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(Foto: Hans Peter/divulgação) The Gift

Trabalhar com Brian Eno, músico, compositor e produtor de álbuns clássicos do U2, David Bowie, David Byrne e Coldplay é o sonho de todo artista, e os portugueses do The Gift conseguiram realizar tal conquista que parece inalcançável para tantos. Para o novo trabalho de inéditas, ALTAR, que acaba de ser lançado, a banda da cidade de Alcobaça recrutou o renomado britânico, com uma ajudinha brasileira. “A nossa história com Brian Eno começa exatamente no Brasil, e por essa razão o disco tem essa ligação forte com São Paulo e Rio”, diz o baixista e tecladista John Gonçalves em exclusiva ao Virgula.

O nosso compositor Nuno Gonçalves conheceu Brian em São Paulo e Rio num trabalho com o AfroReggae na favela do Vigário Geral, em 2011“, explica John, e continua. “Um ano depois, tivemos a felicidade de tocar em Vigo, Espanha, e o Brian estava lá de ferias. O convidamos para o show e ele gostou muito do que viu. Mais tarde, em Londres, a Sónia Tavares, nossa vocalista, e o Nuno o convidaram oficialmente para trabalhar conosco neste disco e ele aceitou“.

“Além de produzir, Brian assina a autoria com o Nuno e Sónia, e toca em todas as músicas e canta também. Ou seja, a sua participação não foi meramente de produção, mas de co-composição, o que obviamente traz um cunho forte do Brian ao disco“, diz o baixista sobre ALTAR.

E a colaboração de peso não para por aí: para a mixagem, os portugueses contrataram o trabalho do produtor Flood, conhecido por suas colaborações com U2, Depeche Mode, The Smashing Pumpkins, The Killers, entre outros grandes nomes do rock e pop mundial.“O interessante destas colaborações em ‘Altar’ é que Brian e Flood não trabalhavam juntos desde o ‘Achtung Baby’, do U2, então ficamos felizes por ser a razão deste reencontro”, comemora John.

Para celebrar todas essas conquistas, o The Gift aterrissa no Brasil em dezembro para mostrar o resultado de ALTAR ao vivo. O grupo se apresenta dia 4 no Blue Note Rio, no Rio de Janeiro, 5 na Casa Natura Musical, em São Paulo, e 6 no Sesc Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. “Estamos no nosso melhor momento enquanto banda e os brasileiros vão ter oportunidade de ver um show muito versátil, onde a voz e a performance da nossa cantora Sónia Tavares é algo marcante e inesquecível“, adianta John.

Confira o papo completo abaixo:

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Arte por Jaime Silveira

Virgula: Como foi trabalhar com Brian Eno? E como conseguiram convencê-lo a trabalhar com vocês?

John Gonçalves: a história com Brian Eno começa exatamente no Brasil e por essa razão o disco tem essa ligação forte com São Paulo e Rio. O nosso compositor Nuno Gonçalves conheceu o Brian no Brasil e esteve com ele em São Paulo e Rio num trabalho com o AfroReggae na favela do Vigário Geral, em 2011. Um ano depois, tivemos a felicidade de tocar em Vigo, Espanha, e o Brian estava lá de ferias. O convidamos para o show e ele gostou muito do que viu. Mais tarde, a Sónia e o Nuno, em Londres, o convidaram oficialmente para trabalhar conosco neste disco e ele aceitou. Muito resumidamente, esta é a história, mas obviamente que Brian só faz o que lhe apetece.

Brian Eno esteve com vocês o tempo todo na gravação? 

Este disco teve uma dinâmica muito própria porque ficávamos numa casa em Galiza, Espanha, durante 15 dias e depois passávamos de três a quatro meses sem gravar, voltávamos depois a nos encontrar por mais 15 dias e assim foi por cinco sessões, sempre nessa casa, e por fim uma sessão de gravação no estúdio do Brian em Londres, e outra no nosso estúdio em Alcobaça, Portugal.

ALTAR possui uma sonoridade eletrônica. Essa direção tem a ver com a produção de Brian ou é uma direção que a banda já tinha em mente trilhar?

Eu acho que este disco tem uma sonoridade eletrônica, nem sempre dançante, mas também tem muito mais. Achamos que o forte do disco é ser eclético e apontar para vários caminhos. O Brian além de produzir, assina a autoria com o Nuno Gonçalves e a Sónia Tavares, além de tocar em todas as músicas e cantar também. Ou seja, a sua participação não foi meramente de produção, mas de co-composição, o que obviamente traz um cunho forte do Brian no disco. No entanto, nós temos vários discos em que a eletrônica se junta harmoniosamente com outras estéticas, de forma muito sútil, o que aconteceu neste disco também. Penso que o Brian apenas apurou uma direção que a banda já tinha em mente.

Capa de ALTAR

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A mixagem foi feita por Flood. Qual trabalho dele vocês usaram como referência para a mixagem?

O Flood aparece neste disco porque é um dos produtores que mais admiramos e porque o Brian o conhece muito bem. O interessante desta colaboração é que Brian e Flood não trabalhavam juntos desde o Achtung Baby, do U2, e então ficamos felizes por ser a razão deste reencontro. O Flood é um artista, produtor de renome internacional que trabalhou com os maiores artistas do mundo. A sua sensibilidade é muito forte e foi importante ter se apaixonado pelas canções.

E como foi trabalhar com Flood? 

Para nós, o trabalho do Flood já aparece como é óbvio numa fase terminal e apesar de querermos que ele assistisse às gravações num dado momento, isso não foi possível. O que o Flood fez foi elevar as canções para outro patamar técnico, artístico e estético. O Brian já tinha muito claro como ele queria as mixagens. Ele não queria grandes alterações na estrutura das canções e o Flood trouxe ao disco algo novo, a sua visão das canções sem grandes alterações do que estava feito, mas elevou o disco a um patamar de excelência sonora e técnica.

O vídeo de Big Fish foi gravado no Rio de Janeiro? Por que escolheram a cidade brasileira?

Nós queríamos que Big Fish tivesse ares de verão e em janeiro de 2017, quando gravamos o vídeo, o Brasil era a opção certa. Eu sou amigo da Duda de Almeida há alguns anos e a banda já tinha trabalhado com ela na realização de um mini-documentário que fizemos quando tocamos no Rock in Rio de 2013 com o grupo Afrolata. Desta vez, o trabalho era diferente e a Duda percebeu muito bem o que queríamos e fez um trabalho magnífico, que depois foi finalizado em parceria com o nosso produtor português Paulo Costa Pinto. Ficamos muito contentes com o resultado, assim como ficamos com o videoclipe de Love Without Violins, gravado em Portugal, com o de Clinic Hope, gravado em New York. Agora, temos o lançamento do You Will be Queen agendado para início de dezembro. Este, gravado na Austrália.

No Rio de Janeiro vocês vão tocar no Blue Note Rio, que é uma casa de jazz. Em qual aspecto o The Gift se encaixa dentro do jazz?

Nós conhecemos muito bem o Blue Note de New York e dentro do nosso grupo temos um excelente músico de jazz, dos melhores portugueses, de nome Mário Barreiros, que nos acompanha na bateria há muitos anos. O que o Blue Note Rio se propõem é ter uma programação de jazz, mas não só. Todas as músicas podem ter lugar na sala desde que tenham uma elegância e uma estética de qualidade – que os nossos 23 anos de carreira e este disco com o Brian Eno, eu acredito, comprovam. Esperamos que o público de jazz goste da nossa proposta artística, mas não tenho dúvida de que vamos levar um novo público a uma sala nova, com muita qualidade técnica, que fazia falta no Rio de Janeiro.

O que os fãs brasileiros podem esperar dos shows atuais do The Gift?

Será uma turnê centralizada no disco ALTAR, que tem sido apresentado em vários locais do mundo, como nos festivais Summer Stage, SXSW, Eurosonic en Gronningen e The Great Escape, além de outras cidades como Amsterdã, Berlim, Londres, Barcelona, Madrid, sem contar uma turnê muito grande por Portugal e Espanha. Além deste novo disco, haverá espaço para as nossas músicas mais emblemáticas, visto que a celebração do nosso vigésimo aniversário – quando lançamos o nosso livro, documentário e caixa com 4 DVDS dos 20 anos – não passou pelo Brasil. Achamos que estamos no nosso melhor momento enquanto banda e os brasileiros vão ter oportunidade de ver um show muito versátil, onde a voz e a performance da nossa cantora Sonia Tavares é algo marcante e inesquecível.

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(Foto: Hans Peter/divulgação) The Gift

SERVIÇO:

The Gift no Brasil – Turnê de lançamento de ALTAR

Rio de Janeiro

Quando: segunda, 4 de dezembro, às 22h
Onde: Blue Note Rio – Av. Borges de Medeiros, 1424, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ
Ingressos: R$ 80 [inteira] e R$ 40 [meia-entrada] – www.tudus.com.br
Informações – 21 3799-2500

São Paulo

Quando: terça, 5 de dezembro, às 21h
Onde: Casa Natura Musical R. Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo-SP [próximo às estações Faria Lima e Fradique-Coutinho do Metrô]
Ingressos – primeiro lote: R$ 60 [inteira] e R$ 30 [meia-entrada]; segundo lote: R$ 80 [inteira] e R$ 40 [meia-entrada] – www.eventim.com.br/casanaturamusical – Informações – www.casanaturamusical.com.br

Ribeirão Preto

Quando: quarta, 6 de dezembro, às 20h30
Onde: Sesc Ribeirão Preto – R. Tibiriçá, 50, Centro, Ribeirão Preto-SP
Ingressos – R$ 17 [inteira], R$ 8,50 [meia-entrada] e R$ 5 [credencial plena] –  www.sescsp.org.br e nas bilheterias da rede Sesc SP.
Informações – 16 3977-4477

Shows Internacionais no 2º semestre de 2017

2 de dezembro - São Paulo
2 de dezembro - São Paulo
Créditos: Divulgação

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