. Foi um teste para ter certeza que estava segundo o caminho certo. A verdade é que gosto de ver rótulos girando e não linhas de texto. Onde está a habilidade quando o DJ usa programas para virar todas as faixas? Vou lutar pelo vinil até que essa batalha não seja mais possível.

Virgula Música: Como é uma discotecagem perfeita para você?

Andy Smith: Quando percebo que as pessoas estão se divertindo e aprendendo. Que estão ouvindo coisas que nunca ouviram antes e estão plenamente dispostas a passar pela experiência e estão aproveitando cada segundo.

Virgula Música: Após tantos anos nas picapes, o que te impulsiona a continuar na estrada?

Andy Smith: Sem dúvida nenhuma são os novos sons que posso descobrir e compartilhar com as pessoas.

Virgula Música: Quais DJs te chamam atenção hoje?

Andy Smith: Na cena hip hop são três caras: Jazzy Jeff, Cash Money, DJ Format. Para sons antigos são Keb Darge, Dave Crozier e Butch – o maior DJ de soul music no Reino Unido. Também tem o Gladdy Wax, que toca ska/ roots. Todos eles tocam coisas muito boas e as unem de forma magnifica.

Virgula Música: Seus sets são inspirados em clássicos das décadas de 60, 70 e 80. Qual sua opinião sobre a música produzida hoje?

Andy Smith: Não gosto do r&b que é produzido atualmente. Acho frio e nada dançante. Para mim, os clássicos são extremamente instigadores. Além disso, durante minhas pesquisas continuo descobrindo coisas incríveis dessas décadas. É uma fonte quase inesgotável. Ainda há muito que aprender com os artistas das antigas gerações.

SERVIÇO: 

Groovelicious – Lions Nightclub
Quinta-feira, 24 de abril
Abertura da casa: meia noite
Line up: Andy Smith, Tamenpi e Nuts
Valores:
Com lista: Mulher VIP até 1h30. Após esse horário, R$ 50,00 consumação
Homem R$ 40,00 entrada ou R$ 90,00 consumação
Nomes para: (groovelicious@agenciaeq3.com.br – enviar nomes até às 20h)
Sem lista: Mulher R$ 40,00 entrada ou R$ 60,00 consumação
Homem R$ 80,00 entrada ou R$ 120,00 consumação

Talco Bells – Cine Joia
Sexta-feira, 25 de abril
Abertura da casa: meia noite
Line up: Andy Smith, Bruno Torturra, Elohim Barros, Filipe Luna, Guilherme Luna
Valores:
R$ 30,00 (antecipado) / R$ 45,00 (na porta)
Classificação etária: 18 anos


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