Uma garota está sentada no chão de uma boate lotada em Hoboken, Nova Jersey, aos prantos e segurando um drinque na mão.

Ela é fã de Mark Eitzel, que também dá a impressão de estar a ponto de chorar, enquanto canta suas baladas de mágoa e desespero. Seus olhos se fecham, seus joelhos dobram, e ele está tão bêbado que acaba caindo de costas no chão.

Suas canções não suscitam tantos aplausos quanto incômodo, por serem tão cortantes e profundas. Mais do que um show, o público parece estar assistindo a uma sessão de terapia catártica.

Ao final de cada uma de suas apresentações de uma hora, nas quais ele é acompanhado apenas por um violão acústico, a platéia está exausta. Mas as pessoas deixam o local dizendo que nunca na vida viram nada igual.

“Acho que é meu trabalho me revelar por inteiro”, disse Eitzel em entrevista à Reuters. “O problema é que, se você escreve letras arrancadas de sua própria alma, é muito exaustivo ter que cantá-las todas as noites.”

Na condição de vocalista da banda American Music Club, de São Francisco, Eitzel foi um dos pioneiros do chamado movimento sadcore, que fundiu cantores folk depressivos como Nick Drake com as atitudes punk expressas por bandas como Joy Division e Husker Du.

A banda conquistou uma base sólida de fãs na Grã-Bretanha e alcançou um pico nos EUA, em 1991, com o álbum “Everclear”, no qual tratava sem rodeios da epidemia da Aids.

O álbum foi saudado pela revista Rolling Stone como o melhor do ano e acabou levando a banda a assinar contrato com a Warner Brothers.

Mas o sucesso não continuou, e a banda acabou se desfazendo em 1994.

Como artista solo, Eitzel já colaborou com membros do R.E.M, Sonic Youth e Yo La Tengo, e ampliou seus horizontes para incluir influências do jazz e dos ritmos eletrônicos.

Seu álbum mais recente é “Music For Courage and Confidence”, no qual aplica seu estilo eclético a uma série de canções cover.


int(1)

Compositor sadcore Mark Eitzel retorna do inferno em turnê