David Bowie


Créditos: divulgacao

Após uma década de silêncio e incógnitas, o camaleônico David Bowie ressuscita aos 66 anos com o lançamento de The Next Day, seu novo álbum que chega às lojas nesta segunda-feira (11).

Mestre da reinvenção e uma das referências da cultura glam, o veterano cantor encerrou, sem prelúdios midiáticos, sua longa reclusão com um 30º álbum de estúdio infestado de elementos invocadores do mais puro estilo bowiniano.

Seu golpe de efeito foi instantâneo: 14 novas canções e três músicas extras dão forma à ressurreição musical de Bowie, cujo impacto tem uma magnitude inversamente proporcional ao sigilo extremo que rodeou o processo de gravação.

Produzido pelo veterano Tony Viscontti, seu homem de confiança, The Next Day foi lapidado durante os últimos dois anos em um estúdio do Soho nova-iorquino sob o mais estrito dos segredos.

O artista britânico estabelecido em Nova York surpreendeu de novo ao permitir no dia 2 de março a audição íntegra e gratuita por “streaming” do disco no iTunes durante um período limitado.

Em geral, a crítica se mostrou mais que magnânima ao celebrar o novo projeto de Bowie, que alguns tacharam de “provocador” e “audaz”.

O álbum também provocou suspiros nos nostálgicos com referências a Lodger (1979) e Scary Monsters (1980), com uma capa inspirada nas pinturas de Erich Heckel e a letra do primeiro single, Where Are We Now?, que transportam a Berlim dos anos 70 e ao Bowie de Heroes (1977).

A música I’d Rather Be High lembra Ashes To Ashes, enquanto o saxofone ganha força em Boss of Me; e o Bowie mais brincalhão e sussurrante dá as caras em Dancing Out in Space.

A essência mais rock e os riff têm seu lugar em canções como (You Will) Set The World On Fire enquanto com You Feel So Lonely You Could Die Bowie deleita o público com outra de suas certeiras baladas.

The Next Day condensa o mais icônico do artista de Brixton (Londres) que atingiu seu auge em junho de 1972 com o lançamento de The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars.

Nesse disco, David Robert Jones (seu nome real) relata a inverossímil história do personagem Ziggy Stardust, um alienígena bissexual e andrógino transformado em estrela do rock que combina duas das obsessões do cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica.

Esse peculiar e excêntrico personagem foi apenas uma das múltiplas personalidades que adotou ao longo de sua carreira. Da criatividade sem fim de Bowie surgiriam outros alter ego como Aladdin Sane e White Duke, uma reinvenção inesgotável que lhe permitiu explorar facetas diferentes.

A esta autêntica febre por Bowie contribuirá o museu londrino Victoria & Albert, que inaugura no próximo dia 23 de março uma ampla exposição sobre o músico britânico.

Na mostra, o V&A explorará a influente carreira do músico por meio de 300 objetos seus selecionados entre mais de sete mil, como alguns de seus extravagantes figurinos e instrumentos.

Desde que em 2006 o cantor anunciou que se tomaria um ano sabático, foram muitos os que choraram sua prolongada ausência e que agora recebem com entusiasmo esta “overdose” de Bowie.

Sua prolongada retirada, que deu pé a rumores sobre sua saúde, foi quebrada apenas com algumas colaborações pontuais como sua aparição por surpresa em um show de David Gilmour (Pink Floyd) no Royal Albert Hall, em 2006, ou sua colaboração no álbum de canções de Tom Waits lançado em 2008 pela atriz americana Scarlett Johansson.


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David Bowie rompe silêncio de uma década com "The Next Day"