R.I.P. Jair Rodrigues: Veja fotos da gravação do DVD 'Samba Mesmo'


Créditos: Divulgação

Se tivesse nascido nos Estados Unidos, talvez Jair Rodrigues, que morreu, nesta quinta-feira (08), teria sido reconhecido como uma das maiores vozes da música negra mundial. Não que ele não tenha se esforçado para agradar a gregos e baianos: “Eu sendo brasileiro, claro que eu faço mais a música de meu país, mas se amanhã precisar cantar em inglês, eu canto, em francês, em espanhol, em italiano, até japonês, eu mando alguma coisa”, afirmou em entrevista ao Virgula Música.

O motivo da conversa, no dia 12 de março, foi o álbum recém-lançado, Samba Mesmo, disco duplo, com 26 canções nunca antes gravadas por ele. O trabalho é produzido por seu filho, Jair Oliveira.

Sempre muito engraçado e simpático, Jairzão brincou na entrevista que fazia show “para meninhas de 18, de 1918 e show para garotinha de 6, 7, criança”. “Tudo isso eu devo a esse meu ecletismo. Porque eu acho que o artista, quem canta, tem que cantar de tudo, fazer todas as vertentes da música, não importa de que país seja”, afirmou.

Diante da pergunta de que dica daria para um iniciante, alguém que aspirasse ser um Jair Rodrigues, ele foi honesto: “Primeiramente, eu gostaria que eles tivessem recebido lá de cima, do alto, esse dom da música. Porque não adianta nada, você pode cantar, você pode tocar, você aprende a tocar violão, você aprende a tocar uma bateria, mas cantar, o seguir em frente mesmo, é preciso que Deus te dê esse dom e que você siga em frente sem machucar ninguém, sem passar por cima de ninguém, sem ser besta, sem ser idiota, com carinho, com satisfação, perseverança, você chega lá”, afrmou.

Sobre rap, funk, e música atual, ele disse que o ritmo era bom, mas deu uma alfinetada nas letras: “São umas músicas sem letras, de repente com uma palavra só, eles ficam fazendo duas horas de show. O ritmo é bom. Se a moçada se diverte, então, esse país e tão bacana, tão grande, imenso, que tem lugar para todo mundo. Então, só não gosta da forma da letra, que é sem pé, nem cabeça, mas com o ritmo e a rapaziada se divertindo, eu também me divirto”, ponderou.

“Uma coisa boa na minha carreira é que eu fui crooner por muitos anos, comecei em 1957, parei com a noite em 1967, quando eu já tinha um ou dois sucessos, e dei continuidade na minha carreira. Tudo isso valeu e está valendo a pena porque dentro do meu repertório não tem só samba, tem sertanejo, bolero, samba-canção, tango, valsa, seresta. Tem de tudo, né, nego?”, completou.

Jair encerrou a conversa fazendo uma espécie de balanço. “Graças a Deus eu cheguei e estou aqui porque a gente fez tudo isso de bom que a carreira exige e também eu sou assim”, constatou, antes de alertar: “Às vezes, eu fico vendo alguém falar assim, poxa, vida, eu vou jogar bola porque jogador de futebol fica rico, tem muitas mulheres, cantor também. Ah, eu acho que eu cantar porque assim enche de mulher do meu lado. Eu digo, vocês estão bestando, se vocês tivessem o dom de cantar vocês não iam dizer isso. Muda de profissão, que você não nasceu para isso, não”.

Fato. Não é todia dia que nasce um Jair Rodrigues.


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Cantar é para quem tem o dom, disse Jair Rodrigues, em entrevista recente ao Virgula