Depois do sucesso de Circus, de 2008, Britney Spears provou que era capaz de superar seus problemas pessoas e ir além do turbilhão de notícias sobre rehab, festas sem fim e escândalos familiares.

Britney perdeu a guarda dos filhos, surtou, frequentou diversas clínicas de reabilitação e chegou a raspar a cabeça, mas tudo isso ficou de lado quando retornou aos estúdios com hits como Circus, Womanizer e If U Seek Amy. Mas, depois da história de superação que a indústria do pop norte-americano tanto gosta, veio o mais difícil: descobrir o que vem depois do final feliz.

O resultado desse esforço de continuar seguindo em frente traz boas surpresas. Femme Fatale consegue englobar diversas tendências da música atual, e isso é mais do que se pode dizer de muitos lançamentos pop, como o álbum mais recente de Katy Perry, Teenage Dream, e o EP Cannibal, de Kesha.

Femme Fatale confirma que o pop atual praticamente não existe sem a influência da dance music. Se os hits do começo da carreira da cantora eram canções de bases simples com refrões fortes, hoje a força está exatamente na estrutura: acelerada, com BPMs lá em cima e muitos sintetizadores.

A onda da dance music no pop, popularizada pelo francês David Guetta, hoje é uma fórmula seguida à risca por produtores como Dr. Luke e Max Martin, responsáveis pela maioria das faixas de Femme Fatale. A própria Britney já havia flertado com a dance music em faixas como Toxic, por exemplo, mas nada chega perto da supremacia que o estilo exerce em Femme Fatale.

Outra tendência explorada por Britney em seu novo álbum é o dubstep, que em 2010 chegou com força total ao mainstream graças a nomes como Rusko, Skream e seu projeto com Benga e Artwork, o Magnetic Man. A cantora utiliza alguns elementos do gênero em pequenos trechos das músicas Hold it Against Me, Inside Out e How I Roll, mas não chega a fazer de fato alguma faixa que possa ser chamada de dubstep. É um flerte discreto, mas que mostra que a cantora está atenta a sonoridades diferentes e disposta a arriscar mais do que o normal.

Femme Fatale é daqueles álbuns feitos para estourar nas paradas da Billboard: o disco tem hits no estilo “muita festa, refrões farofa e glitter espalhado pelo ar” de Till The World Ends (não por acaso, a faixa foi escrita por Kesha) ; pancadões Black Eyed Peas como Big Fat Bass (que conta com a participação de, olha só, will.i.am); e singles redondos e autotunados como Hold it Against Me. Um pouco de tudo que está estourando nas paradas nos últimos meses.

Mas o álbum tem mais do que faixas facilmente rotuláveis, caso de How I Roll (uma música totalmente improvável com um ótimo refrão e uma cara de verão) e a divertidíssima Gasoline, que lembra os primeiros hits da cantora, com seus refrões redondinhos e sensualidade à flor da pele.

Mesmo que Femme Fatale seja irregular e de certa forma previsível, parece que a capacidade de Britney de fazer hits continua funcionando. É bom que o novo álbum de Lady Gaga seja realmente bombástico – porque vai ser difícil conseguir tirar Britney do topo da Billboard nos próximos meses.


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Dance farofa e dubstep convivem em álbum novo de Britney Spears

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