Que o psy-trance dominou o Brasil e se tornou o gênero eletrônico mais popular do país todo mundo sabe. Agora, você sabia que o psy (abreviação de “psychedelic”) não é o único tipo de trance que existe? É verdade, existem vários outros tipos de trance e eles soam bem diferentes do psy, que se popularizou através de nomes como Astrix, Infected Mushroom e Wrecked Machines (nome, aliás, que está entre os candidatos nacionais a tocar no Skol Beats 2008).

Uma das atrações gringas do Skol Beats desse ano é justamente o holandês Armin Van Buuren, especializado em trance que não tem nada a ver com o psy.

Convidamos um dos maiores especialistas de trance do Brasil para falar um pouco sobre esses outros tipos de trance. O DJ Fábio Stein, italiano radicado no Brasil, faz parte do núcleo Energy BR, o maior coletivo de trance da América do Sul. Suas produções são tocadas por top DJs europeus como Judge Jules e Paul Van Dyk. Stein também já tocou bastante no exterior, de clubes de Ibiza ao festival Dance Valley, na Holanda. Ele também organiza a festa State of Trance, em São Paulo. Enfim, o cara entende do assunto como poucos.

Passamos a palavra a Fábio Stein então, que começa explicando um pouco sobre a história do gênero nessa década (outro dia, vamos contar sobre a fase mais antiga do gênero, que se originou lá por 91/92!) e depois fala sobre os quatro tipos de trance mais importantes além do psy.

FÁBIO STEIN

“Desde 2000, rolou o boom do trance “made in Holland”, graças aos produtores que hoje ganham de 70 a 200 mil dólares de de cachê. Foi nessa época que o trance se popularizou geral. Alguns projetos, mesmo agradando grandes massas, tinham sua essência underground, diferente de outros que “pegaram carona” na popularidade do trance, através de faixas puramente comerciais (Lasgo, ATB, Ian Van Dahl, DJ Sammy, etc…).

Tirando esse lado comercial, o trance teve nomes com mais ibope (Tiësto, Armin van Buuren, Paul van Dyk, Ferry Corsten, Rank 1, Johan Gielen), que eram os medalhões dos mega-eventos que surgiram nessa época, mas também teve nomes um pouco mais alternativos (Scot Project, Mauro Picotto, M.I.K.E., Marco V, Kai Tracid, Yves Deruyter…).

UPLIFTING TRANCE

Som mais acelerado (a 140 bpm), com riffs efervescentes, paradas longas e melodias explosivas e épicas.

Os nomes atuais mais fortes fazendo uplifting são Sean Tyas (EUA/Suîça), John O’Callaghan (EUA), Aly & Fila (Egito) e Filo & Peri (EUA). Apesar da maioria desses nomes serem americanos, quem mais faz uplifting são os britânicos.

TECH TRANCE

Essa vertente começou a fazer barulho em 2002/2003, graças a nomes como Mauro Picotto (Itália), Marco V (Holanda), Marcel Woods (Holanda), Fred Baker (Holanda), Randy Katana (Holanda) e Scott Mac (Reino Unido). No seu início, o tech-trance tinha o groove mais pesado e “quadrado” (no bom sentido) do techno.

Com o tempo, o tech-trance foi influênciado por centenas de outras vertentes: minimal e progressive e especialmente o electro. O BPM foi caindo e os elementos passaram a ser imprevisíveis, graças a nomes como o Sander Van Doorn (Holanda), que praticamente rompeu os limites entre techno, trance, house, minimal, progressive e electro! Outros nomes importantes do tech-trance são Richard Durand (Holanda) e Mark Sherry (Reino Unido).

ROGRESSIVE TRANCE

Outra sub-vertente do trance que hoje tem muita força, também pela versatilidade, é o progressive trance (que não tem nada a ver com o prog-psy, só pra ser claro). A forma mais símples de definir o prog trance é imaginar a mistura entre a batida e levada arrastadas e atmosféricas do progressive house, com as melodias, synths hipnóticos e viajeira do trance (ficando entre 128 a 134 bpm). Porém, é bom lembrar que não existe uma divisão nítida entre o progressive house e o progressive trance.

Nomes importantes do prog trance: Menno De Jong (Holanda), Markus Schulz (Alemanha), ambos entre a pré-seleção de gringos para o Skol Beats 2008, Andy Moor (Reino Unido), Jerome Isma-Ae (Alemanha), Martin Roth (Alemanha) e Gabriel & Dresden (EUA).

HARD TRANCE

Uma das sub-vertentes mais tradicionais e importantes é o hard trance. Influênciado pelos sons gabba/hardcore (eletrônico bem nervoso e intenso), o hard trance, especialmente o alemão, tem essa característica de utilizar timbres fortes, pesados e distorcidos, ficando entre 140-145 bpm.

Nomes importantes do hard trance incluem Scot Project, Dumonde, Kai Tracid, A.S.Y.S., Cosmic Gate, Bas & Ram (todos alemães), mas todos esses produtores ou sumiram ou migraram para outras vertentes. O único que conheço que está fazendo hard trance interessante, atualmente, é o Dr. Willis (Austrália)”.

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