Cantora e compositora, Dani Câmara já queria falar sobre o encontro afetivo entre pessoas pretas quando, num insight, a palavra dengo veio para ela numa melodia improvisada. “Então comecei a pensar sobre o real significado da palavra, que amplia possibilidades para além do que chamamos de amor ou chamego nas relações e nos modelos ocidentais e coloniais” – explica ela.
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“De origem banto, da língua quicongo, de Angola, a palavra inserida no português reúne um conjunto de afetividades em poesia ancestral no encontro de corpos que unem seus corações e narrativas pretas em diáspora. A batida do coração, a mandinga, o juntar manhoso de corpos que se encontram, se atravessam e são atravessados produzindo formas de viver do lado de cá do Atlântico com auto estima, empoderamento e cura” – continua.
Com referências de Jorge Benjor e de músicas como “Emoriô”, de Gilberto Gil e “Maracatu Nação do Amor”, de Moacir Santos, Dani Câmara compos e depois gravou a canção no estúdio Mc2 Estúdio com produção musical de Dedê Silva.
O single é lançado simultaneamente ao videoclipe, com direção da própria artista. “Essa é uma canção para celebrar o encontro afetivo preto em quilombo íntimo. No single, no clipe e em todo material visual do projeto busco produzir diálogo, representatividade e ampliação das imagens de afeto entre pessoas pretas e LGBTQIAP+ em posição de protagonismo, contrapondo as imagens esteriótipadas e violentas que são produzidas sobre nossos corpos e subjetividades” – declarou Dani.
“Dengo Preto” foi vencedor na categoria música inédita do edital Firjan SESI Cultura 2023.