O coletivo Underground Resistence, uma das atrações do Fetival Nokia Trends, que acontece amanhã no Memorial da América Latina, faz um techno “engajado” e acredita nada ser musicalmente impossível.
Mesmo sem o apoio de um vocalista para transmitir claramente sua mensagem, “Mad” Mike Banks, líder do coletivo, disse em entrevista à Folha: “Ao usar a linguagem sonora, a necessidade da tradução é eliminada. Permite ao ouvinte pintar uma imagem própria na mente, em vez de ter alguém dizendo sobre o que é aquela canção”.
Há quase 20 anos de estrada, o grupo nasceu em um dos bairros mais perigosos de Detroit e aterrisa em terras brasucas pela primeira vez amanhã, quando toca em São Paulo. Nesta apresentação, o UR virá com a formação de uma banda, com direito a saxofonista, baterista e tecladistas.
Guiado por Mike Banks, desde sua criação no final dos anos 80, o UR se tornou referência na música eletrônica, mais especificamente no techno. Gênero que, por sinal, foi criado em Detroit na metade da década de 80 por Juan Atkins, Derick May e Kevin Saunderson.
O coletivo possui uma postura engajada, promovendo iniciativas em comunidades pobres de Detroit e acreditam no potencial de libertação da música atrelado à tecnologia.
“Techno significa liberdade e possibilidade de construir um futuro. Como a tecnologia do Cotton Gin [máquinas que separam fibras de sementes do algodão], que terminou com a escravidão nos EUA. Os instrumentos minúsculos e portáteis criados pelos japoneses nos anos 70 e 80 nos libertam. Nos mostram as possibilidades mesmo de tecnologias que haviam sido descartadas”, afirma o músico.
Música
Em suas duas décadas de existência, o coletivo produziu algumas das principais peças da dance music como “High-Tech Jazz”, “Knights of the Jaguar” (do DJ Rolando que também foi integrante do coletivo) e “Nation 2 Nation”.
“A inspiração vem de vários lugares. Cito Eletrifying Mojo [como uma referência]. Tocava Kraftwerk, depois Parliament Funkadelic e em seguida B-52’s!”, recorda. “Não havia limites. Musicalmente, nada é impossível”.
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