Cultura Inglesa Festival 2012


Créditos: Adri Felden/Argosfoto

Em abril, a organização do Cultura Inglesa Festival surpreendeu muita gente com o anúncio da escalação do Franz Ferdinand para a programação deste ano, afinal não é sempre que um evento com entrada gratuita traz ao Brasil um artista do porte da banda escocesa. Alexandre Matias, curador musical do evento, garante que as próximas edições contarão com outras surpresas. Em entrevista ao Virgula Música, ele disse que o festival já tem novos nomes em mente e que pretende expandir sua programação para além do rock.

O 16º Cultura Inglesa Festival acontece neste ano em cinco cidades paulistas, a partir deste domingo (27). Além do Franz Ferdinand estão escaladas para os line-ups as bandas de rock britânicas The Horrors e We Have Band. “Para 2013, estamos pensando em contar com outros elementos que não sejam apenas rock. Tanto em 2011 quanto este ano, calhou de trazermos bandas com o formato ‘baixo, guitarra e bateria’. Queremos trazer artistas de música pop, eletrônica e de outros gêneros que também representam bem o conceito de música pop inglesa”, afirmou Matias.

No bate-papo, o curador musical afirmou, ainda, que o Franz Ferdinand não foi o primeiro nome cogitado para o line-up de 2012. Ele afirma que a intenção original era trazer ao País uma banda que nunca havia se apresentado por aqui. Em razão de conflitos de agenda, no entanto, esses artistas tiveram de ser descartados. Sem citar nomes, ele afirma que tentará trazê-los em edições futuras. Confira, a seguir, a entrevista com Alexandre Matias.


O Cultura Inglesa Festival pensava em trazer o Franz Ferdinand há bastante tempo? De onde surgiu esse interesse?

Na verdade, a gente pensou em trazê-los este ano mesmo. O ano passado foi a primeira edição do Cultura Inglesa Festival com uma programação de shows musicais. Por isso, estávamos preocupados em trazer nomes legais mas, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas entendessem que se trata de um festival e não do show de um artista conhecido com algumas bandas de abertura. Trouxemos, então, o Gang of Four, que é uma banda estabelecida mas não tão grande, e os novos artistas Miles Kane e Blood Red Shoes.

Este ano, resolvemos dar um segundo passo: trazer uma banda com apelo público maior. O Franz não foi nossa primeira opção pelo fato de eles já terem tocado no Brasil. Adoramos a banda, mas queríamos algo inédito. Contatamos alguns artistas, mas não deu certo. O Cultura Inglesa Festival acontece na mesma época dos grandes festivais de verão da Europa e nos EUA e, por isso, é difícil acertar a agenda. Acabamos fechando com o Franz. Eles ficaram super felizes, pois adoram se apresentar no Brasil.

O que você espera do show do Franz Ferdinand no domingo?
O Franz está fechando as gravações de seu quarto disco e devem tocar músicas novas. Não dá para garantir nada, porque não interferimos no set list. Porém, eles fizeram três shows no último fim de semana e em todos tocaram três músicas novas, além de uma versão de I Feel Love, da Donna Summer, que morreu na semana passada. Acho que eles também devem fazer algo em homenagem a Robin Gibb, dos Bee Gees (que morreu no último domingo).

Você pode dizere quem são os artistas que estava cogitando como headliner, antes do Franz Ferdinand?
A gente prefere não citar porque alguns desses nomes ainda são opções para trazermos no festival do ano que vem. Respondendo de uma forma genérica, a gente tem a intenção de trazer bandas que estão acontecendo agora, bandas novas. Queremos também buscar algumas bandas dos anos 90 que ainda estão em atividade. Para 2013, estamos pensando, ainda, em ter outros elementos que não sejam apenas bandas de rock. Podem ser artistas de música pop, eletrônica e outros gêneros, que também representam bem o conceito de música pop inglesa.

Qual é o conceito por trás do Cultura Inglesa Festival?
Primeiro, a gente tem a intenção de falar com um público jovem, entre 18 e 30 anos. Por isso, trazemos artistas que têm esse apelo. Também temos o objetivo de traçar algum tipo de panorama, um recorte desse enorme universo que é a música pop inglesa. No ano passado, optamos por bandas que têm uma estética mais crua, um rock mais básico. Este ano, temos um rock mais moderno. Se há um ponto em comum entre o Franz, o The Horrors e o We Have Band é que são bandas influenciadas pela dance music. São bandas de rock, mas têm um pé bem estabelecido na música eletrônica.

No festival do ano passado, muita gente se surpreendeu com os shows do Miles Kane e do Blood Red Shoes, que são artistas desconhecidos no Brasil. Há a preocupação do festival de sempre apresentar artistas novos?
Com certeza. Não vale a pena ter um evento calcado apenas em medalhões. A gente está cansado de ver festivais ou shows que trazem artistas vivendo basicamente do passado. Ao montar a programação, após escolher a banda principal, começamos a procurar bandas menores justamente com esse viés. Procuramos trazer coisas que algumas pessoas mais antenadas já conhecem, como o The Horrors. Ao mesmo tempo procuramos bandas que estão acontecendo agora na Inglaterrra. Isso não necessariamente tem a ver com a possibilidade de ela se tornar grande ou de ser uma aposta; é muito mais um recorte do que as pessoas estão ouvindo hoje na Inglaterra.

Hoje, há muitos festivais acontecendo no Brasil hoje. Você vê alguma dificuldade em achar algum tipo de originalidade para produzir o Cultura Inglesa Festival?
Não. Eu acho que o festival tem uma cara muito específica pelo fato de ser uma celebração da cultura inglesa. Acho que quando fazemos um festival dentro de um parque, que não tem venda de bebidas alcoólicas, que começa durante o dia e não vai até altas horas da noite, a tendência é que seja um festival mais tranquilo. É um tipo de evento que acontece na Inglaterra há muito tempo. O evento em São Paulo acontece no Parque da Independência justamente para trazer essa característica da cultura inglesa para o Brasil. Como o festival é gratuito, também não temos a obrigação de esgotar ingressos nem de trazer artistas muito conhecidos.

Como vê a produção musical na Inglaterra, atualmente?
A Inglaterra, assim como o Brasil e os Estados Unidos, é um dos principais países em termos de produção musical no mundo. A Inglaterra também passa por algumas fases melhores e algumas fases piores, mas dificilmente deixará de ter essa importância na cena musical. Talvez a novidade mais importante da Inglaterra, hoje, seja o dubstep, que é uma vertente da dance music. Como disse, não temos a necessidade de ficar preso ao formato de uma banda de rock. O festival pode ir para um lado mais dançante quanto para um lado mais câmara, mais sossegado, de artistas que tocam instrumentos acústicos, por exemplo.

Na cidade de São Paulo, o Cultura Inglesa Festival voltará a acontecer no Parque da Independência?
Precisamos primeiro ter o feedback deste ano, ver como foi o festival deste próximo fim de semana. Adoramos o Parque da Independência, mas de repente podemos crescer ainda mais ou fazer uma versão com dois dias. Esse ano também houve a novidade de levar artistas e DJs para outras cidades além da capital. Pode ser que no ano que vem haja outras mudanças de estrutura. Por enquanto, não posso cogitar nada ainda.

Quais os artistas de que você mais tem orgulho de ter conseguido escalar para o Cultura Inglesa Festival?
O Gang of Four é uma banda que gostei muito de ter chamado, porque sou fã. Também sou fã do Franz. Tenho discos das duas bandas e fui em shows delas. Porém, tem um lado que acho até mais legal que é apresentar bandas novas. O The Horrors vi ano passado, em Londres, e é um show muito bom. Para quem gostou do disco, acho que o show é até melhor. O We Have Band é uma boa surpresa. Eles têm um repertório bem interessante, e o disco é muito bom. Acho muito legal poder apresentar bandas novas brasileiras e estrangeiras. É um dos grandes baratos desse tipo de evento.

 

SERVIÇO – SHOW DO CULTURA INGLESA FESTIVAL:

São Paulo
Data: 27 de maio
Horário: a partir das 11 horas
Local: Parque da Independência
Endereço: Av. Nazareth, s/n – Ipiranga
Atrações: Franz Ferdinand, The Horrors, We Have Band, Garotas Suecas, Banda UÓ, King Crab (Banda de alunos vencedora Let’s Rock Together), Broth3rhood (Banda de alunos vencedora Let’s Rock Together), Sociopatas (banda alunos vencedora Cult in Music)

Campinas
Data: 2 de junho
Horário de abertura da casa: 17h
Local: Campinas Hall
Endereço: R. Armando Strazzacappa, 130 – Fazenda Santa Cândida
Atrações: We Have Band, Banda UÓ e Sociopatas

São José dos Campos
Data: 2 de junho
Horário: 18h
Local: SESC
Endereço: Av. Adhemar de Barros, 999 – Jardim São Dimas   
Atrações: The Horrors, Garotas Suecas e Broth3rhood

Sorocaba
Data: 3 de junho
Horário de abertura da casa: 17h
Local: Plaza Hall
Endereço:  Rua Cabreuva, 530 – Jd Iguatemi
Atrações: The Horrors, Garotas Suecas e Sociopatas

Santos
Data: 3 de junho
Horário de abertura da casa: 17h
Local: Capital Disco
Endereço: Avenida General Francisco Glicério, 206 – Campo Grande
Atrações: We Have Band, Banda UÓ e Broth3rhood

A programação completa do Cultura Inglesa Festival, que conta ainda com palestras, mostras de cinema e outros eventos, pode ser conferida no site oficial do evento


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Curador do Cultura Inglesa Festival quer expandir programação para além do rock