SÃO PAULO (Reuters) – Eric Clapton o chama de “o maior guitarrista de blues de todos os tempos”. Jimi Hendrix cancelava seus próprios shows só para vê-lo tocar.

Uma legião de outros grandes guitarristas declararam-se profundamente influenciados por George “Buddy” Guy, nascido há 66 anos na Louisiana e que vem ao Brasil pela oitava vez para apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo na próxima semana.

Ao lado de B.B. King, Buddy Guy é um dos últimos grandes músicos representantes do Chicago Blues, como se convencionou chamar o som urbano e eletrificado que emergiu no final dos anos 1950 e que ele ajudou a definir.

Dono de uma voz profunda, tocando sempre em alto volume, com um estilo energético e espalhafatoso, Buddy conseguiu sobreviver às altas e baixas da popularidade do blues, tendo se estabelecido em seus mais de 40 anos de carreira como um dos mais importantes guitarristas do estilo.

Influenciado por blueseiros como John Lee Hooker, Howlin’ Wolf e Muddy Waters, Buddy Guy inovou o formato das apresentações de blues com suas performances dramáticas na guitarra e seus passeios pelo meio do público — ele chegou a usar cabos de guitarra com 30 metros, antes do advento dos sistemas sem fio.

BLUES BROTHERS Buddy Guy teve a típica infância de um negro “bluesman” nascido no Sul dos Estados Unidos. Pobre, construiu seu primeiro instrumento, uma guitarra com cordas feitas a partir de elásticos.

Praticamente autodidata, começou a tocar em bares em Baton Rouge, a 60 quilômetros de sua cidade natal, Lettsworth, na Lousiana, no começo dos anos 1950.

“Ninguém me ensinou a tocar. Não tinha ninguém para me ensinar. Meu talento, 99,5 por cento dele, é dom de Deus. De resto eu só olhei e aprendi”, costuma declarar à imprensa norte-americana em suas entrevistas.

Em 1957 ele mudou-se para Chicago, onde sua carreira começou a decolar. O seu primeiro disco solo, “Stone Crazy” (1962), chegou ao 12o. lugar nas paradas de R&B. Em 1965, ele fez uma rápida turnê pela Inglaterra, onde percebeu a força que o blues estava tomando por lá através de bandas como Rolling Stones e Yardbirds.

De volta aos EUA, Buddy sugeriu a Leonard Chess, proprietário do selo, gravar blues com influências de rock. Com a recusa, em 1967 ele mudou-se para a Vanguard Records, onde consolidou sua parceria com o gaitista Junior Wells (morto por um câncer de pulmão em 1998), com quem tocou por mais de vinte anos.

Na Vanguard, ao lado de Wells, Buddy gravou alguns de seus mais consagrados álbuns, como “A Man and the Blues” (1967), “This Is Buddy Guy” (1968), e “Hold That Plane!” (1972), alcançando popularidade principalmente entre o público branco.

Tanto que, baseados na imagem de Buddy e Wells, os comediantes Dan Akroyd e John Belushi criaram os Blues Brothers (Os Irmãos Cara-de-Pau), os músicos e trapaceiros que inicialmente eram um quadro do programa humorístico “Saturday Night Live” e depois viraram filme, em 1980.

Mas em meados da década de 1970 e início da de 1980 a carreira de Buddy Guy sofreu um declínio. A maré ruim chegou ao auge com a falência, em 1980, do Checkerboard Lounge, um clube de Chicago que Buddy havia comprado em 1972. Foi com o álbum “Stone Crazy”, de 1981, que Buddy voltou às paradas. Após uma turnê com os Rolling Stones e um grande show em Londres ao lado de Eric Clapton, Buddy assinou um contrato com o selo Silvertone, pelo qual gravou o álbum “Damn Right I’ve Got the Blues” (1991) e obteve o primeiro de seus quatro prêmios Grammy.

GUITARRA PRETA DE BOLINHAS BRANCAS

Esta é a oitava visita de Buddy Guy ao Brasil. Ele esteve no país pela primeira vez em 1985, ao lado de Junior Wells. Desta vez ele é a principal atração da segunda edição do Visa Sounds, evento cuja primeira edição trouxe os guitarristas Jeff Healey e Robert Cray, em maio.

O músico se apresenta na sexta-feira (20/09) no ATL Hall, no Rio de Janeiro, e no Credicard Hall. em São Paulo, no sábado (21/09) e no domingo (22/09).

O show é da turnê de lançamento do álbum “Sweet Tea”, considerado pela crítica especializada como o melhor disco de Buddy desde “Damn Right I’ve Got the Blues” e um dos melhores lançamentos do gênero em anos.

Ele vem acompanhado pelo guitarrista Frank Band, o baterista Jerry Bling-Bling, o baixista OrlandoWright, o tecladista Tony Z e o saxofonista Jay Moynihan.


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Buddy Guy, rei do blues de Chicago, vem ao Brasil pela 8a vez