A carreira de Tulipa Ruiz foi meteórica. Após fazer o primeiro show solo pra valer no final de 2008, a cantora foi colecionando elogios da crítica, aumentando exponencialmente o público cativo e ganhou, assim, a oportunidade de gravar o disco de estreia pela talvez mais importante gravadora da nova geração da MPB. E, mesmo diante de tamanha expectativa, não decepcionou.
Efêmera saiu no final de maio e rapidamente conquistou a crítica, que rasgou elogios desenfreados ao álbum. De fato, o disco é o melhor lançamento do ano até o momento, com suas canções sutis e poeticamente diretas, cheias de arranjos simples e melodias doces e circulares embaladas pela voz única de Tulipa. Uma releitura do melhor do tropicalismo com um olhar no futuro.
No entanto, Efêmera é tão bom que parece ter criado uma cilada para a cantora: ao tentar reproduzir os arranjos minimalistas no palco, Tulipa e sua banda eventualmente deixam lacunas a serem preenchidas. Foi o caso do show desta quarta-feira no Estúdio Emme em São Paulo, que recebeu um bom público em pleno meio de semana. Mesmo com o reforço do melhor amigo Dudu Tsuda no teclado, o que é lirismo em estúdio, como na canção que dá nome ao álbum e abre o show, acaba virando ponto de fuga ao vivo.
A apresentação demora um pouco, mas engrena com Às Vezes, o auto-declarado hit do show, uma dessas canções deliciosas capazes de ficarem tatuadas no subconsciente por dias. Daí pra frente os momentos mais grandiosos em disco – como a quase psicodélica Brocal Dourado, a intensa declaração de amor Só Sei Dançar Com Você e A Ordem das Árvores – se destacam, mas é uma pena que baladas como Do Amor, Sushi e Efêmera percam o brilho.
No final, a sensação que permanece é de que faltou algo. Quando vai direto ao ponto e aproveita toda sua simpatia nos arranjos crus a cantora arrebata a platéia, mas parece faltar a ela pensar melhor nos shows como um elemento único, não um espelho do disco. Tulipa é a maior promessa da nova MPB nos últimos anos. Com poucos ajustes, vai se tornando cada vez mais uma realidade.