Na última sexta-feira (15), o Virgula Música acompanhou o show da banda Calypso no CTN Centro de Tradições Nordestinas, no Limão, zona norte de São Paulo. Imã de multidões enlouquecidas, Joelma, Chimbinha e sua trupe de músicos e dançarinos estão esquentando motores para embarcar para Estocolmo, na Suécia, onde se apresentam em 29 de agosto. De lá, seguem para Barcelona, na Espanha, fazendo shows para os catalães nos dias 30 e 31.
Será a terceira vez que o Calypso aporta na Europa. Aos Estados Unidos, eles tem ido anualmente, desde 2004, geralmente entre os meses de março e maio. Ainda nesse segundo semestre, também a África receberá este que, ao mesmo tempo, é o maior e mais pop grupo musical independente do Brasil.
Ao show do CTN, o Virgula Música levou duas equipes de reportagem: uma ficou em cima do palco e bateu papo com Joelma no camarim; a outra, espremida entre as mais de sete mil pessoas presentes…
No meio da galera
A reação do público para a entrada de Joelma e Chimbinha no palco, à 1h da manhã, é ensurdecedora. Três músicas depois, uma moça desmaia e é socorrida prontamente pelos bombeiros, provavelmente por conta da mistura de calor com emoção. Assim que diminui um pouquinho a empolgação do início, começa a corrida dos garçons, que precisam levar cerveja, carne de sol e mandioca, rum, cachaça e muita batida de fruta para as mesas espalhadas pelo Centro.
Parece haver uma linha imaginária dividindo o público. Quem fica da grade do palco até a metade do espaço é o pessoal dos fãs-clubes, com camisetas da banda, faixas na cabeça e flores nas mãos. Já o pessoal do fundão quer mesmo saber de dançar. No meio do arrasta-pé, encontramos o paraibano Márcio Santos. Ele e sua turma já seguiram o Calypso pelo Maranhão, Paraíba, Fortaleza e diversas casas de show em São Paulo. A gente adora dançar, mais ainda Calypso.
Em seguida, tentamos uma entrevista com um moço que parecia muito empolgado. Assim que puxamos papo com ele, surge do nada a namorada, que sem constrangimento lança posso saber o que você está falando com o meu homem? Meia volta, volver!
Chapa quente!
Depois de meia hora atravessando do fundão para a grade, chegamos à área tensa da platéia, em frente ao palco. É onde ficam os fãs-clubes que o bicho pega. A devoção à banda chega ser comovente, mas em alguns momentos a mistura de emoção, ansiedade por estar perto do ídolo, proximidade de corpos e cerveja fazem a chapa esquentar. Quem mais sofre são as crianças, que chegam a ficar histéricas.
O contato com os fãs-clubes não é tarefa fácil. Nem um pouco posers, não dão a menor atenção à imprensa. Duas garotas, porém, se aproximam da reportagem. Elas acham que estão falando com a produção do Calypso. A explicação de que estavam falando com a equipe de reportagem é inútil: as garotas estão em êxtase. Uma delas, Rokelly, conta que é baiana e que é seu aniversário. Está comemorando seus 23 anos no dia. É o melhor dia da minha vida, tira uma foto minha, por favor?, pede chorando. Sua amiga, que não quer falar seu nome, pergunta desesperadamente como faz para entrar no fã-clube. Já tentei por telefone e no site, mas não consigo, conta. Perguntadas sobre quantos shows já assistiram, respondem com orgulho: Mais de cinqüenta!. Impressionante.
E dos bastidores…
De um cantinho na lateral do palco, assistimos a uma líder ditar o ritmo de suas duplas de dançarinos, purpurinados e de sorriso largo, acompanhada pela cantoria da multidão de Joelmas, Chimbinhas e Joelminhas que a seguem na platéia. O carisma da musa é segurado pelo marido, que ajuda a sincronizar o resto da banda discretamente, com o olhar: sem perder o pique da guitarra, em flerte constante com o merengue e o zouk, dá piscadelas para o baterista, combinando os próximos passos. É assim que uma música é tão bem amarrada na outra, fazendo o show, super coeso, parecer mixagem de mestre dos toca-discos; se o Calypso fosse um DJ, não teria sido registrada uma sambada sequer!
Onde a pirataria não tem vez
Flashes são disparados sem parar da platéia. Além de crianças, dá para ver dois bebês de colo, próximos à grade e já aprendendo o be-a-bá da Calypso-mania. No fosso, a equipe da banda comercializa CDs Calypso Acústico (R$ 5,00) e DVDs Banda Calypso ao Vivo Em Goiânia (R$ 10,00), remediando e prevenindo pirataria, ao mesmo tempo.
Encontrando Joelma
Mais de duas horas de show depois, Joelma ainda se anima a receber a equipe do Virgula Música no camarim. A adrenalina demora uma hora para baixar, sorri. Logo se mostra ansiosa para pisar em Estocolmo. Pela primeira vez, vamos levar à Europa o trecho do nosso show que tem carimbó, anuncia. Vai ser a estréia dos calypseiros em solo viking.
Paralamas do Calypso
O Calypso estará também na próxima edição do Estúdio Coca-Cola Zero, programa exibido na MTV. Depois de promover Vanessa da Mata e Chorão, Fresno e Chitãozinho & Xororó e outros encontros inusitados, o programa vai reunir a turma de Joelma e Chimbinha e os Paralamas do Sucesso.
Sobre a parceria, Joelma revelou que a produção do programa partiu do Calypso, para depois pensar na outra banda. Pensamos no Paralamas como primeira escolha, até porque o Chimbinha já gostava de tocar as músicas deles quando ainda estávamos em Belém, contou a vocalista. Como ainda não sabíamos se o Herbert [Vianna] poderia participar, pensamos até no Caetano [Veloso], que inclusive topou. Mas, no fim, acabamos fechando com o Paralamas, e a experiência foi ótima, completou.