Uma coisa é certa: os ingleses do Arctic Monkeys e os suecos do The Hives desembarcaram no Brasil afim de encontrar diversão. Os caras vieram pra causar (no bom sentido, claro!). Primeiro, foi na quinta (13) quando resolveram cair na night paulistana e se jogaram em uma casa rocker no Baixo Augusta, em São Paulo. As almas (sortudas) presentes, relataram que ambas as bandas (que também são bróders), dançaram muito na pista e saíram de lá só às 6h da manhã. Já na sexta (14), a diversão foi voltada para o público brasileiro. Os gringos subiram ao palco da Arena Anhembi para fazer a alegria da galera, na maioria jovens, mulheres, e com os olhos brilhando pelos vocalistas das duas bandas (o rock faz isso, né?).
James Brown branquelão
Pegue o espirito punk, umas guitarras distorcidas meio garage, uma vontade louca de se divertir e uns ternos bem alinhados. Pronto, você tem o The Hives no palco! O show dos suecos em SP foi bastante em cima do último disco dos caras, Lex Hives (2012), mas não deixou de lado as conhecidas Tick Tick Boom, Die, Allrigt!, Main Offender e claro, o hit Hate You Say I Told You So. O lema dos caras é: divirta-se e deixe se divertir! Aliás, a performance de Pelle Almqvist é um detalhe à parte.
Nem os problemas técnicos que rolaram na guitarra de Nicholaus Arson e o tombo que o vocalista tomou em certo momento, o desanimou de fazer um showzão. A interação dele com a platéia é tipo, nota mil! Pelle falou em inglês, espanhol e muito português. Perguntava se o público o amava, pedia (carinhosamente) para calarem a boca quando preciso, para bater palmas, para gritarem o nome da banda, e para não ficarem tristes ao final do show, tudo com aquela voz de showman. Certa vez, um amigo disse que o vocalista do Hives é o James Brown branco (não em influência, talento e alma soul, mas sim em performance e interação). É, depois do show de ontem, nós concordamos com ele.
Rebolou, rebolou, e ‘quase’ não falou
O AM entrou pontualmente às 23h (são ingleses, né?), e já mandaram Do I Wanna Know, seguida de Snap Out Of It. No meio da faixa, Alex Turner (que virou sexy symbol rocker após colocar os cabelos para trás, sacar uma jaqueta de couro do armário e aprender a rebolar/sensualizar no palco) cumprimenta a plateia: “São Paulo, nõs somos o Arctic Monkeys” — e esta foi a única interação com a plateia durante os primeiros quarenta minutos de show.
“Fala com a gente um pouco, pô”, ouvimos alguém do público resmungando. É, o show dos ingleses não afagou nem um pouco o ego carente dos brasileiros. A frase mais elaborada do vocalista durante toda a apresentação foi: “São Paulo, obrigado por nos receberem aqui nesta noite maravilhosa”. O que eles esbanjaram em pontualidade, economizaram na simpatia. Talvez tenha sido uma decepção pra uma parte do público que ficou tomando chuva para finalmente ver a banda inglesa em território brasileiro que não pertencesse a algum palco de festival. Mas, parece que não fez muita diferença pra maior parte que estava lá, considerando a quantidade de gritos, assovios, suspiros e pulos durante todo o show.
O setlist foi composto de faixas do álbum AM (2013), o que agradou o público que apenas se aproximou do trabalho da banda a partir dele, e que trouxe a mudança mais sensível no som dos ingleses. Mas quem amava a bateria rápida e os versos cuspidos dos dois primeiros álbuns da banda também foi contemplado — nem tanto, é claro. Pelo menos deu pra lembrar porque Matthew Helders é um dos bateristas mais F*DAS em atividade. E, suas baquetas, mais a iluminação frenética de Brainstorm forneceram um momento memorável pra gente.
O Arctic Monkeys é uma banda excelente e corretíssima no palco. Isso ninguém discute. Os caras são uns dos artistas mais relevantes que os anos 2000 deram para o rock — quiçá a mais. Mas Alex, não custava tanto assim tentar ser um pouquinho mais caloroso com o público, né? Afinal, estamos no Brasil, e de carisma a gente gosta. Se solta, migo!
(por Itaici Brunetti e Odhara Caroline Rodrigues)