“O cover é uma carapuça fácil; você não mostra nada seu.” Com personalidade forte, desde a época que se apresentava nas noites jazzísticas paulistanas, Ana Cañas sempre priorizou ser ela mesma.

Mesmo quando interpretava músicas de outros compositores, como Caetano Veloso, não deixou de dar sua cara à canção. E o encontro com o jazz de Ella Fitzgerald foi o pontapé inicial para reinventar o cenário musical dos bares da cidade.

“Vim do teatro, não tinha uma história na música, mas comecei a cantar por causa do jazz. Descobri Ella Fitzgerald em um trabalho de pesquisa e fiquei impressionada com a linguagem dessa música. Assim, tentei trazer minha influência para as noites paulistanas”, contou Ana em entrevista ao Virgula Música.

Com vontade de inovar sempre, Ana conquistou o público e o interesse das gravadoras. Contudo, ela garante que seu CD de estréia, Amor e Caos, sairia mesmo sem uma grande “major” por trás. “Hoje, gravar um CD é mais fácil, você não precisa ter uma grande gravadora. Eu banquei metade do meu disco para que ele saíssse. Quando já estava quase finalizado, recebi o convite da Sony”, explica.

Impressões

Ana explica que Amor e Caos foi o resumo de sua procura por uma linguagem própria, singular.

Essa identificação com seu ‘eu’ começou com a canção Devolve, Moço, que em em menos de dois meses, estourou em sua página do MySpace: “Nesta música coloquei minha impressão do ‘eu lírico feminino’ e o coloquialismo português. Foi a primeira canção que postei no MySpace e logo as pessoas começaram a gostar me escrever sobre”.

Esta busca por algo autoral teve suas influências também. Ana cita Marisa Monte e Elis Regina – “sou ‘elilófola'”, brinca e continua: “Minha relação com Marisa Monte é diferente. Ela já está aí há 20 anos, é intérprete e compositora. Além de sempre ter dado preferência à sua música e não à vida pessoal”, comenta Ana.

A cantora ri quando comparada à inglesa Amy Winehouse, que também tem essa linhagem musical baseada no jazz. E o mais engraçado é que as semelhanças não param por aí. Ela revela: “Eu acho que Amy tem um talento enorme. Mas o que é bizarro são nossas semelhanças: fazemos aniversário no mesmo dia (14/09), seu sobrenome significa casa do vinho e o meu, cachaça (rs)”.

No final das contas, parecida com Amy ou não, gostando de Elis ou Marisa, Ana não deixa de ser Cañas e, traçando seu próprio caminho, avisa: ” A música é feita de batalha. Sou cantora e compositora, quero fazer uma carreira longa. Não sou celebridade”.

+Confira ‘Amor e Caos’, álbum de estréia de Ana Cañas


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Carregada de jazz e personalidade, Ana Cañas fala sobre seu trabalho ao Virgula Música

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