O que a ancestralidade tem a nos dizer em nossa vivência atual? A questão é ponto de partida de “Quem Dirá”, primeiro álbum da multiartista Quel que chega às plataformas digitais.
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Com participações de Laila Garin, Maíra Freitas, Jonathan Ferr e Coral Canta Piá, o trabalho combina a voz da jovem cantora com referências ancestrais e atuais de brasilidade, buscando arranjos percussivos, mesmo para os instrumentos harmônicos. Composto por sete faixas autorais, conta com quatro produtores musicais: a pianista Maíra Freitas, idealizadora do projeto “Jazz das Minas”; o percussionista Guilherme Kastrup, produtor de “A mulher do fim do mundo”, de Elza Soares; o multi-instrumentista Beto Lemos, diretor musical da companhia Barca dos Corações Partidos, e Érica de Paula, que além da parceria na produção musical em todas as faixas, faz a direção musical do álbum marcado pela pluralidade estilística dos arranjos.
– Gravar meu primeiro álbum é um sonho que tenho há bastante tempo. Em 2020, com o lançamento dos meus primeiros singles, “Cor do Meu Batom” e “Os Pelo da Cara”, esse desejo começou a tomar forma e, junto com a Érica de Paula, comecei a idealizar como essa obra seria. A gente começou a gravar um ano depois, em 2021, com o Kastrup, e seguimos com as gravações até maio deste ano. Em relação à composição das músicas, escrevi a primeira, “Mensagem”, em 2019 e fui escrevendo as outras ao longo do processo – recorda Quel.
Ela revela que sente no momento uma mistura de ansiedade e alívio com o lançamento do primeiro álbum.
– Tentei englobar a pluralidade de estilos musicais que gosto e temas importantes para mim. É um alívio botar tudo isso no mundo, mas também existe o nervosismo na expectativa de saber como esse trabalho, que é tão importante para mim, vai chegar às pessoas – conta.
Arte transformadora
A multiartista enxerga a música como uma ferramenta de transformação social e tem como referências os trabalhos de nomes como Luedji Luna e Xênia França. Já Elza Soares é uma grande inspiração, principalmente os álbuns “A Mulher do Fim do Mundo” e “Deus É Mulher”.
– Eu acredito que a arte tem o poder de fazer com que as pessoas sintam e consigam transformar a si e ao seu redor a partir desse sentimento. Então, para mim, compor e cantar só fazem sentido se eu tiver algo a dizer e se esse algo tocar alguém. Se uma pessoa se sentir contemplada pela minha arte, consegui cumprir meu propósito. Porque, de pessoa em pessoa, se transforma o mundo – reflete.
Música e teatro
Cantora, compositora e atriz, Quel explora a pluralidade também nas múltiplas possibilidades de fazer a arte. O início da caminhada se deu pela música, aos 13 anos, fazendo aulas de violão e depois, de canto. A partir dali, fez sua estreia como vocalista no grupo “DC3”, formado só por meninas, onde ficou por três anos até criar outra banda, “Ubatuque”, com os amigos de escola Theo Bial, Pedro Mansur e OgrowBeats. As parcerias com Theo e Ogrow permanecem até hoje.
Depois da “Ubatuque”, ela começou a investigar o universo do teatro musical com a companhia “Cine em Canto” (da qual segue participando), com a qual fez os espetáculos “Clássicos do Cinema Infantil” e “Meu Caro Barão”. Na mesma época, entrou na universidade e ingressou como vocalista da Bateria da PUC, com a qual cantou no bloco Filhos da PUC de 2016 a 2022. Em 2019, apresentou-se em todos os dias do festival Rock in Rio com o grupo argentino Fuerza Bruta. No ano seguinte, começou a expor suas composições com os singles “Cor do Meu Batom” e “Os Pelo da Cara”.
Em 2021, teve a oportunidade de explorar suas diferentes facetas no teatro com o musical “Zaquim”, no qual participou como elenco, compositora e instrumentista. Com a peça, venceu o Prêmio CBTIJ na categoria “Música Original” e foi indicada na categoria “Coletivo de Atores e Atrizes”. Já em 2022, deu sequência ao trabalho musical solo com o lançamento do single “Tu Não Me Tira”.
– Hoje, com o álbum, eu tento juntar cada pedaço de mim que desabrochou nesses trabalhos para compartilhar a pluralidade de fontes que me constituem como artista – destaca.