Conheça o homem por trás do show imortalizado de Bruce Dickinson em SP (Foto: Divulgação)

Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, registrou sua performance em São Paulo em um projeto ambicioso dirigido pelo diretor ítalo-brasileiro Leo Liberti. O show foi captado com 16 câmeras, e a música “Resurrection Man” se tornou o destaque, com uma edição que combina imagens de diferentes momentos da turnê “Mandrake’s Project”, feita pelo diretor francês Antoine de Montremy.

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Liberti, conhecido por trabalhos com bandas como Megadeth, Dee Snider e Judas Priest, além de prêmios no Grammy, Cannes e Clio, comentou sobre a importância desse projeto. “Trabalhar com Bruce sempre foi um sonho. Para quem ama Heavy Metal, isso é como atingir o topo”, afirmou. No entanto, ele destacou os desafios enfrentados até chegar à colaboração: “No início, fui rejeitado para dirigir os clipes do álbum, mas, com o tempo, consegui superar as barreiras e mostrar o meu trabalho.”

A produção do show em São Paulo apresentou desafios técnicos. Inicialmente, foi convidado a gravar com uma configuração de apenas duas câmeras, o que ele considerou insuficiente para capturar a energia do espetáculo. “Mobilizei 16 câmeras e uma equipe dedicada, usando todas as parcerias que tinha para realizar o projeto,” explicou Leo.

A faixa “Resurrection Man” possui um significado pessoal para o diretor. “O conceito de ressurreição sempre foi algo importante para mim. O clipe não seria ao vivo inicialmente, mas acabou se transformando em algo especial.”

Além de Bruce Dickinson, o projeto envolveu também o engenheiro de som Brendan Duffey, que mixou e masterizou o álbum, e Antoine de Montremy, responsável por capturar momentos da turnê. O resultado foi um videoclipe que busca proporcionar ao público uma experiência imersiva. “Quero que os fãs se sintam como se estivessem no show, que vibrem com cada momento, de cada ângulo”, finaliza Liberti.

Confira a entrevista de Leo Liberti na íntegra

Virgula: Como foi a experiência de trabalhar diretamente com Bruce Dickinson e a equipe do Iron Maiden? Alguma história de bastidores que você possa compartilhar?

Trabalhar com o Bruce e o Iron Maiden sempre foi um sonho. Acho que todo fã de rock e heavy metal tem o desejo de trabalhar com eles, é como atingir o topo da carreira. Mas, para chegar lá, não foi um caminho fácil. Um dos maiores desafios no mercado europeu, além de provar sua competência, é superar a barreira geográfica. Para os americanos, é mais simples. Se você entrega bem, no prazo e com um preço competitivo, eles te contratam. Já os europeus, muitas vezes, olham com mais desconfiança, como se questionassem: “Será que o seu sangue é nobre o suficiente?”. No início, foi difícil ser aceito. Alguns amigos da área me indicaram para fazer os primeiros clipes de um álbum novo, mas fui rejeitado. Só depois, por uma reviravolta do destino, que o sangue ítalo-brasileiro acabou sendo aceito, e finalmente tive a chance de trabalhar com eles.

Virgula: A música “Resurrection Man” possui uma energia intensa. Como você traduziu essa vibração para as imagens do clipe?

“Resurrection Man” tem uma vibração muito especial para mim. O título, a simbologia da ressurreição e até a referência ao personagem de quadrinhos são elementos importantes. O que eu mais queria transmitir com o clipe era justamente essa ideia de renascimento e os caminhos difíceis que temos que enfrentar para chegar lá. Quando a ideia do clipe surgiu, ele não seria ao vivo. Havia um clipe gravado pelos ingleses, mas as circunstâncias mudaram, e acabamos transformando essa história em algo muito pessoal, quase como um renascimento meu também. Tudo se alinhou, apesar dos desafios e das barreiras, e conseguimos expressar isso nas imagens.

Virgula: O que mais te impressionou na performance ao vivo de Bruce Dickinson em São Paulo? Como você capturou essa essência no clipe?

Falar sobre a performance do Bruce, como frontman incrível que ele é, seria chover no molhado. O que eu quero destacar, principalmente para cineastas, artistas independentes e empreendedores, é que o que parece inalcançável só se torna possível com muito trabalho e persistência. Trabalhar com o Iron Maiden, mesmo com o Bruce na frente, envolve toda uma equipe por trás, e isso era uma meta para mim. Quando me contrataram para gravar em São Paulo, a ideia inicial era gravar um teaser do show ou inserir imagens no novo clipe que seria produzido na Inglaterra. Na hora, disseram que eu teria apenas uma ou duas câmeras. Mas eu sabia que isso não capturaria toda a energia do show, então reuni o máximo de recursos que tinha, amigos, equipamentos, e levei 16 câmeras. Isso só foi possível graças ao networking e às amizades que cultivei. E foi assim que consegui registrar toda a vibração da apresentação.

Virgula: Com tantos prêmios e colaborações de peso no currículo, o que fez este projeto com Bruce Dickinson se destacar para você pessoalmente?

No início, acharam que eu estava louco por sugerir 16 câmeras. Diziam: “Não estamos te pagando para isso”. Mas eu sabia que o resultado seria o que importava no final, e, quando o material fosse entregue, ninguém mais lembraria da “loucura”, só do resultado. Acabei filmando o show inteiro, não apenas uma música, e isso gerou a possibilidade de até transformá-lo em um DVD, o que ainda está sendo cogitado. Uma das coisas mais desafiadoras é mostrar a visão que os outros não conseguem ter. Muitas vezes, a equipe de produção, os managers e os jornalistas não conseguem imaginar o que o material captado pode se transformar. Mas, com persistência, consegui montar uma edição da faixa “Resurrection Man” e, depois de algum tempo, esse material foi mesclado com imagens da turnê registradas pelo Antoine de Montremy. O resultado final foi um videoclipe oficial. O caminho até lá foi complicado, mas nunca impossível.

Virgula: Você já trabalhou com outros grandes nomes do heavy metal, como Megadeth e Judas Priest. Como o projeto com Bruce Dickinson se compara a essas outras experiências?

Trabalhar com o Megadeth foi uma experiência incrível. O Dave Mustaine tem uma personalidade forte, mas também é extremamente coerente e focado no trabalho e nos negócios. Ele e sua equipe são muito profissionais. E isso é uma diferença que vejo ao trabalhar com americanos: tudo é baseado em competência, entrega, preço competitivo e respeito. Com o Judas Priest, tive a oportunidade de gravá-los no Knotfest, no Brasil, junto com o Rafael Pensado. Foi uma experiência tranquila e muito legal. Cada banda tem suas particularidades, algumas são mais fáceis de lidar, outras mais desafiadoras. Mas o que nunca pode acontecer é o preconceito, seja de qual tipo for. Isso é algo ridículo e infelizmente comum no meio, mesmo que de forma velada.

Virgula: O que você espera que os fãs de Iron Maiden e Bruce Dickinson sintam ao assistir ao clipe de “Resurrection Man”?

Eu quero que os fãs sintam a energia do show como se estivessem lá, capturando cada momento, cada ângulo, como se tivessem vários olhos. No DVD, tento ser o “olho” de cada pessoa no público, para que o espectador tenha a sensação de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, captando o melhor de cada ângulo. Um show ao vivo é uma experiência física e energética, mas quando você grava, o seu dever é potencializar isso, entregar um extra para quem está assistindo de casa. Além de uma boa gravação, é encontrar a melhor forma de combinar todos os olhares em um só arquivo, de forma bela, poética e plástica. O que eu gostaria de dizer aos fãs é que nada é impossível. Você vai enfrentar obstáculos, ser subestimado, mas com ousadia, competência e dedicação, as coisas acontecem. E o principal: ame a arte acima dos artistas. A arte vem de um lugar divino, enquanto os artistas, por vezes, podem ter falhas humanas.


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Conheça o homem por trás do show imortalizado de Bruce Dickinson em SP

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