A ribeirão-pretana Camila Garófalo acaba de lançar seu primeiro clipe, Sobras. Gravada por Dustan Gallas (de Cidadão Instigado, Céu), Bruno Buarque (Lucas Santtanna, Karina Buhr) e Thiago França (Metá Metá), a faixa é também o single de Sombras e Sobras, álbum da cantora e compositora previsto para o segundo semestre.
Conheça Camila Garófalo
Dirigido por Carol Cherunibi, o vídeo retrata a fragmentação de imagens como modo de questionar os padrões impostos aos corpos, entre outras questões.
Veja o clipe
Em entrevista ao Virgula Música, Camila diz que faz uma música múltipla, que escapa de rotulações, e defende que a tática punk do “faça você mesmo” se aplica à atual geração.
De que maneira sua origem em Ribeirão Preto influencia sua música e você como pessoa?
Justamente pelo fato de ter nascido em Ribeirão Preto e crescer em meio a rodas de viola com a família é que acabei me aproximando do sertanejo, por exemplo. A música de raiz sempre esteve presente e por muito tempo foi minha maior referência musical porque era a única.
Somente quando me mudei para São Paulo, aos 17 anos, para fazer faculdade é que acabei me aproximando de outras vertentes como o jazz, o blues até cair no rock. É super-recente minhas maiores influências musicais, ao passo que a música caipira se tornou apenas uma saudade de casa.
Sente-se parte de uma cena, que outros nomes gosta e indica?
Sinto-me parte da cena em que eu mesma tenho de preparar o cenário. Existem muitos outros artistas que fazem parte desse movimento. Um dia o Rafael Castro, que é um dos integrantes da banda, me disse que música tinha a ver com qualquer outra coisa que não fosse música. A música é só um detalhe.
O buraco é muito mais embaixo e por essa razão não me arrependo de ter me formado em publicidade e trabalhado com jornalismo. Nomes como Thiago Pethit e o próprio Rafael Castro são exemplos verdadeiros que fazem parte deste cenário independente.
Vê algo no ar, algo que defina a atual geração?
Provavelmente é a do “faça você mesmo”. Eu ainda não tenho assessora de imprensa e nem produtora. Componho, escolho os músicos para arranjar, sou responsável por todo o processo de produção de CD (desde a gravação até os processos gráficos), escrevo meus releases, registro minhas canções e mantenho contato com diversos jornalistas. Esse é o único caminho que conheço: saber o que dizer e como dizer.
Quem são seus heróis musicais?
Gosto daqueles que de alguma maneira saíram do óbvio ou, no caso, da vertente clássica dos estilos musicais pré-definidos. Gosto do Jim Morrison porque antes de fazer rock ele queria fazer poesia. Gosto da Björk porque antes de fazer música, ela quer fazer arte. Eu acho que a música é só um meio. O conteúdo da sua mensagem é mais importante.
Como se apresentaria para alguém que ainda não conhece sua música?
As pessoas me perguntam muito qual é o meu “estilo musical”. Eu gosto de ficar com cara de pensativa até quando sugerem: “é rock?”, “é MPB?”, “é afrobeat?”, aí gosto de responder “sim” para todas as perguntas. Mas procuro sempre deixar bem claro que não é uma coisa só.