SÃO PAULO (Reuters) – Caetano Veloso e Jorge Mautner, duas “locomotivas” do tropicalismo, farão um encontro de música e filosofia no palco do Via Funchal, em São Paulo, neste sábado e domingo. Eles estarão lançando o disco “Eu não Peço Desculpas”, com composições inéditas de ambos e clássicos da MPB.
A filosofia fica por conta do alucinado Mautner, capaz de juntar em uma mesma frase o ideário de Heidegger, do cristianismo e do candomblé.
“Somos uma nação que os escravos construíram, e os escravos perdoaram seus algozes. Graças a Jesus de Nazaré”, foi uma de suas tiradas durante uma entrevista da dupla à imprensa na quarta-feira, em hotel na capital paulista.
A perplexidade fica por conta do período eleitoral. Caetano, que nos últimos oito anos apoiou abertamente o presidente Fernando Henrique Cardoso, garante não ter ainda escolhido seu candidato, há poucos dias do primeiro turno.
“Como disse o Jorge (Mautner), a França teve que escolher entre Chirac e Le Pen. Aqui o nível é mais alto”, analisou Caetano.
Os dois parecem ter combinado as respostas que dariam na entrevista. Quando questionados sobre a opção presidencial, responderam quase em uníssono: “O voto é secreto”.
Mas imediatamente caíram em contradição, fazendo questão de dizer que ambos vão votar em Benedita da Silva para o governo do Estado do Rio de Janeiro — depois da coletiva, Caetano revelou à Reuters que votará também em Leonel Brizola para o Senado.
“TOMARA QUE LULA GANHE”