É bem provável que você lembre de Thalles Cabral por sua interpretação de Jonathan, filho de Félix (Mateus Solano) e Edith (Barbara Paz) na novela Amor à Vida, da Rede Globo, papel que o tornou conhecido nacionalmente. Mas, o rapaz de apenas 23 anos vai além daquele rosto conhecido da TV; ele possui uma carreira respeitável no teatro com mais de 25 espetáculos acumulados, entrou recentemente para o cinema protagonizando o filme Yonlu, e agora se mostra apto em mais uma vertente artística: a música. O ator gaúcho lançou Utopia, o primeiro álbum de sua carreira musical, e ainda roteirizou e dirigiu os próprios videoclipes. Seria Thalles um artista completo?
“Eu sempre me interessei por música. Com 11 anos de idade pedi um violão de Natal, e com 16 eu já tinha um número considerável de composições próprias“, diz Thalles em exclusiva ao Virgula. “Com certeza meu trabalho como ator influencia na música, porque as minhas canções têm uma coisa de contar histórias, são personagens, e o ‘Utopia’ tem uma narrativa, é dividido em dois atos“, explica sobre o trabalho que é todo cantado em inglês e possui influências de artistas gringos. “Radiohead é uma grande referência pra mim não só para o disco, mas é uma das minha bandas favoritas da vida, então acho que isso acaba derramando no que faço”, diz.
Na conversa, Thalles também nos falou em qual cenário se sente mais confortável: na música, teatro ou televisão? E comentou sobre o clipe de You, The Ocean and Me, que acaba de ser lançado e tem a participação das gêmeas albinas Lara e Mara Bawar. De quebra, adiantou como será o show de lançamento de Utopia, que acontece neste sábado, 25, no Teatro Mars, em São Paulo, onde todos estão convidados.
Confira a conversa abaixo e se jogue no belíssimo mundo mágico de Thalles.
Virgula: Você é conhecido por seus trabalhos como ator. Quando sentiu que também poderia ser músico? Como foi essa transição?
Thalles: Foi uma transição muito natural e despretensiosa. Eu sempre me interessei por música. Com 11 anos de idade eu pedi um violão de Natal e já comecei a fazer aulas de música. Eu sempre esperava pelo momento que a gente fosse falar de composição nas aulas, só que esse momento nunca chegou. Então, eu comecei a fazer isso em casa, sozinho, sem saber como funcionava esse processo de composição. E foi sempre muito intuitivo. Com 16 anos, eu já tinha um número considerável de músicas, de composições próprias, foi quando eu paguei duas horas de estúdio em São Paulo para registrar isso. Eu queria gravar de forma acústica. Daí passou um tempo e o produtor do estúdio me ligou, disse que tinha escutado o que eu tinha gravado e que via bastante potencial em mim. Ele me propôs de gravar um EP. Eu nunca tinha pensado até então de gravar um EP, eu nem sabia o que era um EP. E ai fui pra casa, comecei a pensar nisso e comecei a ficar cada vez mais empolgado. Isso fazia muito sentido pra mim apesar de não ter experiência nenhuma, e foi muito interessante.
Onde você se sente mais confortável hoje: no mundo da música, ou atuando em teatro, cinema e TV?
Isso é relativo e tem que considerar o tempo de experiência que eu tenho em cada uma dessas cenas. O que veio primeiro foi o teatro, comecei a fazer com 7 anos de idade, e então o palco sempre foi a minha segunda casa. A música veio junto com a televisão: eu estava gravando o EP quando eu soube que tinha passado nesse teste da novela em 2013, final de 2012, e o cinema é o mais recente, mas fiquei extremamente apaixonado também pela experiência. Mas, eu acho que é no teatro e na música que eu me sinto mais confortável justamente por já ter um tempo nesses dois segmentos. Acho que o palco é onde eu me sinto mais confortável hoje.
O álbum Utopia tem influências que vão de Bon Iver a Radiohead. Quais foram as referências para compor o disco?
Interessante, porque o Radiohead é uma grande referência pra mim não só para o disco, mas é uma das minha bandas favoritas da vida, então acho que isso acaba derramando no que eu faço. E Radiohead foi sim uma influência para o Utopia. Além disso escutei muito Elliott Smith, Florence and the Machine, Lorde , Arcade Fire, Jeff Buckley (que é um artista que eu escuto sempre e gosto muito dele como interprete e compositor. Acho as letras dele fantásticas). Acho que essas foram as maiores influências.
Capa de Utopia, criada pelo alemão Valentin Fischer
O álbum possui uma estética poética, quase lírica. Quanto do seu trabalho como ator influencia na sua música?
Meu trabalho como ator influência na música, sim, porque as minhas canções têm uma coisa de contar uma história, são personagens, e o Utopia tem uma narrativa, é dividido em dois atos. Ele tem uma questão um pouco teatral e teve todo um conceito. Todas as músicas flertam com esse tema da utopia e com certeza o meu trabalho como ator influencia. Tem também o fato dos clipes, quando eu escrevo as músicas eu já tenho a ideia na cabeça de quando eu for gravar o clipe. Eu penso em cada canção de maneira muito cinematográfica.
Falando em clipes, você roteirizou e dirigiu You, The Ocean and Me. Como foi estar do lado de trás da câmera?
Quando eu estava escrevendo o primeiro roteiro do clipe de Sad Boys Club, considerei chamar alguns diretores para dirigir, mas foi quando eu entendi que não fazia o menor sentido chamar alguém de fora, porque eu já tinha tão certo na minha cabeça o que eu queria fazer, e sou tão cirúrgico que não seria interessante para ninguém, nem para mim e nem para esse outro artista porque ninguém ia conseguir se divertir fazendo. Não vejo muito sentido em chamar alguém e deixar a pessoa sem liberdade para criar. Acho que isso seria um problema, porque eu tinha exatamente o que eu queria. Então, quando você assiste aos clipes de Sad Boys Club e You, The Ocean And Me, eles já são pensados muito musicalmente. Eu tenho esse lado muito específico do que eu quero. Então, estar do lado de trás da câmera foi ótimo para mim, eu nunca tinha dirigido nada, mas tive a sensação de que já tinha feito isso a muito tempo. E hoje eu gosto muito, aprendo muito no set e cada fez vez mais penso em desafios, quero explorar coisas novas. Já tenho o roteiro de um clipe novo que quero rodar no início do ano que vem, e tenho esse projeto visual que quero fazer para cada faixa do Utopia. Estou feliz dirigindo e pretendo continuar.
O clipe de You, The Ocean and Me tem a participação das gêmeas albinas Lara e Mara Bawar. Você já as conhecia?
Eu as conheci através de uma amiga que me mostrou uma foto onde estavam as duas juntas, e elas estavam usando tranças, e uma trança se misturava com a trança da outra, de costas uma pra outra, era uma foto linda. Fiquei muito impressionado e fui buscar mais coisas delas na internet, e foi quando descobri que elas eram brasileiras. Fiquei muito empolgado, queria fazer alguma coisa com elas mas não sabia o que exatamente. Quando comecei a roteirizar You, The Ocean and Me, pensei no casting e tinha esse núcleo da cena que é uma estufa que tem esses personagens que estão em cima de cubos, meio estáticos. Foi aí que lembrei delas e falei ‘seria incrível se elas participassem’. Entrei em contato com a assessoria delas e falei do projeto, do que eu imaginava, e recebi a resposta delas dizendo que tinham gostado. Mandei algumas referências visuais e elas compraram muito a ideia. Conheci elas no dia do set e foram muito queridas, fofas, carinhosas e foi muito divertido. Depois do clipe eu tive o feedback de que elas gostaram muito e ficaram bem impressionadas com o resultado final. Foi um encontro incrível.
Cenas de 'You, The Ocean And Me', de Thalles Cabral
Créditos: Diego Rodrigues
Você já fez filmes, novelas, lançou álbuns e dirigiu clipe. Tem algo que você tem vontade de fazer e ainda não pôde?
Eu tenho alguns projetos novos para o ano que vem, quero muito produzir um espetáculo de teatro. É um roteiro de filme e quero adaptar para os palcos. Também tenho muita vontade de levar o show do Utopia para rodar pelo país e fazer mais filmes. Já tenho músicas prontas para o álbum novo, quero dirigir esses clipes também do Utopia, fazer mais novelas, mais séries. Tenho vontade de fazer tudo isso.
No sábado, 25, você fará o show de lançamento do álbum. Qual é mais difícil, estar no palco cantando ou atuando?
São duas coisas bem diferentes pra mim, até porque quando você está atuando, você está ali para um personagem, e no palco cantando tem isso também de você criar uma persona mas é muito você, é o Thalles cantando. Não que isso seja mais difícil também, cada uma dessas vertentes têm suas complexidades, mas eu não sei dizer o que é mais difícil e nem o que é mais prazeroso, eu gosto muito de fazer essas duas coisas, me sinto muito feliz e realizado fazendo os dois.
SERVIÇO:
Thalles – Show de lançamento de Utopia
Sábado, 25 de novembro, às 23h
Local: Teatro Mars, Rua João Passalaqua, 80 – Bela Vista – São Paulo
Ingressos: https://www.sympla.com.br/thallesutopia
1º lote: R$ 40,00 (+ R$ 4,00 de taxas) inteira
2º lote: R$ 50,00 (+ R$ 5,00 de taxas) inteira e R$ 25,00 (+ R$ 2,50 de taxas) meia
Capacidade: 500 pessoas
Censura: 16 anos
Evento: https://www.facebook.com/events/183363422236818/?ti=icl