Lady Gaga se joga em mosh no público. Beyoncé faz ensaio de fotos para que o mundo saiba da gravidez de gêmeos. Já a nossa diva da música brasileira, a paulistana Maria do Céu Whitaker Poças mostra sua malemolência de forma mais discreta, porém muito bem-sucedida.

Atração do festival Lollapalooza Brasil que rola em São Paulo nos dias 25 e 26 de março, a cantora e compositora de 36 anos teve o ano de 2016 memorável. Com o último álbum “Tropix”, Céu misturou a sua introspecção com beats eletrônicos dançantes e foi eleita a artista do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA,  ganhou dois Grammys Latino e foi a grande vencedora do Prêmio Multishow desbancando cantores de grande apelo popular como Luan Santana e Anitta.

Em um papo exclusivo com o Virgula, Céu fala sobre a influência da família em sua música, moda, engajamento, vida simples,  boa fase e o Lollapalooza. Confira abaixo:

 

Qual a sua expectativa para o Lollapalooza?

Vamos apresentar o show do meu último álbum que mostra um apanhado de músicas da carreira, mas na vibe do “Tropix”. Está tudo muito quentinho e dançante. Estou feliz pelo convite.

Além da sua apresentação, você consegue aproveitar os festivais?

Eu costumo curtir sim, apesar de ser bem corrido. No Lolla, eu quero arrumar uma brechinha para ver Duran Duran, especialmente.

No álbum “Tropix” você mostra um trabalho dançante e ao mesmo tempo introspectivo. A sua relação com a moda é também uma forma de mostrar sua personalidade de certa timidez sem deixar de ser vibrante?

Pois é. Acho que sim, a moda tem um pouco deste papel comigo (risos). O figurino ajuda a contar a história que eu quero contar para o público. Eu entendi que a roupa ajuda na performance e na mensagem do som. A moda é uma aliada. Eu sou uma pessoa mais na minha, mas ao mesmo tempo eu fico super à vontade no palco.

No palco, nas redes sociais e nas entrevistas você sempre se manifesta sobre o cenário político, mas não necessariamente nas letras. Você prefere separar a cidadã atuante das composições?

Nem sempre. Há algumas músicas minhas que passeiam neste universo. Rapsódia Brasilis é a primeira música do show e fala do lance “Casa Grande & Senzala”, por exemplo. A relação entre babás e mães. Sempre pontuei essas questões sociais e políticas, mas não é uma bandeira artística. Nada impede que um dia eu faça um trabalho totalmente dedicado ao lado mais político. Quem sabe? Não é tanto meu perfil como compositora, mas eu sempre falo nos shows, como uma mãe preocupada com o futuro, nas entrevistas. Há muitas formas de colaborar para que os rumos sejam melhores.

Falando em maternidade, como a sua família inspira e contribui em suas músicas?

Eu nem saberia separar uma coisa da outra, viu? Nasci em uma família linda de artistas. Minha mãe e meu pai se conheceram numa loja de discos. Meu irmão é um músicão, minha vó tocava piano. Minha família se comunica por música e gostamos de contagiar (risos). Já fiz música inspirada nos meus avós, na minha filha Rosa Morena…

Sua filha já canta Balão Mágico? (O pai de Céu, maestro Edgar Poças, compôs grande parte do repertório do grupo infantil)

Sim. Ela já canta várias do Balão. Ela adora cantar e é super musical. Ela é muito pequenininha pra gente saber se será uma artista, mas que ela é muito musical, isso ela é.

A sua mãe  (a artista plástica Carolina Whitaker ) inspirou a música ‘Carolina Carol Bela'” do Jorge Ben Jor e Toquinho. Muitas pessoas já devem ter inspirado a compositora Céu, mas você gostaria de ser a musa inspiradora de algum compositor (a) brasileiro (a)?

Caramba! (risos). Na música brasileira temos um monte de compositores (as) incríveis que eu amaria muito ter uma música dedicada. Ultimamente eu estou ainda mais devota do Gilberto Gil e furando o disco “Refavela” de tanto ouvir, especialmente. Já imaginou uma música do Gil feita para mim? Que luxo!

Na edição 2017 do projeto Nivea Viva, o homenageado será Jorge Ben Jor  e terá a sua participação junto do Skank. Qual a sua relação musical com Jorge Ben?

Ah, ele é um ídolo. Sou totalmente devota do balanço e a maneira dele compor. Eu fui criada em um ambiente mais tradicional de música brasileira com bossa nova e sons eruditos, mas eu tenho uma lembrança viva de muitos trabalhos do Jorge Ben com aquele violão suingado que junta África, Brasil, cordas, arranjos de metais. Essa mistura me deixa embasbacada até hoje.

Céu em fotos

Céu se uniu à loja FARM e assina a linha Velvet Cajú inspirada em artistas como Jacob do Bandolim, Mestre Vieira, Luiz Melodia e Chiquinha Gonzaga.
Créditos: Divulgação

Você sente alguma diferença entre crítica e público com relação ao seu trabalho principalmente quando comparada com compositoras e intérpretes de pop e sertanejo?

Engraçado, rolou esse debate no Prêmio Multishow 2016. Foi curioso porque naquela edição teve um júri selecionado e um júri popular e aí algumas pessoas disseram que há um hiato grande entre esse universo de cantoras e compositoras mulheres no Brasil. Como se tivesse uma divisão entre artistas populares e mainstream, sabe? Eu respeito profundamente o trabalho delas todas, Anitta, Maiara e Maraisa. Claro, se as diferentes artistas brasileiras se juntassem mais, todo mundo iria ganhar com isso. Afinal, nossa profissão é tão difícil e instável, né? Eu acho muito legal a ideia de juntar esses dois universos.

No começo de carreira, você declarou que ‘ser diva é chato e que legal é fazer música e estar perto das pessoas’. Você ainda pensa assim ou algo mudou?

Bem legal essa pergunta. Eu aprendi e hoje eu sei que dá para conciliar as coisas numa boa. Com o tempo,  você consegue ser querida e admirada pelas pessoas pela sua postura, pelo seu trabalho e ainda assim permanecer do seu jeito, pé no chão, sabe? No início, esse papo de diva me assustava. Essa coisa de ser alguém intocável no alto de um pedestal não sei de onde (risos). Hoje eu aprendi que não é bem assim. O que a gente precisa é tomar as decisões de acordo com o nosso coração e ser honesto consigo. O público sempre vai sentir a sua verdade ou não. Você continua ou vira ‘diva’ sendo você mesma e pé no chão.  Não tenho mais grilos com o termo.

SERVIÇO

Lollapalooza Brasil 2017
Datas: 25 e 26 de março
Local: Autódromo de Interlagos – Avenida Senador Teotônio Vilela, 261 – Interlagos, São Paulo (SP).
Classificação etária
Crianças com menos de 05 anos: não será permitida a entrada.
De 05 a 14 anos: Permitida a entrada acompanhado por pais ou responsáveis.
A partir de 15 anos: Permitida a entrada desacompanhados.
Acesso para deficientes
Vendas: https://www.lollapaloozabr.com/tickets/
Site oficial: www.lollapaloozabr.com

Line-up Lollapalooza 2017

Confira dia, palco e horário de apresentação das atrações do Lollapalooza 2017
Créditos: Divulgação

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'Você se torna diva sendo você mesma e com pé no chão', diz Céu, atração do Lollapalooza

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