Algumas canções do CD ainda inédito de Robbie Williams, “Escapology”, estão aparecendo em sites que fazem a partilha gratuita de arquivos musicais, dias antes do disco aparecer nas lojas.
Mas há um porém — muitas das faixas, que a Reuters ouviu nos sites de troca de música Morpheus MusicCity e Kazaa, parecem ser apenas iscas.
Em alguns casos, as canções tocam por 30 segundos e depois viram silêncio. Em outros, o arquivo é “tocado”, mas não sai som algum.
A prática de inundar as redes de troca gratuita de arquivos com faixas falsas vem tornando-se uma das armas padronizadas das grandes gravadoras em sua luta contra a pirataria musical on line, fenômeno ao qual elas atribuem a queda dramática nas vendas de CDs.
Uma porta-voz do selo EMI, de Robbie Williams, negou-se a comentar o assunto. O lançamento internacional de “Escapology” foi marcado para esta segunda-feira.
A EMI, que apostou alto no cantor britânico, tendo assinado com ele no mês passado um contrato no valor de 126 milhões de dólares, não pode se dar ao luxo de arriscar que suas canções sejam pirateadas.
Desde 25 de outubro, os fãs puderam ir ao web site do músico para ouvir algumas faixas de “Escapology”. Isso pode explicar por que algumas canções, como o single “Feel”, aparecem inteiras nas redes não oficiais, mas não explica o aparecimento de canções parciais, dizem especialistas em tecnologia.
SEM EXPLICAÇÕES
De acordo com um estudo da firma britânica Informa Media Group, as vendas mundiais de CDs devem continuar a cair até 2005, devido em parte à pirataria on line que corre solta.
As gravadoras vêm adotando uma postura ofensiva para tentar frear essa queda, buscando meios de combater a crescente mania dos consumidores de fazer downloads gratuitos de canções na Internet e gravar seus próprios CDs.
As gravadoras não comentam publicamente se estão ou não inundando sites na Internet com músicas falsas.
Mas fontes do setor afirmam que isso vem acontecendo há um ano, com faixas “iscas” de artistas como Eminem e Carlos Santana aparecendo nos últimos meses em redes ditas “peer-to-peer”, como Kazaa e Morpheus.
UMA EM CADA TRÊS É ISCA
Wayne Rosso, presidente do serviço de partilha de arquivos Grokster, diz que se estima que até um terço das faixas de música encontradas nos serviços como o dele sejam iscas vazias.
“Todas elas (as grandes gravadoras) contratam empresas de fora para lançar iscas nas redes peer-to-peer”, disse Rosso.
E não são apenas as gravadoras. Marc Morgenstern, executivo-chefe da empresa Overpeer, disse à Reuters na sexta-feira que tem contratos com empresas de cinema, de softwares, videogames e música para distribuir arquivos falsos na Internet.
Ele disse que a cada mês, usuários da Internet sem querer descarregam ou tentam pegar centenas de milhões de arquivos-iscas que se fazem passar por videogames, canções ou filmes, todos originados da Overpeer.
Devido à natureza da troca de canções, uma isca pode se espalhar rapidamente pela Internet, chegando a vários sites de troca de arquivos em questão de horas.