Caetano Veloso no show 'Abraçaço' em São Paulo
Caetano Veloso deu sequência na noite de ontem, sexta-feira, a sua turnê nacional “Abraçaço” e, após se reinventar mais uma vez, conquistou o público de São Paulo em um pequeno teatro, com ingressos esgotados, onde se apresenta novamente neste sábado (5).
Com um fundo simples com imagens de uma cruz, um quadro negro, um vermelho e um círculo escuro, Caetano subiu ao palco com a banda Cê, que o acompanha nesta turnê e o aproxima das novas tendências.
“Aí São Paulo”, disse Veloso entre suspiros, quando já se aproximava o final da noite e o público não pôde conter por mais tempo o silêncio respeitoso com o qual contemplavam o cantor.
Uma hora e meia antes, o ganhador de vários prêmios Grammy abriu sua apresentação com “A bossanova é foda” de seu último disco, Abraçaço, que também dá nome a turnê.
Apenas uma canção bastou para que Caetano começasse a brincar com suas cordas vocais e percorresse por estilos e registros infinitos.
Após os primeiros devaneios entre graves e agudos, chegou o momento de “Quando o galo cantou” e os presentes cantaram em uníssono com o músico: “Deixa esse ponto brilhar no atlântico sul, Todo azul, Deixa essa cântico entrar no sol, No céu nu, Deixa o pagode romântico soar, Deixa o tempo seguir, Mas quedemos aqui, Deixa o galo cantar”.
Seguindo a tradição de suas apresentações, Caetano e os membros da banda Cê representaram a contracapa do disco, uma imitação do deus hindu Vishnu, com seus braços entrelaçados para formar um grande abraço com o qual cumprimentaram o público.
Depois vieram “Estou triste”, “O império da lei”, “Parabéns” e “Quero ser justo”, todas elas de seu último disco, além de “Um comunista”, uma homenagem ao guerrilheiro Carlos Marighella, morto em São Paulo pela ditadura militar em 1969.
Todas elas em um ir e vir de estilos, do afro ao rock pesado, passando pelo samba e pela bossa nova, sem se esquecer de seu próprio estilo despojado e sem medo diante da mistura de estilos, com a qual se identifica.
O ponto alto da noite veio com a versão da canção de Marisa Monte, “De noite na cama”, com a qual Caetano desabotoou sua camisa para recitar: “De noite na cama, Eu fico pensando, Se você me ama, E quando, Se você me ama, Eu fico pensando, De noite na cama”.
Além disso, o baiano se referiu, em várias ocasiões, a sua terra natal e não quis deixar passar a oportunidade para resgatar um dos grandes sucessos de Paulo Diniz, “Eu quero voltar pra Bahia”, que mesclando o inglês e o português se pergunta: “Cadê o meu sol dourado?
Cadê as coisas do meu país?”.
“Eu não quero estar aqui, quero voltar à Bahia”, disse Caetano, que também hoje retornou a São Paulo, a cidade na qual iniciou sua carreira e que definiu em suas letras como “um difícil começo”, mas que neste dia de outono paulistano lhe concedeu outra grande noite de ouro.