Não sei se vocês estão sabendo, mas recentemente Billy Corgan inaugurou uma casa de chá em Chicago para levantar uma grana por fora do Smashing Pumpkins, já que levar essa vida de músico ‘independente’ e pagar todas as contas não é uma tarefa das mais fáceis. Daí pensamos que aqui no Brasil o quadro não é nada diferente, e com situações bem mais hard. Para fazer esse din din aparecer, alguns músicos se agilizaram e se tornaram empreendedores, inaugurando bares, lanchonetes, barbearias, lojas, etc. O importante mesmo é se virar do jeito que dá!
Jão, do Ratos de Porão, por exemplo, junto com um sócio abriu o Underdog (R.João Moura, 541, Pinheiros), um bar no maior estilão folk texano com parrilhas argentinas e cortes especiais, para somar nas contas. “Viver de rock no Brasil, dentro dessa cena underground é complicado, fica meio inviável. Então o bar virou uma necessidade”, conta ele. “Queria abrir um negócio meu para ter disponibilidade em poder continuar tocando com o Ratos, e o bar foi uma solução, pra correr em paralelo ao que faço musicalmente”, diz.
Sobre qual dos jobs que faz o din din mais entrar no caixa, o guitarrista vai direto: “Os shows ainda me dão mais lucro, pois o bar é novo, tem seis meses e estamos naquela fase de pagar o investimento que foi feito e tal. Mas ele ajuda a pagar minhas contas, dá uma somada boa!”.
Alan Feres, da banda Rock Rocket, arrumou um jeitinho de unir sua paixão (música) e necessidade ao criar a Fatiado Discos (R. Havaí, 31, Perdizes), uma loja especializada em vinil, mas que também vende umas brejas descoladas.”Hoje dependo da loja. Antes eu vivia só da banda, mas eu envelheci, minha filha nasceu e minhas necessidades mudaram.É bom ter tempo pra se dedicar à banda, mas ter grana também é bom”, conta o baterista. “Hoje recebo discotecando, com a loja e com a banda. Mas vejo na loja uma estabilidade maior”, complementa.
Para ele, além de pagar as contas, é importante manter o espirito musical intacto: “Seria bem mais confortável viver como um rockstar, apenas tocando, ensaiando, e cumprindo agenda de shows e imprensa sempre chapado, tiraria isso de letra, mas prefiro ter vários trampos relacionados a coisas que gosto do que mudar o som da banda pra fazer sucesso”.
Já Badauí, vocalista do CPM 22, foi outro que também se jogou no ramo do empreendedorismo. “Sempre pensei em ter outra fonte de renda além da banda e queria ter algo que tivesse a ver comigo”, conta o músico, que se uniu com o sócio Kichi, e montaram o Cão Véio (R. João Moura, 871, Pinheiros), um bar com carta extensa de cervejas especiais. Para o cardápio, chamaram o chef (e também músico) Henrique Fogaça, que aceitou entrar na parada na hora. “O bar veio como um outro negócio mesmo, com o intuito de ajudar nas contas do mês. No meu caso, levo a banda como uma paixão”, conta ele, que é vocalista do Oitão.
“Ninguém investe para perder dinheiro. Claro que, quando abri o Cão Veio eu queria lucrar”, diz Badauí, que consegue se manter com o retorno financeiro da banda. Já Fogaça, revela que o bar dá mais grana que sua banda “A Oitão já possui certa fama no meio e recebemos muitos convites para shows em todo o Brasil, mas o Cão Veio me dá mais lucro”.
Sobre estar trabalhando sempre no bar, o vocalista do CPM conta: “Minha presença no bar é diária. Só não estou presente aos finais de semana, quando estou fazendo shows. Consigo levar numa boa os dois ’empregos’.
Aliás, não é de hoje que músicos se aventuram em outros negócios. De Sepultura a Seu Jorge, de Chitãozinho e Xororó a Ivete Sangalo, e até o rei Roberto Carlos; saiba quais os artistas brasileiros que têm achado uma outra forma de fazer um pé de meia.
Músicos e seus negócios
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