Divulgação Damien Rice

Com o álbum My Favourite Faded Fantasy, lançado em 2014, Damien Rice pôs fim a um hiato em sua carreira que já durava oito anos. Depois de lançar seu segundo disco, 9, em 2006, o músico irlandês chegou a falar que havia quebrado: em meio às crises de identidade e de criação por que passava, sua relação com a cantora Lisa Hannigan, que o acompanhava desde os tempos do seu primeiro álbum, O, acabou ruindo. Tudo isso colaborou para que Rice escolhesse passar um tempo em introspecção, longe dos holofotes. “Eu sentia como se a minha pele não fosse minha”, disse em entrevista ao Virgula.

Rice, que se apresenta hoje no Cine Joia, em São Paulo, ainda falou sobre as mudanças na maneira como faz música e enxerga a vida e como chegou a compôr cerca de 100 músicas nesse tempo de hiato. Vem dar uma olhada:

O que mudou em você e na maneira como você faz música desde os tempos de O e 9, quando você ainda estava trabalhando com a Lisa Hannigan? 

De algum jeito, tudo mudou. Eu vejo o mundo de uma maneira muito diferente do que via antes. No passado eu levava as coisas a sério demais, mas agora tendo a ver humor nas coisas que antes me frustrariam.

Mas, por outro lado, muito pouco mudou. Eu ainda como, durmo, toco música e tenho uma mania de pensar demais. Então, acho que a mecânica básica continua muito parecida, mas a minha perspectiva sobre as coisas está diferente.

Como você passou esses 8 anos de hiato entre o 9 e o My Favourite Faded Fantasy

Eu estava trocando de pele, principalmente. Eu sentia como se a minha pele não fosse minha, mas sim alguma coisa que eu tinha emprestado da minha família, amigos, amantes ou qualquer outra coisa. Foi muito refrescante tirar um tempo para deixar para trás hábitos e crenças antigas que pareciam estar programadas dentro do meu comportamento e substitui-los por algo que parecia sair de mim de uma forma muito mais autêntica. É claro, eu provavelmente sou afetado por outras coisas agora, talvez de uma maneira mais sutil. Podemos ser nós mesmos verdadeiramente sem sermos afetados por nossas experiências? Ou são elas que constroem aquilo que realmente somos? Questões como essas poderiam abrir uma longa discussão.

Quando e por que você percebeu que precisava gravar esse novo álbum?

Não foi porque eu precisava, eu queria. Eu só não sabia como, porque eu continuava destruindo qualquer coisa que eu tivesse feito antes mesmo de terminar. Foi o Rick Rubin [produtor do disco] quem me ajudou a deixar de lado essa marreta.

Em uma entrevista ao jornal Irish Independent, você diz que chegou a compor cerca de 100 músicas, mas que só 8 delas foram de fato para esse novo álbum. O mundo vai poder ouvir essas outras músicas que ficaram “para trás” algum dia? 

Eu gostaria de trabalhar mais nessas músicas que ficaram de fora, mas novas músicas continuam surgindo e eu não consigo acompanhar esse ritmo. A composição acontece mais rápido do que a gravação, então eu tenho uma infinidade de músicas na minha lista ‘a serem gravadas’.

Essa é a terceira vez que você vem para o Brasil (as duas primeiras foram em 2007 e 2009). O que podemos esperar dos seus shows agora? 

Eu não costumo fazer um setlist, então não sei ainda o que vou tocar. Mas provavelmente vai ser um mix de músicas de diferentes álbuns, já que eu tendo a pular de um álbum para o outro quando estou no palco.

Reprodução/Facebook Damien Rice

SERVIÇO

Damien Rice @ Cine Joia

Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade
22 de outubro, quinta-feira
Abertura da bilheteria – 20h
Abertura da casa – 21h
Horário previsto para o show – 23h


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Conversamos com Damien Rice, o trovador melancólico do indie que toca nesta quinta em SP

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